quinta-feira, dezembro 27, 2001
Fashion Nugget
Não voltei pra cama. Seguindo dois bilhões de links, fui parar no Chic, site da Glória Kalil onde cheguei cogitar trabalhar logo que cheguei em São Paulo. Lá tem uma matéria sobre moda indie. Isso mesmo: moda indie. Vestidos de babados "baseados nas roupas da Courtney Love". "Blusas de tule com calças pesadas". "Fab, dos Strokes, em uma camisetinha básica". Enfim, tudo que uso desde que tirei aquela camiseta infecta dos Ramones, com mais ou menos 14 anos. A camiseta era infecta devido ao uso excessivo, que fique claro. Usei-a durante o ano de 94 inteiro. Meus colegas tinham nojo. Certo, então tem essa matéria, que está muito legal. E um hotsite Indie dentro do IG, também muito bem feito e legal e com informações corretas até onde li. Aparentemente, a moda indie (esse termo me dá calafrios) tem tudo para ser o próximo must. Não. Não quero. Não gostei da idéia. Eu sei, eu sei, vou soar "já conhecia tal banda antes de tocar na rádio", mas é foda. Eu me importo com roupas e acho que tem relação direta com atitude. Não que seja necessário usar tal roupa para demostrar qualquer coisa, mas eu acho que se você anda com uma frase estampada no peito sem saber o que é ou sem concordar ou sem se importar com o que está escrito, você é um paspalho. Se você anda com a camiseta de uma banda que não conhece só porque é cool ser punk hoje em dia, você é um paspalho. Enfim, acho que deu pra entender onde estou querendo chegar. Roupa é atitude sim. E eu vou achar uma MERDA se sair na rua e encontrar paspalhos usando as mesmas roupas que eu. Não é que eu *queira* ser diferente. É reflexo do que tem dentro. E na boa, se eu começar a ver patricinhas desmioladas com camisetas de dizeres engraçadinhos e demais peças de vestuário que eu uso, vou preferir sair por aí vestida de barril.
Por outro lado, é legal que o so called indie esteja se propagando. Não acho que tenha que ser restrito a meia dúzia de gatos pingados e acredito que muitas pessoas não gostam de música boa simplesmente porque não têm acesso. Claro que os *reais* amantes de música sabem onde encontrar, vão atrás, pedem pela internet e tudo. Mas algumas pessoas são mongas, o que não quer dizer que elas não podem gostar de música boa. E se mais pessoas gostarem de música boa, mais lugares com música boa surgirão, as gravadoras lançarão discos nacionais de música boa que antes custariam 55 mangos e demorariam dois meses para chegar, mais shows de música boa virão para o Brasil e será muito legal.
Mas voltando para o outro lado, os manés estariam presentes. Claro que os manés estão em todos os lugares, mas em momentos de lazer nós não queremos manés por perto, correto? Eu não quero. Mas eles vão estar lá porque vai ser moda e mané adora moda porque sempre tem mulher (não muito brilhantes, diga-se de passagem) dando mole. E os manés beberiam e brigariam e jogariam garrafas no DJ se achassem a música uma bosta (as chances são grandes, afinal, por que eles iam gostar de música que só serve para olhar pro pé?). E os lugares tornariam-seinsuportáveis e as pessoas que gostam de boa música teriam que migrar para um lugar menor e desconhecido. Underground. Err, indie. É, acho que não tem jeito mesmo. Vou ter que me mandar.
.: Clara Averbuck :. 8:08 AM
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