i gave my life to a simple chord

quarta-feira, julho 31, 2002

Out of order
[29.07]

Tô com o meu livro na mão. O 000001.

Não sinto nada. Nada. Achei que sairia virando cabalhotas, mas nada.

Nada.

Deve estar nas livrarias até sexta.

Sigh.

Cheguei em casa, tudo em silêncio, sozinha, sozinha, sozinha. Ninguém pra dividir. Ninguém para acender charutos e me parabenizar pelo primeiro filho. Ninguém. Só uma garrafa de JB que eu roubei do meu amigo M. Que merda, sabe. Nem o Joo está aqui ainda.

Algumas coisas não valem nada se você não tem ninguém pra te abraçar. Quem tem não é quem você quer, então não é ninguém.

É foda. Eu vivo querendo ligar, vivo pensando "mas ele tinha que saber disso" e "o que ele acharia daquilo" e "o que ele faria no meu lugar", vivo querendo mostrar coisas para ele, mas que caralho, ele não fala comigo. Porque não.

Faz uns dois meses que meu coração parou. Não bombeou uma puta gota de sangue para o resto do corpo desde que voltei. Vou precisar de uns socos no peito, umas descargas, uns gritos na cara. Talvez não adiante nada. O filho da puta finalmente parou.

Nenhum ventinho, nenhuma luz, nada me move. Acho que cheguei ao fundo de alguma coisa e atolei. Acabou a queda. Estou imóvel. Nada acontece. É favorável ter para onde ir, mas não tenho a menor vontade de me mexer. Me sinto um fio encapado, impossibilitado de dar choques. Nada.

Chamaram de depressão pós-parto. Muito engraçado.

Um monte de gente pedindo o livro. Olha só, eu não sou um vendedor ambulante de poemas. Eu não sei nada sobre as vendas. Vocês precisam falar com as livrarias. Vai estar nas livrarias, na siciliano, na saraiva, esses lugares assim. Que eu saiba, eles mandam para o Brasil inteiro.

Cansei do meu livro. Não agüento mais olhar para a capa dele. Não quero mais ver. Não quero nada. Não suporto mais esse hype idiota, não quero ninguém me achando "muito phoda" ou querendo ter a minha vida. Isso é ridículo. Minha vida é uma merda, será que vocês não vêem? Mas eu não queria ter a vida de ninguém. É que nem o meu nariz: é uma merda, mas é meu. I just wanna play my music. Quando entrevistei o Fabrizio, ele ficou falando que achava uma merda o hype em volta dos Strokes, que eles nem liam as coisas sobre eles na imprensa e ficavam irritados com aquela merda toda. Eles só queriam tocar. "We're all ugly, man". Somos feios, cara. Somos todos feios e usamos as mesmas roupas desde o colégio. Agora eu entendi tudo. Somos feios, cara. Sem dinheiro para comprar leite e com saudade do meu gato.

Eu gosto de ser gostada e entendida, mas não gosto de adoração cega. Qualquer coisa cega é burra.

Dane-se o hype. Só quero escrever em paz.

- Eu gostaria, se fosse você.
- Eu também gostaria. Mas agora que sou, não gosto mais.


Procurem outro lugar, crianças. O parquinho está fechado. As luzes estão apagadas. Fechado para balanço estático. Estou de férias até não querer mais estar de férias. Vou ver se arrumo um emprego de garçonete por aí. Vou terminar meu livro em paz. Vou voltar a correr e a rolar no chão dos bares, de preferência do bar em que eu trabalhar, para beber de graça. Arrumar umas pessoas novas e alguma bebida bem forte pra me companhar. Meu saco está cheio demais para ser carregado.

Quando eu voltar, eu volto. Talvez amanhã ou depois, falando coisas como "mas onde eu estava com a cabeça" ou "maldita tpm" ou "fuzimo de Bento" ou "vamos todos ao lançamento do meu livro". Eu sou assim mesmo.

cansei.

.: Clara Averbuck :. 3:41 AM

Single Serving Love

I.
um dia

Apaixonei.

Bem rapidinho. Já vai passar.

Porque ele tem os olhos desenhadinhos e beijo macio e o cabelo igual ao meu - uma merda - e deve mandar muito bem. Ainda não sei. Mas sei que ele bebe e toma bolas, porque é junkiezinho lindo e anda com os olhos semicerrados quando chapa. É o suficiente para me fazer dormir sorrindo. Porque ele não é um dos piores. Qualquer coisa que fizesse causaria menos mal do que a última vez. Menos, deixa eu te contar, é um monte. Mas tudo bem, estou sorrindo de novo, cheia de seqüelas.

Mas tem que ser um dos piores. Senão, não faz cócegas no cérebro.

Sabia, sempre soube, desde que deitei os olhos nele. Faz tempo, bastante tempo. Ele estava perdidinho e eu o ajudei a se encontrar. Ele nem deve lembrar, mas ficou gravado no meu catálogo de possibilidades.

Mas ei, nada de mergulhar fundo, não tenho fôlego e não vale a pena.

A não ser que eu mergulhe.

Não, não, ainda não. Por muito tempo, não. Exatamente o que eu disse da última vez. Mas não, não. Só diversão mútua, não dá pra levar a sério.

A não ser que eu leve.

Não dá pra saber até ser.

II.
outro dia


Cócegas na barriga. Perfeito, exatamente o que preciso agora. Amor burro. Sem cérebro, sem palavras, sem verborragia, fácil, violento e suave. Sem dor de cabeça e competição, só entrega, só alguém pra me ter de café da manhã e me encher de sorrisos doces. Preciso de doçura. Preciso de paixão que arranque meus sapatos e de doçura. Queria parar com esse negócio de me apaixonar por cérebros e adjetivos deliciosamente bem usados, porque eles só servem para te derrubar depois. Mas eu gosto de cair, adoro. Tenho tesão em ralar os joelhos. Mas naquela hora, naquele dia, só queria me entregar de olhos fechados à vida, em um quarto de hotel barato e sem chave e acordar com o barulho da chuva e a certeza de estar muito atrasada. Dizer tudo sem pudores, sem compromisso, sabendo que seria entendida porque não tinha nada de complexo em jogo. Poder deixá-lo dormindo lá, com um sorriso no rosto, sem ter que levantar da cama suja para me escoltar a lugar nenhum, porque sempre sei para onde ir. Paixão rápida, efêmera, de duas noites, que acaba quando a porta se fecha ao final de um texto. Bang.

