terça-feira, abril 22, 2003
A Nina morreu.
E agora tem a biografia dela em todos os lugares, a Diva Rebelde do Jazz, Cantora Negra, Pianista.
Não sei o que dizer.
A Nina era minha amiga. Uma das melhores. Sempre junto comigo nos piores e nos melhores momentos, sempre cantando alguma coisa como só ela sabia. Em 99, gastei dinheiro que não tinha para vê-la no meio de um bando de brancos que não faziam a menor idéia do que estavam presenciando. Eu sabia. Eu chorei. No fim do show, passou por mim nos bastidores e deu uma olhadinha. "Branquela", deve ter pensado, se é que pensou alguma coisa além de "onde está meu whisky". Mas ela era minha amiga, a Nina. Me ensinou que não tem problema desafinar um pouquinho, que essas cantoras cheias de firulas e técnica são umas chatas, que bom mesmo é cantar com todas as entranhas ao mesmo tempo. E eu fui lá e fiz.
Eu e o Pai do Beanie gravamos uma música dela, Backlash Blues, faz uns dois meses, junto com meu pai. A banda não tem nome, não tem nada, não tem nem banda além de mim e do Pai do Beanie e do solinho com slide do meu pai, mas nós temos uma música da Nina.
Ela era minha amiga, então chorei umas lagriminhas mixas ontem, porque já sabia que ela não ficaria por aqui por muito mais tempo. Nem precisava. Com tudo que ela fez, disse, gravou, chutou, bebeu e cantou, ela tinha mais que se juntar aos outros na Grande Jam Session dos Céus.
Mas Nina, eu vou sentir a sua falta.
Ainda bem que música não morre.
years they will come and go, sometimes tears will flow, some of our memories will fade, but not you, Nina.
.: Clara Averbuck :. 2:48 PM
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