segunda-feira, junho 10, 2002
Everything happens to me
Sábado, Padaria Orbital. Show do Pullovers, banda da minha mais nova amiga Ana Carolina. Ficamos amigas em mais ou menos três segundos. Lá estava eu, toda gripada no cantinho, quando começo a ouvir uma voz horrível gritando indelicadezas para a guitarrista da banda. " Gordinha gostosa", "Coxudona" e afins. Botei a mão no meu 38 e virei para ver de onde vinha aquilo. E lá estava ele. Um BRUCUTU. Eu nunca tinha visto um verdadeiro BRUCUTU ao vivo, foi minha primeira vez. E confesso que não foi nada agradável.
O cara era muito grande. E FEIO DEMAIS. O braço dele devia ser mais grosso do que a minha cintura. Pescoço, não trabalhamos. Feio demais. Grosseiro. Parecia um lummox do Ren & Stimpy. Meda, pânica, horrora. Tenho a impressão que ele serviu de modelo para o Rato Rooter, aquele do Níquel Náusea.
O show terminou, mas ele não se calou. É o tipo de cara que não sabe ficar em silêncio, mesmo não tendo NADA para dizer, nunca.
Tinha um casal apaixonado de meninas dançando e se agarrando na pista. Lindo e recalcante. Mas o BRUCUTU tinha outra visão da coisa e começou a falar com aquela voz MACIA E DELICADA.
- Olha ali, manô! Duas mina se pegando na pista... Só falta eu ali no meio.
Virei, indignada, e fiquei olhando pra ele. Pra cima, porque o sujeito era um GIGANTÃO. Puta, completamente puta da cara. Desejei que meu 38 fosse real.
Ele nem notou e continuou comentando com o amigo.
- Nossa meu, eu vou lá. Nossa. Vou ali no meio.
Vislumbrei a cena: aquele HIPOPÓTAMO GROTESCO enfiando-se entre as duas meninas magrinhas e felizes. Ia rolar morte. E eu teria participação, porque se ele realmente estava pretendendo encostar em alguma das duas, eu seria obrigada a pegar uma cadeira e usá-la da maneira correta.
Então ele notou que eu estava encarando.
Mas vocês acham que esse tipo de cara sabe diferenciar um olhar de represália de uma fatia de jaca? Não sabe.
O BRUCUTU ACHOU QUE EU ESTAVA DANDO MOLE PARA ELE.
A partir dali, minha noite virou um inferno. Tá certo que não durou muito mais e que eu não ficaria até tarde de qualquer maneira porque estava toda fanha e tudo mais, mas não é legal ter que fugir e se esconder atrás dos seus amigos porque toda vez que o BRUCUTU te enxerga, vem em sua direção. E é horrível. E você faz a cara mais antisocial que consegue, você quase ESCARRA de nojo e mesmo assim o BRUCUTU acha que você está dando mole. Acha que é charminho, que você está fazendo-se de difícil.
MEU DEUS, COMO QUIS TER UMA FOICE BEM GRANDE NAQUELE MOMENTO.
Estava com *MUITA*vontade de xingar até os antepassados símios daquela pessoa, mas ele era GRANDE DEMAIS. Sem brincadeira, aquilo é o cara mais grande & feio que já vi em toda a minha vida. Que horror. E ele me perseguia. Mas consegui escapar pegando carona com rapazes simpáticos e me mantendo de costas para o BRUCUTU.
Ou achei que tinha conseguido.
Quando saímos, ele estava parado na porta, esperando alguma coisa. Usei meu superpoder de invisibilidade e fugi, ligeiro.
Meda, pânica, horrora.
Esses caras grandes acham que podem tudo. Odeio caras grandes que acham que podem tudo. Rapaz, se aquele sujeito encostasse em mim, eu teria um ataque. E quebraria alguma coisa nele, tipo uma garrafa ou a minha mão. E levaria a MAIOR SURRA DA MINHA VIDA. Até porque eu nunca levei uma surra depois de crescida. Quer dizer, um jovem me deu um tapa na cara certo dia, mas eu revidei como uma dama: na cadeirada.
Não se bate em mulher nem com uma flor. A não ser que ela seja uma vaca.
.: Clara Averbuck :. 1:02 PM
|