Passou.

.: Clara Averbuck :. 3:06 AM

Caras blogstar - o rompimento mais esperado do ano

Não tenho mais namorado. Mas isso não significa rupturas traumáticas, louça quebrada ou choradeira. É só que o meu namorado era tão jovem, tão gatinho, tão cheio de groupies, tão cheiroso, tão talentoso, tão macio e quentinho e mordível e genial e adorável que acho uma injustiça não compartilhá-lo com o resto do mundo. E também porque estou em altas pilhas de cair na putaria, assim como ele. Putaria é legal, faz bem para a cabeça. Mas quem pensa que nós não vamos de mãozinhas dadas no show do João Gilberto, se fodeu.

You go, boy. And I'll go too.

.: Clara Averbuck :. 1:54 AM

segunda-feira, julho 29, 2002

Meu amigo M. foi viajar e me deixou de governanta em sua casa, eu e seu roupão e seu DVD e seu GRANDE EDREDON FOFO e seu som fodão e seu computador com vírtua e seu sofá e seu brie e sua casa confortável e quentinha. Então o que aconteceu é que a Anne veio para cá e nós passamos o fim de semana todo assistindo à 3a. temporada INTEIRA do X-Files em DVD e esquecendo. Porque eu precisava esquecer. Até amanhã, quero esquecer. Porque quando eu lembrar, já quero ter certeza pra não morrer de neurose e tomar algumas providências práticas. E se estou sendo hermética, meu amigo, pode ter certeza de que o hermetismo é necessário às vezes, especialmente em um diário público. Pensa bem: o que você sabe sobre a minha vida? Quero dizer, minha vida de verdade? Nada. Só o que eu escolho. E tem umas informações classificadas, sabe. Então eu vou ali dormir e terminar de esquecer, porque amanhã eu tenho 3.000 exemplares do meu livro para assinar com minhas próprias mãos. Dá. Disseram que não dá? Dá. Adoro quando dizem que alguma coisa não dá. Porque eu sempre faço dar.

Sobre Curitiba, um monte de gente me cobrou a coberturazinha e tal. Tá quase, gente boa. Tá quase.

Mas eu ia esquecendo de esquecer. Boa noite, então.

.: Clara Averbuck :. 6:06 AM

sábado, julho 27, 2002

Por Una Cabeza

Resolvi descer e ver um pouco de televisão, talvez dormir.
Só que estava passando Perfume de Mulher, justamente a cena do tango. E no momento em que olhei para o Al Pacino, vi o meu avô. E comecei a chorar desde a cena do tango até o fim do filme, porque todas as memórias da minha infância surgiram do nada, fortes e nítidas, não sei onde elas andavam, sei que de repente estavam todas aflorando e o Al Pacino, o Coronel Frank, era o meu avô, igualzinho, com a mesma voz, o mesmo jeito, o mesmo olhar, a mesma força, o mesmo porte. Meu avô querido, Leo Chirivino, meu sangue, pai do meu pai, de quem quase não tinha nenhuma lembrança, que morreu quando eu tinha 4 anos, estava ali, dançando tango no meio de um restaurante. Dançando comigo. Tenho certeza que meu avô seria um puta dançarino de tango. E o Al Pacino parece o Fante, e meu avô parecia os dois, e eu lembrei de estar no colo dele quando já estava doente, morrendo, sentado em uma cadeira de balanço de couro marrom, uma cadeira enorme perto de mimzinha, lembrei da voz dele me chamando de Tico porque eu era pequenininha perto dele, lembrei da risada dele, tudo, tudo, toda. E chorei mais. Foi a primeira vez que senti saudade de alguém que morreu. Uma saudade enorme, absurda, devastadora, que eu desconhecia. Chorei porque sabia que nunca o veria, teria que me contentar com essas memórias lindas, essas cenas que estavam perdidas em algum lugar da minha cabeça. Meu avô comigo, com aquelas sobrancelhas grossas e os olhos muito pretos e redondos, aquela elegância que não existe mais, de quem não perdia a pose nem de calção da Adidas. Meu avô era jogador de futebol. Do Grêmio. Da época em que futebol era amor, não dinheiro. E o Gardel e o De La Pera e a orquestra arrebentando tudo com Por Una Cabeza, aquele tango maravilhoso girando comigo e me esbofeteando pela sala. Então decidi aprender a dançar tango por ele. Estou dançando agora, de vestido vermelho, ele de terno, sorrindo e me olhando nos olhos, me guiando, todo orgulhoso. Preciso aprender a dançar tango. Agora. Ontem. É a única maneira de poder abraçá-lo dentro da minha cabeça. Com um tango. Tango tem cheiro de casa, de frio, de sul, de pampa, e isso me dá mais saudade ainda de tudo, do passado, da infância, do novo que nunca vai voltar. Então eu vou aprender a dançar tango. E o homem da minha vida, o homem que ainda não existe, vai ter que dançar tango comigo, me jogar de um lado para o outro, me conduzir, me girar, enroscar as pernas nas minhas e me levar para onde quiser. De agora em diante, só beijarei alguém que queira dançar tango. Porque descobri que a minha vida não passa de uma dança. Quando eu erro, simplesmente sigo dançando até a música terminar. Minha vida é um tango. Por una cabeza.

.: Clara Averbuck :. 4:03 PM

O Scooby é altos gato


O Scooby é meu amigo desde... porra, sei lá. Desde uma caralhada de tempo atrás. E ele tá em Porto Alegre. E eu morro de saudades dele. Um dia nós fomos andar de patins e pegar um cineminha e, como toda a criança em shopping, quisemos tirar fotinhos em cabines. Eu saí vesga em todas. Mas ele saiu altos gato. Olha só.

whiiiiiiiii!


Ah, e o Scooby está bem solteiro, também. Só pra avisar. Estou agenciando o moço.

É mentira. Digo, a parte do agenciamento. Ah, estou confusa.


