quinta-feira, maio 02, 2002
When in Roam
Ficar sem internet é uma coisa inconcebível. Estou falando sério, não consigo. I'm nerd and I'm proud. Ligar para as pessoas dá trabalho demais, escrever é mais fácil, não precisa gastar créditos de telefone e dá pra fazer várias coisas ao mesmo tempo. Normalmente, estou escrevendo, falando com cinco pessoas no icq, respondendo três emails, lendo dois blogs e cantando. Losing sensation, for you my love I fear. Obrigada, deus. Obrigada por me dar amigos que me emprestam o BRMC deles. Losing the reasons to breathe - I never lived. Never lived, never lived - I'm in love.
Ando idiota ultimamente, não é? Publicando emails, não é? Mas é que eles são tão lindos. Eu acho. Eles são tão fodidamente verdadeiros. Red eyes and tears, no more for you my love I fear. Mentira, eu morro de medo.
Estou feliz. Muito feliz. Mas morro de medo. Medão, porque eu não posso mais apanhar. Isso não significa que eu vá sair correndo. Não eu. Eu, quando tenho medo, vou lá bem pertinho dele e pergunto "colé, colé?", o que pode ser bem perigoso, porque às vezes os medos me cospem no olho, me queimam o pescoço com charutos, me dão veneno pra beber, me fodem. Mas preciso chegar perto, vou fazer o quê? Eu não sei fugir. Não sei e não quero aprender. Fugir é coisa de bundão. Então eu abro os olhos, ofereço o pescoço, bebo o veneno e me deixo foder. Eu não sei fugir.
Mas estou morrendo de medo.
Morrendo de medo de dar tudo errado, de largarem a minha mão de novo, de cair no abismo de novo. Morrendo de medo das minhas certezas estarem todas erradas. Morro de medo de ter tanta certeza, porque nunca tive tanta certeza, nunca foi tão perfeito. Nunca ninguém se entregou pra mim que nem eu. Um pulando de frente pro outro e batendo que nem o Flea e o Anthony no Higher Ground. Nunca ninguém se entregou pra mim que nem eu.
Nothing else can hurt us now, we're lost.
Mas eu não agüento mais apanhar. Não agüento. Acho que nem sinto mais dor; chega uma hora em que acostuma, você nem grita, leva porrada em silêncio porque sabe que ninguém vai ajudar se você gritar.
Não ouve o disco inteiro sem mim.
Never thought I'd need you the way that I do.
Eu sempre me atiro de cabeça em tudo. Eu sempre vou me atirar de cabeça em tudo porque só assim vale a pena.
I fell in love with a sweet sensation. I gave my heart to a simple chord. I gave my soul to a new religion.
Paz, eu mereço um pouco de paz, mereço a porra da felicidade dos contos de fada que mentem pra caralho. Sabe, eles vêm pela metade, porque nunca termina em "viveram felizes para sempre". Imagino que as partes omitidas sejam "até a princesa engordar e virar uma maldita orca recalcada e alcoólatra que atirava em pássaros enquanto o príncipe comia todas as serviçais do castelo" ou talvez "até o príncipe ter problemas de impotência e a princesa fugir para as montanhas com o tratador de cavalos" ou qualquer coisa assim. Eles vêm pela metade e depois as criancinhas crescem e viram criançonas que passam a vida tentando encontrar algo que simplesmente não está lá. Não existe. Mas existe um pouco, durante um tempo, algum tempo, pode ser pra sempre ou até amanhã, mas existe com ele, com o Moço. Moço, quer ser feliz pra sempre até o fim comigo? Prometo não virar uma princesa histérica, prometo não fugir com nenhum tratador de cavalos nem conde feioso nem ninguém, prometo ficar com você, prometo que a paixão não vai acabar até acabar, prometo que quando acabar a gente pára, mas Moço, não larga a minha mão, você dormiu apertando a minha mão como eu pedi, então continua apertando, eu preciso de você, seu bêbado do inferno, eu te amo, eu sou a dama que você estava esperando e achava que não existia também. Achei que você não existia, seu merda. Mas você existe, você é tudo que eu poderia querer, tudo, tudo, tudo. E agora eu não posso mais ficar sem você.
I want the whole thing.
Nossa vida é um livro. Talvez dê tudo certo e a gente consiga terminar no ponto final, exatamente do jeito que queremos.
Aiaiai.
Vou dormir, vou rezar por alguma coisa e agradecer pra alguma coisa e pedir e torcer e pensar que tudo vai ficar no lugar, porque se eu cair como da última vez, vou mandar tudo à merda e morar em uma garrafa no mar.
Está chovendo no Rio de Janeiro. Seis e trinte e dois da manhã, chove e eu bebo... Coca light. Sóbria. Sóbria. Tudo é mais difícil quando você precisa manter-se sóbrio. Mas ei, eu consigo. Só não larga a minha mão.
sossegue coração
ainda não é agora
a confusão prossegue
sonhos afora
calma calma
logo mais a gente goza
perto do osso
a carne é mais gostosa
[São Paulo Leminski]
.: Clara Averbuck :. 8:21 PM
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