segunda-feira, junho 03, 2002
Cortaram o speedy para sempre. Sem volta. Escrevendo no Fran´s Café, com advogados discutindo alguma coisa nas minhas costas.
Comecei a tirar meus postais da parede. A parede do meu quarto era lotada de postais e fotos e coisinhas.
Agora virou uma parede creme com marcas de durex.
Merda, merda. Não quero deixar a minha casinha.
Ontem fui ao meu hotel. Os quartos são minúsculos, mas tem espaço suficiente para mim e para o Joo. Tem uma sacada, de frente para uma pracinha. Café da manhã e serviço de quarto. Uma cama, nenhum armário. Um banheirinho fuleiro. Mudo na sexta.
Sozinha. Só eu e o Joo.
E o meu anjo. Porque eu tenho um anjo, sabia? Nunca falei sobre ele porque só descobri que ele é um anjo ontem. Meio anjo, meio homem. Mas anjo mesmo assim. E ele cuida de mim, me sacode quando estou surda e cega. Ele me dá a mão e me tira dos infernos onde sempre arrumo um jeito de me enfiar. E ele entende tudo, o meu anjo. Tudo. Entende antes mesmo que eu entenda. Obrigada, meu anjo. Não pára de zelar por mim.
Preciso ir. Não possuo muitos reais para gastar com internet. Gastei todos os meus reais ontem.
Voltar para casa, tirar meus livros da estante e meus pôsteres da parede. Desmontar meu sofá de malas e guardar minhas roupas. Explicar para a PJ e para o Jimi que é temporário. Eles vão entender, eu sei.
Obrigada por todos os emails. Todos parecem entender e dizem que vou encontrar outro amor. Não sei, não sei. Não sei nada. Só sei que vou morar em um hotel com meu gato. E que estou sozinha. E que tenho que ir. Eu vou.
.: Clara Averbuck :. 9:47 PM
|