.: Clara Averbuck :. 11:20 AM

< Scooby> feio é o Russo. o resto a gente aceita.
< Miss Chinaski> HJAHAHAHAHHAHHAA

.: Clara Averbuck :. 11:12 AM

Meu amigo M. me salvou de morrer afogada em miojo pré-digerido.
Eu estava morrendo. De novo.
Estou amarela. De novo.
Mas ele me salvou. De novo.
Déjà vu.
Só falta alguém para contar minhas bolinhas e me dar um pouco de ar e fazer cócegas no meu cérebro e desligar a luz e ouvir Zombies comigo.

Vou ficar aqui na casa do M., ouvindo minha caixa desfalcada dos Zombies. Deixei o #3 em Curitiba. Espero que esteja sendo bem utilizado. Vou ficar aqui.

Estive pensando sobre o tempo e descobri que minha noção de tempo é estranha. O tempo voa o tempo todo, se arrasta algumas vezes para recuperar forças e depois continua voando. E eu nem sinto o vento, só vou andando. Por isso é bom não ter rotina, a noção de tempo se perde de tal forma que se me dissessem que estamos em setembro ou em março, eu acreditaria. Pouco me importa o calendário, as horas, os dias. Meu relógio biológico manda. Mas eu nunca obedeço de cara, senão ele fica mal acostumado. Na verdade, é tudo mentira. O que me guia é meu paixonômetro. Para me situar, basta ver por quem estava apaixonada na época que tudo faz sentido.

Mas agora nada está fazendo sentido.

Quando tenho crise de fígado, fico meio boba. Fora o resto. É chato. É desconfortável. É constrangedor. E é tudo culpa do vinho de 7 reais que descobri na padaria SAGRES e tive certeza que era bom só porque não me fazia mal no dia seguinte e era doce, ignorando o fato de que a gota derramada sobre o Short Dog ficou azul. Vinho não fica azul, lá de onde eu venho. Mas lá o vinho é bom e barato. Achei que esse também era, mas duas semanas depois, passo tão mal que sinto como se tivesse engolido chumbo e vomitado ácido, a garganta em carne viva. Não me sinto bem, doutor.

Mas o que eu queria mesmo era um quindim.

.: Clara Averbuck :. 8:32 AM

sexta-feira, julho 26, 2002


amen

.: Clara Averbuck :. 5:50 PM

Acabo de criar a Academia Brasileira de Malditos, para os escritores de verdade. Fim.

.: Clara Averbuck :. 5:41 PM

Vida de Gato
Mais um pedacinho exclusivo no b!p

- Quer um teco, Camila?
- Não cheiro.

Dois dias sem dormir, três cervejas na cabeça. Olhei para o meu amigo, que estava tão perdido quanto eu. Dei mais um gole no meu uísque. Era bom. Não sentia esse gosto há muito tempo, de uísque bom. E era grátis. O paraíso deve ter torneiras de uísque bom. Fiquei ali, jogando meus problemas no copo. Maldito. Maldito seja você, que não me sai da cabeça. Malditas sejam as suas mentiras e o turbilhão que não me deixa um dia inteiro em paz, e mais malditos ainda sejam os teus olhos e o teu sorriso que não permitem que me concentre em nenhum outro homem. Maldito, maldito. Te amo e não vou te esquecer mesmo que viva cem mil anos.

- Tem certeza, Pinky? Fiz uma bem gordinha para você.

Levantei sem pensar. Andei até o prato e peguei a nota sebosa de 50, que poderia me sustentar por várias semanas. Me aproximei do prato, e de repente a sala sumiu, meu amigo sumiu, a mesa sumiu, a música parou, só eu, o prato branco e o pó branco reluzindo como neve. Aspirei com força e senti o gosto amargo no nariz, que ficou dormente. Maldita cocaína. Era boa. O diabo estava ali, do meu lado, rindo. Me nocauteou de novo. Te pego no próximo round, filho da puta. Você nunca vai me ganhar. Eu sou melhor que você, além de ser maior, mais gata e ter asas.

Peguei meu amigo pela mão e o puxei para fora. O céu estava completamente prateado e nos abraçava, tentando dizer que tudo ficaria bem. Ficamos ali com os pescoços tortos, sentindo o vento frio e os narizes formigando.

- Estou com medo dessa gente. Não sei qual é a deles e estou bêbado.
- Deixa comigo. Eu cuido de você.

Deixe-me falar sobre meu amigo. No princípio, era a discórdia. Trocávamos alfinetadas em listas de discussão na internet. Antipatia mútua, gratuita e imediata. Ele me odiava. Eu o achava um prego. Saímos da tal lista, um de cada vez, e nunca mais nos falamos. Até que Arturo nos reaproximou sem querer. Eram amigos, os dois. Arturo, não contente em ser a mentira mais linda do mundo, me fez ter vontade de ser legal. Nunca tinha tentado, passei a vida sendo antipática e ficando nos cantinhos, sem fazer o menor esforço. Não queria, nunca quis ninguém por perto. Nunca gostei de gente, grandes grupos me parecem um bando de moscas sorrindo umas às outras e zumbindo sem parar. Não quero nenhuma delas à minha volta, prefiro ficar sozinha na merda. Mas Arturo parecia gostar tanto de seus amigos quanto eu gostava dos meus, parecia saber que amizades são sagradas tão bem quanto eu. Poucos entendem o que significa ser sagrado para os que não acreditam em nada. E ele, Arturo, parecia entender tudo o tempo todo. Então, decidi ser legal. Parar de usar minha casca de espinhos e me deixar ser doce. Fomos nos aproximando, eu e Luís, ele ainda desconfiado por causa do meu histórico. Quando nos demos conta, lá estava eu em Sorocaba, e nós estávamos bêbados em uma pracinha, deitados na grama molhada com todas as nossas bundas, dedos e narizes absolutamente petrificados. Nos encharcamos de vinho ruim e conversamos sobre a vida, sobre sonhos bestas, sobre amor e dor, saber se foder, contamos histórias, rimos bastante e nos despedimos com um puta abraço na rodoviária, com a certeza de que nos veríamos logo e felizes por ganhar um amigo. Fomos cada um para o seu lado, ele para casa e eu de volta para São Paulo, os dois olhando o céu bêbado rosa-azul-laranja-branquinho e entendendo que não podemos fugir de nós mesmos. Um tempo depois, fui visitá-lo de novo e fomos levados para esse sítio com pessoas estranhas, um homem de mullet que me chamava de Pinky, sua senhora, uma professora de literatura vencida pela vida e o dono do lugar, um careca que surgiu de repente com um mini-roupão que lhe deixava as coxas de fora e um óculos de sol que recusava-se a tirar, mesmo sendo noite fechada e estarmos no meio do mato escuro. Tudo bem, porque eles nos davam drogas e uísque caro enquanto eu levantava os braços e inaugurava o Black Label Motorcycle Club, um dos piores trocadilhos da minha vida, apesar do uísque ser sensacional. Depois de certo tempo, tive a impressão que havíamos nos tornado espelhos para aquela gente, que éramos o que eles gostariam de ter sido e não foram. A falta de coragem fode com o mundo, derrota a todos com a facilidade de um piparote. O mundo é cheio de covardes e suas desculpas para terem fodido suas vidas, e eles tentam nos convencer de que foi necessário, que fizeram as escolhas certas em nome da comodidade e do cagaço de perder tudo. Depois, quando entopem-se de bens, quando envelhecem, quando olham para trás, se dão conta que perderam a vida. Arrependimento é o sentimento mais inútil. De nada adianta andar para frente olhando para trás, o melhor que pode acontecer e desabar em um buraco e morrer lá, choramingando que deveria ter olhado para frente e se arrepender mais e mais até morrer velho e enrugado como uma fruta seca.


