quinta-feira, dezembro 12, 2002
Holy Hand Grenade
Meu corpo é meio esquisito, sabe.
Quando eu durmo de dois em dois dias, vivo de barras de cereal ou ervilhas cozidas, engulo tudo que tenho direito junto com água da torneira, bebo mais cerveja do que um velho de bar, fumo uma carteira e meia de luckies por dia, funciona tudo que é uma maravilha, uma belezura, funções vitais exemplares, tudo de vento em popa.
Agora, quando eu me comporto, lembro como cheguei em casa, maneiro com as dogras, durmo todos os dias (sério! todos os dias! mal, mal pra caralho, tossing and turning por todos os lados, mas todos os dias), não compro cigarro há um mês e compro iogurte e comidas e tem até pão em casa, o que acontece? pifa. Nada funciona, tudo dói, eu só tusso como um mendigo velho, minha barriga está parecendo a do Homer, meu cabelo está uma merda -- isso não tem nada a ver, mas é que eu odiei tão profundamente esta merda que fiz no chuveiro com uma gilete cega que ando pensando até em comprar uma peruca. Mas não adianta, nem peruca adianta, nada vai ser tão legal quanto meu descabelo era, aquele meio-a-meio, aquele rosavermelho, chuife, eu quero o meu cabelo. Quero meus cachinhos no olho. Vou usar uma gaveta na cabeça até crescer de novo. Ou talvez eu deva apenas ir ao cabelereiro. Mas é que eu acho um absurdo esse negócio de gastar com o cabelo. O lance é pintar na pia e cortar no banho. Em quase dois anos, só fiz uma grande cagada, esta que repousa sobre minha cabeça. Auto-cabelereiro is the way.
Enfim.
Meu corpo não está acostumado com essa mamata. Assim que conseguir me mexer de novo, paro de comer essas coisas saudáveis, compro cigarro, encho a cara e volto aos excessos. Aposto como ele vai funcionar direitinho de novo. Até meu cabelo vai crescer mais rápido.
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Esquece. Esquece tudo. Agora tudo faz sentido. Vou ali comer uma maçã e já volto, reclamando do Natal. Já está na hora de reclamar do Natal. Tipo isso.
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Mas antes, uma traduçãozinha do Billy Childish, aquele. Sabe? Pois devia.
the billy childish
eu sou billy childish
ex-bêbado
e punheteiro compulsivo
vomitador madrugueiro de bebida boa
beijador de mulheres de lábios roxos
escritor de poemas celebrando
o vazio do meu amor
poemas famintos pelo momento
da minha paixão
desejando que sempre fosse assim
para que meu pau não caísse
eu sou billy childish
ex-homem forte
e amantezinho barato
nomeador madrugueiro de nomes
corruptor dos literatos
escritor de poemas que ousam
que sonham
os séculos
e tocar os corações dos que
ainda irão nascer
desejando segurá-los
em meus braços
e beijá-los todos
eu sou billy childish
ex-poeta
e suicida fracassado
vomitador madrugueiro de verdades e mentiras
beijador dos rabos de garotas
como as estrelas de deus
escritor de poemas para lamber
as coxas dos mortos
para as ex-amantes denunciarem
e as professoras odiarem
desejando pintar minha vida
e nunca deixar que minha
voz se cale
.
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the billy childish
i am billy childish
ex drunk
and compulsive masturbator
late nite vomiter of good liquor
kisser of purple lipped women
riter of poems celebrating the
emptiness of my love
poems hungering for the moment
of my passion
wishing it could always be so
to never let my cock fall
i am billy childish
ex strongman
and 2-bit lover
late nite namer of names
corrupter of the literate
riter of poems that dare
to dream to pass down
the centurys
and touch the harts of the
the yet-to-be-born
wishing to hold them
to my arms
and kiss them all
i am billy childish
ex-poet
and failed suicide
late nite vomiter of truth and lies
kisser of the arses of girls
like the stars of god
riter of poems to lick
the thighs of the dead
for ex-lovers to denounce
and teachers to hate
wishing to paint my life
and to never let my
voice quietenfrom
.
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Tchau.
.: Clara Averbuck :. 9:16 PM
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