sexta-feira, junho 21, 2002
O mundo está no shuffle-repeat
Dizem que eu imito o Bukowski.
Dizem que eu imito o John Fante.
Dizem que eu imito a Hilda Hilst e a Clarice Lispector.
Dizem que eu imito o Kerouac, o Burroughs e o Ginsberg.
Dizem que eu imito o Groucho Marx e o Monty Phyton.
Dizem que eu imito o Luis Fernando Verissimo e o Salinger.
Dizem que eu imito o Neil Gaiman e o Alan Moore.
Dizem que eu imito o Wilde (!) e o Barão de Itararé.
Dizem que eu imito mais um montão de gente.
Vamos esclarecer as coisas então.
Eu não imito ninguém. Quase não penso antes de escrever. As palavras voam dos meus dedos, as frases surgem prontas na minha cabeça. É quase como psicografar. Não penso, só sinto. E não tento soar como ninguém, apesar de adorar todos os citados acima.
O que acontece é que eu não faço nada de novo. Simplesmente escrevo sobre minha vida e consigo torná-la interessante de alguma forma. É isso que sei fazer e é isso que vou fazer até o dia em que eu morrer. E não há nada de novo nisso. Nada. NADA. Não há nada de novo a ser feito no mundo, tudo já foi feito. Meu estilo já existiu. O estilo do Verissimo já existiu. Tudo se repete o tempo todo. Não há nada de novo. Ouçam Strokes e BRMC e White Stripes e Yeah Yeah Yeahs. Não há nada de novo, mas NÃO IMPORTA. O que me interessa, e o que quero que interesse para meus leitores, é autenticidade, é fazer as coisas com as entranhas e o coração. É ser bom, não ser revolucionário. Não tenho nenhuma pretensão de ser nada, só quero escrever em paz. Escrever é a única coisa que importa na minha vida. Mais do que comer, mais do que casa ou sexo ou roupas ou qualquer coisa. E o que menos importa nisso tudo é inovar. Não existe nada novo. E quem acreditar que há está se enganando bem bonito.
.: Clara Averbuck :. 7:45 PM
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