.: Clara Averbuck :. 5:39 PM

Foda.

.: Clara Averbuck :. 5:30 PM

Tá tocando IRON.

Haha.

E dá pra fumar aqui.

Cheio de moleques jogando e ouvindo METÉL.

Pega mal se eu rir BEM ALTO?

.: Clara Averbuck :. 5:21 PM


Resolvi entrar no negócio da numeração.

Pra quem não sabe, Éfeagá vetou a lei de numeração dos cds. Isso serviria para que os artistas tivessem maior controle sobre a sua obra, suas vendas e tudo mais.

Então é o seguinte: meu livro vai ser numerado. As três mil cópias serão assinadas (ai meu deus) por mim e carimbadas pelo meu editor, Rogério de Campos.

Por quê? O que tem a ver livro com a lei? O que eu quero?

Já que não tenho disco e quero dar uma força pro movimento (soei rapper), farei isso com meu livro. Não ficaram falando que era impossível assinar todas as cópias, ter controle delas? Rá. Vamos ver então. Segunda-feira estaremos na gráfica. Pra encher o saco mesmo, nossa especialidade.

É isso. Espalhem.

.: Clara Averbuck :. 5:15 PM

Tem umas coisas estranhas acontecendo por aqui.

.: Clara Averbuck :. 5:13 PM

RÁÁÁ

ACHEI UM CYBERLUGAR BARATINHO DO LADO DE CASA!

Eu sou a única pessoa aqui com mais de... 16 anos. E que não está jogando Counter Strike. Me dei bem.

.: Clara Averbuck :. 5:09 PM

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo

É o seguinte: preciso me divertir. Muito. Rápido. Preciso de uma puta noite agora mesmo. Preciso de uma noite inteira de sexo muito suado. Quero escorrer.
Desabar.
Perder a linha.
Me acabar.
Quero um show de róque com vinho, cigarros e sexo e guitarras distorcidas. Não tudo ao mesmo tempo. Se bem que... uh.

Quero meus amigos, música boa, pessoas felizes à minha volta, ninguém fofocando maldades e mentiras. Quero ver o ar leve e sorrisos por todos os lados, quero meu coração dançando um pouco. Coitado, está duro, todo dolorido. Assim, fisicamente. Estou com dor no coração, passei o dia com dor no coração. Minha boca, meus olhos e meu nariz estão secos, como se eu tivesse sido acimentada por dentro. Na verdade, duvido que alguma coisa esteja funcionando bem dentro de mim hoje. Acordei toda errada, toda fodida, torta, inchada, feia e dolorida. O que é isso, hein? Talvez sejam as Novas Doses do Doutor Boleta, que aumentou tudo e nem avisou. Oh well. Se alguém encontrar meu fígado passeando em Acapulco, diga que mandei um alô.

Nem vontade de escrever eu tive. Escrevi, é claro, mas não tanto quanto escreveria em um dia normal. Um dia normal consiste em escrever praticamente o tempo todo em que estiver acordada.

Tem alguma coisa errada e eu não tenho a menor vontade de descobrir o quê nem aonde.

Quero paz, paaaz, pelo amor de Bunker Hill, em nome de São Chinaski e São Paulo Leminski, encontrem a minha paz e me devolvam, eu não agüento mais olhar para cima, não agüento mais olhar para dentro, não agüento mais nada disso, nada, não, chega.
PÁRA TUDO. NÃO TEM NADA ACONTECENDO.
Só coisas que não me interessam, essas coisas práticas do mundo dos prazos de validade.

Estagnação, água parada. Vou sair por aí pisando em poças e sacudindo árvores.
Mas o que eu estou dizendo? Não choveu. Não chove há tempos. O mundo está seco. Cheio de folhas mortas no chão. Preciso de um gole de qualquer coisa. Preciso me apaixonar de novo. Preciso me apaixonar forte, preciso me perder e ficar cega e sentir alguma coisa que não se repita. Cansei de ver o mesmo filme. É lindo, maravilhoso, o filme mais lindo de todos os tempos, mas já decorei todas as falas.

Por favor, me tragam um filme da Meg Ryan. Eles sempre acabam bem.

Preciso do meu gato, preciso urgente e desesperadamente do meu gato, mas tenho medo que ele caia da janela, então penso duas vezes antes de buscá-lo. Não posso mais ficar sem o meu gato. Nunca pude, mas agora está insuportável. E eu não tenho dinheiro para botar telas nas janelas. E eu não posso ficar trancada aqui com as janelas fechadas, morreria afogada na fumaça. E preciso do Joo, preciso, preciso, não dá pra ficar sem o meu amor felpudo mais um dia. Está decidido. Amanhã ele volta e morreremos abraçados, sufocados na fumaça de Lucky Strike Ultra.

