quinta-feira, junho 13, 2002
Já que eu não posso te levar
Estou na casa do meu date. Ele me pagou uma super janta e estou bebendo vinho e usando o computador dele e comendo chocolates. Se eu quisesse, poderia dançar como o Iggy Pop no meio da sala, porque ele me deu este lindo dia de presente, "dia de princesa", como ele mesmo fala. Gente fina, sabe. Como eu disse, sem essa coisa de troca de fluidos. Ou alguém estava achando que *eu* era o presente? Eu não. Cansei de ficar me dando de presente, sempre me devolvem e querem trocar depois de usar e tirar a etiqueta. Não aceitamos devoluções.
Ele tem um cd do Lobão que eu não ouvia desde 1856.
Vida louca vida-a
Vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me le-eve
Vida louca vida-a
Vida imensa
Ninguém vai nos perdoar
Nosso crime não compensa
Pois é.
Me leva.
Me leva pra qualquer lugar, de qualquer jeito.
Me leva.
Me leva embora, me leva pra longe. Me deixa aqui.
Me leva para um hotel, pra Nova York, pra Campinas. Pra Barão Geraldo, só pra eu querer morrer mais um pouco.
Me chuta a bunda e me manda de volta para casa.
Me leva pra casa, me arrasta pelos cabelos até a porta, toca a campainha e deixa que a minha mãe me leva pra dentro.
Me manda não beber mais vinho, nem no dia dos namorados.
I think Melanie is great, but I miss you.
Eu sei que só é tão bom porque foi curto. Mas tinha mesmo que ser tão curto? Eu sei que tinha que durar pouco, senão desbotaria e daria tudo errado. Mas podia durar um pouquinho mais. Só até a gente acordar junto mais umas vezes, até eu entregar os presentes.
Mas já ficou uma merda. Já começou a ser bundão e sensível. We´re not playing a game anymore, you don´t have to be so defensive. Que grande vontade de mandar se foder, de gritar SHOVE IT tão alto, mas tão alto, que todas as luzes se apagariam e eu explodiria e sumiria para sempre. Amor dá tanta raiva. Sim, raiva. Estou com tanta raiva que poderia mastigar este copo de vinho e engolir os cacos sem derramar uma gota de sangue. Tudo isso enquanto escuto a sua banda boa pra caralho, o que me deixa com mais raiva ainda. Vai ser bom assim no inferno, seu filho da puta talentoso e covarde. Some e vai ser bom assim no inferno. Some e me olha nos olhos mais uma vez, só mais uma vez. Some, morre, desaparece, fica comigo. Não, não fica comigo, vai estragar tudo. Some. Some. Some. Mas você não some, não adianta, quando acho que consegui te sumir, você aparece atrás da cortina e eu penso mas que droga, ele nunca vai embora. Nunca.
Uma bela canção trancada no repeat.
Troquei o cd e atirei o velho pela janela.
Focof.
FOCOF.
Feliz dia idiota dos namorados.
.: Clara Averbuck :. 4:41 AM
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