Minha tarde foi ridícula. Fiquei andando pela casa. Andando, andando, dando voltas e mordendo as bochechas. Sinto-me em uma cela, em uma torre, a mais alta do castelo. Inacessível, incomunicável, quicando por todos os cantinhos do lugar ao som de Yeah Yeah Yeahs.

Acho que vou comprar umas tranças e pendurar na janela.

Então eu saí, peguei o metrô e me irritei com as PESSOAS BURRAS que insistem em ENTRAR NO METRÔ ANTES QUE OS QUE LÁ ESTÃO SAIAM. Isso me deixa maluca. Odeio metrô, todo mundo corre e tem pressa, como se fosse o último trem fugindo do Grande & Assustador Peixe Diabólico. Odeio pressa, odeio apressadinhos, odeio o sorrisinho de vitória no rosto daqueles esbaforidos que se acotovelam lá dentro segundos após as portas se fecharem. SÃO APENAS 5 MINUTOS DE INTERVALO ENTRE OS TRENS. Outro chegará em 5 MINUTOS. O que essas pessoas fazem com 5 MINUTOS na vida delas? Aposto todos os meus mamilos que não fazem NADA de útil. Só incomodam e atrapalham o cidadão calmo que está tentando se locomover sem virar uma anchova esmagada no canto.

O resto do dia simplesmente escoou direto para o ralo. Continuei me sentindo isolada, inacessível, incomunicável. Só conseguia dizer NÃO, um categórico NÃO, e balançar a cabeça pelas 3 horas que se seguiram. NÃO.

NÃO.

Duas horas depois, levei um beliscão na bunda e disse sim.

SIM.

Mal acredito nisso.
Eu, meu avô, meu amigo Delaney e... bom, vocês saberão em breve. Tenham medo. De verdade.

Fiz bem, acho. E se não fiz, foda-se. Será só mais um dia, mais um fracasso, mais um cigarro esmagado no cinzeiro.

Viver é temporário.

Criar é atemporal.

Se algum dia eu parar de criar, por favor, chutem meu rabo em praça pública. Cortem minha cabeça, rasguem minha pele, vazem meus olhos, arranquem minha língua e minhas unhas, me esquartejem e vendam os pedaços no ebay. Pensando bem, eu mesma me encarregarei disso. Tirando a parte do ebay, porque estou sem internet.

Achei o dia de hoje completamente inútil até sentir o tal beliscão na bunda. Eram os caras me dizendo "porra, Clarah, deixa de ser cuzona" e me olhando lá de cima, com as mãos na cintura. Daí eu fui lá e fiz. Minha especialidade é ir lá e fazer. Porque os caras estão sempre comigo, na minha cola. Sempre. Os três estão sempre cuidando de mim, minha Santíssima Trindade, muito mais sagrada do que qualquer santo de louça vestindo mantos virgens com os olhos e as palmas voltados para o céu.

O Pai tem um cão e bebe vinho.
O Filho tem um copo e um barrigão.
O Espírito Santo fazia judô e é meio hippie.

Minha Santíssima Trindade, sempre comigo, até que eu esteja com eles.

.: Clara Averbuck :. 5:04 PM

quarta-feira, julho 24, 2002

Ok, preciso ir.

Aggrrrr.

O inferno não tem internet, tenho certeza.

.: Clara Averbuck :. 9:44 PM



ADRIANO, CADÊ VOCÊ?

.: Clara Averbuck :. 9:44 PM

Mommie, where's daddy?

Quero ter filhos.
Já mencionei que quero muito ter filhos?
É que eu não tinha certeza. Agora tenho.
Quero. Adoro crianças e elas me adoram de volta, porque devo parecer uma grande boneca colorida. Nenês sorriem gengivas para mim e sinto meus instintos maternos gritando toda vez que isso acontece. Já tenho até nomes. Nina, Alice ou Iris se for mulher, Arturo, Vicente ou Charles se for homem. Não preciso explicar as referências, né? Adoro meus leitores porque eles são espertos.
Meus instintos maternos andam a mil. Fico imaginando como ficaria grávida, com um barrigão e uma frase esticada abaixo do meu escorpião - que vai virar uma lagosta -, as bochechas cheias e redondinhas como meus seios recheados de leite. Acordar para amamentar - amamentar deve ser uma sensação divina, alimentar o pedacinho de mim com meu leite, segurá-lo em meus braços enquanto ele baba baba limpinha de bebê e mexe todos os dedinhos como um gatinho afofando a barriga felpuda da mãe. Arrumar o quarto, encher de brinquedinhos e coisinhas, milhares de coisinhas para encher os olhos do meu filho. Não me importo com as fraldas, não me importo com perder a minha vida, não me importo com nada. Serei uma puta mãe - sem trocadilhos engraçadinhos, obrigada. Serei uma puta mãe, assim como foi a minha. Aprendi tudo com ela. Se já mimo meu gato e meu Furby, imagina o que não farei com uma criança.
Quero parir.
Mas não sei se posso. Tenho o mesmo problema que minha mãe, uma certa dificuldade de engravidar. Mas ei, estou aqui, nasci, certo? Então eu também posso.
Quero ter filhos.
Um filho, na verdade. Ou filha. Alguém para carregar meu nome, meu sangue, minha semente, minha vida.
Mas não agora. Na hora certa.
Agora, meus filhos serão meus livros. E se eu tiver que parir algum dia, vai acontecer.
Não agora. Na hora que tiver de ser.
Agora escrevo, fumo, bebo. Agora saio, vivo, enloqueço, sinto dor demais e vivo no olho do furacão. Preciso de paz para ser uma boa mãe. Morar no mato, respirar ar puro, dormir bem e ter amor. Muito amor.
Não significa que serei Do Lar.
Não significa que serei burra, casada, quotidiana e tributável.
Não significa vidinha nem cegueira.
Significa simplesmente seguir meus instintos, coisa que faço todos os dias, que sigo porque é o caminho que escolhi: fazer o que quero.
E eu quero parir.
Quem acha que não sou uma garota normal, engana-se redondamente. Eu sou. Fiz ballet, adoro rosa e quero parir. Normal não quer dizer medíocre. Medíocre é se forçar a ser algo que não é.
E eu só sou.
Ser e criar são as únicas coisas que realmente importam.
Criar, criar, criar. Músicas, livros, tatuagens, cores de cabelo, uma casinha legal, filhos, gatos, pimenteiras. Criar importa.
O resto nasce sozinho.

.: Clara Averbuck :. 9:28 PM

Paz vadia

[19.7]

Às vezes eu fico louca, já te contei? É que você não me dá paz, né? Daí eu fico louca e me ponho a gritar em silêncio.

Pa-az.

Estou lendo, quieta, longe, sem incomodar ninguém e você chega assim como uma música que invade paredes e relampeja na minha cabeça, sempre alguma imagem de quando eu era sagrada e você, meu devoto que fazia reverências sobre os escritos da minha barriga.

Quieta, longe, mas você não me dá paz. Você escuta quando falo sozinha? Então escuta: quero a paz das santas e das putas depois de fazer gozar o pau envolto na borracha morta que impede a alma de sair pela uretra. Você e seu dedo roubaram a paz do meu útero, a alma do meu ventre e saíram cantarolando pela porta da frente com uma goteira no coração.

E foi-se a minha paz pela estrada afora, jogada pela janela dentro de alguma latinha vazia e amassada no caminho do céu do inferno. Afundou como uma pedrinha no lago, blosh, foi, nunca mais.

E você nem sabe.

Nem sonha. Nem sei. Eu não sabia. Eu sabia. Sempre soube. Não sabíamos.

Não luto na teia, me atirei nela e você me sugou pela metade, me bebeu pela metade e fiquei meio viva, como sempre. Por que eu nunca morro? Estou aqui, embaralhada, embrulhada para viagem, sem sair do lugar. E você, ah, você. Você esqueceu, mas nunca prometeu que lembraria. Louca. A louca entendeu tudo errado, né? Desculpe. A louca achou que era de verdade, fundo, para sempre, porque nunca nada foi tão bom. Mas o que é breve, foge entre os dedos e cai na terra seca que suga tudo depois de uns dois ou três goles que só dão mais sede.

E a paz? A paz foi pra puta que o pariu, junto com a água e o pó. A paz foi embora e não sabe quando volta, a vadia. Sempre soube que ela era uma promíscua, uma putinha barata, qualquer idiota com as palavras certas contadas a compra e a joga na gaveta. Paz vadia, te quero de volta. Te amo, vaca. Jamais conseguiremos atirar o amor pela janela. Mas a paz, ela é fácil e não voa. Te quero de volta, minha amada paz, só pra te jogar de novo na boca de alguém que te engula, te chupe e deixe o ossinho para os cachorros. Volta para mim, querida, prometo te tratar pior do que da última vez, até que você não volte mais e me levem amarrada e obediente até algum precipício e me enfiem em um saco e me joguem lá de cima sem olhar para baixo, sem ver meu corpo virar uma massa disforme com molho de sangue nas pedras caladas, que podem apenas assistir. Volta, minha paz. Não sei mais ser santa, preciso de você para me ensinar a ser puta de novo. Volta. Volta. Volta.

.: Clara Averbuck :. 9:27 PM

Curta-metragem

Dandy. Um autêntico dandy. Sendo assim, é claro que me ignorava. Nem me dava chance. Eu não era, não sou dandy. De qualquer forma, não queria chegar muito perto. Ele não era de chegar perto. Não que fosse sagrado, nada disso. Nenhum respeito, nenhuma devoção. Apenas feito para ser assistido de longe. Não sou magra e cool o suficiente para estar ao lado dele. Sou real demais, visceral demais, e ele é cool, ele pega leve, jamais iria até o fundo. Um autêntico dandy, cheio de pose. Lindo, lânguido, macio de olhar, perfeito e esquálido com seu nariz de homem glam. Ele nunca perde a linha. Se chora, é em silêncio, com os olhos baixos. Jamais gritaria. Nunca tropeça ou derruba um copo. Ele flutua, quase perfeito. Feito para ser assistido de longe. Fumo meu cigarro à sombra do meu anonimato enquanto ele coexiste com seus semelhantes. Por favor, fique longe de mim. Sou apenas uma espectadora, não podemos conversar, não podemos sequer nos olhar. É como se fossemos de dimensões diferentes. Eu aqui, ele lá. Termino meu uísque, deixo o copo vazio na mesa e vou embora. Ele beija a garota. As luzes acendem. Belo filme. Amanhã eu já esqueci.

.: Clara Averbuck :. 9:26 PM

A margem e o fundo

Não quero mais brincar de ficar sem internet. Devolvam a Barbie, minha bola e meu ursinho e instalem o Speedy.

Nunca apaguei tantas linhas como nos últimos dias.

E São Paulo tem tentando se mostrar bonita. Todos os dias, vejo algum céu inexplicável pela janela da minha torre, sempre de alguma cor que não é de céu. Deve ser a poluição, mas prefiro pensar que a cidade tenta mostrar que ainda consegue ser bonita.

Mesmo assim, queria estar no Rio. Queria andar no Rio, sentar em algum bar e ouvir alguma história desconhecida e definitiva, como a do homem da rodoviária que me falou sobre a vida. Eu já sabia, mas tinha esquecido. Mentira, nem tinha. Estava lá, deixei ela me levar, e meu coração já tinha começado a apertar com a demora.

Meu pai me disse para que eu não me apaixonasse, lá longe, lá no começo. Pai, deixa eu te explicar. Se apaixonar é como tropeçar. Não existe nenhum controle sobre isso. Quer dizer, existe, mas escolhi não tê-lo, mesmo sabendo que a cara acaba rachada no final. Refrear a paixão seria como cortar o fluxo da vida, e a arte, a minha arte, é feita de fluxo, paixão e dor. Toda a arte é. Dor, desespero, angústia, loucura, indignação, raiva, mágoa, revolta, turbilhões, esses são os combustíveis da arte. Ter dons é uma maldição e uma benção, porque não se pode fugir.

A correnteza está sempre a meu favor, mesmo quando engulo água.

Sei que estou indo para o lugar certo. Não sei qual é, não sei qual será o fim, mas me deixo levar à miséria ou à glória, porque é isso que tenho que fazer. E estar ao lado dele me fez criar as melhores coisas da minha vida, então valeu. Como disse o Wilde para seu amantezinho de merda, "meia hora em contato com a arte sempre significou muito mais para mim do que um longo período passado ao seu lado." Acontece que ele me causou o que eu precisava, ainda me causa, quando menos espero. Aos poucos desbota, logo a folha estará apagada de novo e alguém poderá chegar e escrever por cima, mas o que aconteceu me deixou marcada. Para sempre, serei marcada. Ficou um vazio no meu coração e ele vai me acompanhar até o dia em que eu morrer. Qualquer um que chegar perto, que tentar beber da minha alma, saberá sobre o vazio. Estou impregnada com o gosto amargo da rejeição e da dor.

Antes ser amarga do que insípida.

Acho que a dor é o que dá o gosto à felicidade extrema. Quem é feliz sempre e tem uma vida perfeita, morre de tédio.

Não sei para onde serei levada da próxima vez, não faço idéia.

Sabe, o amor só me fode. É sempre minha ruína. Foi assim com muitos. O amor destrói, quando é forte demais. Mas como eu disse, confio na correnteza. Só saberei sobre o fim quando chegar à margem ou ao fundo.
.
.
.
Mas foda mesmo é ler De Profundis e se identificar.

.: Clara Averbuck :. 9:24 PM

Argh. Argh. Arghhh!!!
Tenho meia hora para postar tudo correndo e fugir para o Paraíso.

.: Clara Averbuck :. 9:21 PM

terça-feira, julho 23, 2002

Correndo. Bem rapidinho, só pegando emails.

1. Amanhã eu posto direito todas as 1500 coisas que escrevi.
2. Curitiba estava muito legal. Aguardem cobertura.
3. Eu ammo a Anne.
4. Vida de Gato está com 40 páginas e ficando fera;
5. Vou ali.

.: Clara Averbuck :. 10:28 PM

quinta-feira, julho 18, 2002

Só mais uma coisa

róóóóóque!


Eu amo as minhas amigas.

.: Clara Averbuck :. 11:06 PM

Informe brazileira!preta

Amanhâ, 9 da manhã, estarei embarcando para Curitiba com 9 reais no bolso e muitos agasalhos e uns discos e, espero, minhas boletas da alegria.

Vou cobrir o festival Rock de Inverno.

Pra quem?

Para o brazileira!preta.

Não é sensacional? Eu acho sensacional. Pra variar, o blog me deu mais uma coisa legal. O blog só me dá coisas legais e divertidas.

Então tá, preciso voltar para minha casa sem internet e o metrô é longe e frio e escuro e perigoso e feio. Preciso correr. Volto na segunda.

Na semana que vem já terei internet e o blog voltará a ter 3.255 atualizações diárias. Stay tuned.

Rock de Inverno

Atualmente em sua terceira edição, este festival anual já se consolidou no calendário de eventos musicais em Curitiba por causa de sua proposta: revelar novos valores na música independente da cidade e trazer à capital paranaense alguns destaques do cenário alternativo nacional.
Realizado sempre no mês de julho - marcando o inverno de uma cidade reconhecida pelo frio durante esta época do ano - o festival também traz como marca o lançamento de dsicos. Nesta edição, várias de suas atrações estarão apresentando no palco as músicas que em breve estarão sendo ouvidas em CDs.
Entre os headliners desta edição estão algumas bandas conceituadas entre público e crítica especializada em rock alternativo. Inaugurando nova fase, a Relespública antecipa seu terceiro álbum com formação diferente e outra sonoridade. O OAEOZ, por sua vez, lança no festival seu novo disco, gravado ao vivo em Curitiba. O Magog, nome histórico da música paranaense nos anos 90, retorna à ativa compilando gravações antigas de várias fases em seu primeiro álbum. Outro nome de destaque nos palcos locais é o Volume (liderado por Marielle Loyola, nome de currículo no underground e com passagens por bandas como Escola de Escândalos, Arte no Escuro e Volkana), anteriormente conhecido como Cores D Flores.
Em 2002, haverá ainda a apresentação de grupos de Florianópolis, Rio de Janeiro e São Paulo - respectivamente Pipodélica, Casino e Hurtmold. Todos estes também com discos prestes a serem lançados por selos independentes nacionais.

19 de julho (Sexta): Poléxia (Curitiba/PR), Criaturas (Curitiba/PR), Sofia (Curitiba/PR), OAEOZ (Curitiba/PR) Pipodélica (Florianópolis/SC).

20 de julho (Sábado): Excelsior (Curitiba/PR), Svetlana (Curitiba/PR), AAAAAA Malencarada (Curitiba/PR), Casino (Rio de Janeiro/RJ), Volume (Curitiba/PR)

21 de julho (Domingo):
Lorena Foi Embora (Curitiba/PR), Pelebroi Não Sei (Curitiba/PR), Hurtmold (São Paulo/SP), Magog (Curitiba/PR) e Relespública (Curitiba/PR)

Local
Espaço Cultural 92 Graus (Rua Visconde do Rio Branco, 294, Curitiba)


Contato da produção
adriperin@onda.com.br
adriperin@uol.com.br
deinverno2@yahoo.com.br

.: Clara Averbuck :. 10:47 PM

Palavras de Pórtico

NAVEGADORES ANTIGOS tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso."

Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para casar com o que eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar.

Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha que a perder como minha.

Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho na essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.


Este textinho foi publicado na primeira edição do volume Fernando Pessoa - Obra Poética, em 65. E eu não poderia discordar de uma vírgula, porque é isso que quero. Sinto que minha vida não mais me pertence, e sim a vocês, meus leitores. E é assim que vai ser.

.: Clara Averbuck :. 10:35 PM

Threesome

Saudades de vocês dois. Meus dois noivos, meus namoradinhos e o outro deitado ao pé da cama, delirando nas pichações do meu quarto e fumando maconha enquanto eu reclamava da fumetice com meu ranço de velha.

Saudades, várias saudades de vocês dois quando íamos tão longe e ríamos tanto que a barriga doía e depois ríamos mais e tomávamos um gole de cerveja quente e ríamos mais ainda dos hippies da casa esquisita. Era tão legal, meninos, tão legal, que não entendo como acabou.

Saudades de um monte de coisas que não foram. Saudades de coisas que achei que seriam, eu e o futuro do pretérito. Ah, saudades de tudo, que foi e que não foi e poderia ter sido e do que foi diferente do que eu achava e da pureza que nunca mais volta depois que é maculada uma vez.

Saudades de tudo que foi puro e perdeu a santidade. Não gosto de coisas sagradas, não gosto de distanciamento, quero tudo perto, me tocando, me lambuzando. Por isso que estrago tudo, sempre. Porque preciso de carne, preciso tocar, coisas etéreas me deixam maluca, um monte de palavras flutuando na minha cabeça e trovejando, prontas para chover, mas não chovem. Quero ser como o asfalto molhado refletindo as luzes e espirrando poças quando os carros passam rápido demais. Quero que chovam tudo em mim para secar quando amanhecer. Quero tudo, senão não quero nada.

Saudades de vocês, meus queridos. Saudades de nós três.

.: Clara Averbuck :. 10:28 PM

I hate you, talking to myself, everybody staring at me - I'm only bleeding

Eu tenho tanta sorte que compensa meu azar.

Bonita a vista, né?

É. Bem o que eu queria.

Você sempre consegue o que quer.

Só quando não depende de mim.

E quando depende?

Quando depende, estrago tudo.

Ou alguém trata de estragar.

Ou isso.
...

O que foi?

Aquilo.

De novo?

Ainda.

Chega, né?

Preciso terminar o livro.

O livro já terminou. Agora só tem lixo pra ser varrido.

Não quero jogar tudo fora.

Ele já jogou. Bateu o cinzeiro na janela depois de te esmagar para ter certeza que você apagou.

E ainda pisou na minha bituca na saída.

E ainda disse para todos que você tentou queimar seus dedos.

Que merda.

Que merda.

Argh. Porque tem que ser assim?

Acabou, Clarah.

Não pode. O livro.

O livro terminou.

O livro nunca termina.

A pimenteira sobreviveu. Sem água, sem nada, trancada naquela casa suja. Você também sobrevive. E ainda brota.

You took the part that once was my heart... So why not take all of me?

Dá pra parar com isso?

Não.

Dá pra pelo menos tentar?

Não depende de mim.

Depende de quem?

Do tempo.

O tempo está passando. Não parou um segundo.

Nem eu.

Mas você não passa.

Nem ele.

Ele passou.

Preciso terminar o livro.

O livro já terminou.

Preciso aprender a mentir para nós como ele.

É, nisso ele é um gênio. Mas mentiras passam.

O tempo também.

Mas você não.

Nem ele.

Mentiras passam.

Mas eu não.

Estou confusa.

Confusão é bom.

Só quando não depende de mim.

Você se confunde.

Eu não. Você me confunde.

Estou confusa.

Termina o livro.

O livro já terminou.

Então continua como se não tivesse terminado.

Não dá, com essa cadeira vazia.

Senta nela.

Não caibo.

Cabe sim.

Não, eu tenho um bundão.

E ele é um bundão, nada mais justo. Senta ali.

Não dá, cara.

Ah, mas dá.

Não dá.

Tenta.

Tá bom.
...
Ih, coube.

Eu disse.

Você sempre diz.

Você nunca escuta.

Acho que vou começar a escutar.

Deixa com que as cortinas fechem em silêncio, só hoje.

Vou deixar.

Você me escutou! E nem protestou. Estou chocada.

Eu disse.

Você sempre diz, mas nunca faz.

Resolvi variar. Agora cala a boca, pelo amor de deus.

.: Clara Averbuck :. 10:25 PM

Red Hot Chili Peppers

[18.jul - 2'24AM]

Esse negócio de ficar sem internet perdeu totalmente a graça. Chega. Espero ansiosamente os homens do Speedy por aqui nos próximos dias. Venham logo, homens do Speedy. Obrigada, Moço Que Pagou O Speedy. Você vai para o céu, é sério. Obrigada do fundo do meu coraçãozinho murcho. Não estou com a menor vontade de sair da minha casinha, nem para ir até a esquina. Todas as minhas coisas paulistas estão aqui agora, está tudo limpo e organizado e eu fumo cigarros e acendo incensos para acabar com o cheiro de cigarro, olhando em volta, contentíssima por estar sozinha nesta casa com esta vista e meus cds na geladeira. Pois é. O moço dono da casa deixou sua geladeira aí, então a minha está na sala, servindo de porta-cds. O ferro está guardado no congelador e as fitas estão nas prateleiras da porta. Sensacional.

Ando possuindo reais nos últimos dias, então resolvi comprar. Só quem não possuiu reais sabe como é bom poder comprar. Adoro comprar coisas. Não toneladas de coisas, como fazia quando era recebida com nobreza e tinha alcovas de cetim. Coisinhas, porta-retratos e imãs de geladeira e meias e calcinhas novas porque as minahs estavam imprestáveis e livros baratos da L&PM e coisinhas, coisinhas pequenas e baratinhas. Um despertador da Barbie que parece saído de um cartoon, uma caneca de coração, só bobagem. Porque agora minha casa virou casa de gente. A outra era grande demais e parecia que nunca estava limpa e que as coisas estavam espalhadas por todos os lados, todas distantes umas das outras e frias e caladas. Aqui está perfeito, é do tamanho certo para mim, tudo conversa e eu fico quieta. Ando quieta, quase muda. Conseguiram me derrubar, acho, mas já levantei e estou saindo do banho, com aquela moleza pós-vapor. Daqui a pouco me visto e saio para a rua de novo e tudo volta ao normal. O Joo e os Outros chegarão, meus gatinhos lindos. Ainda não os trouxe porque aqui é muito alto e tenho medo que eles caiam. Se o Joo cair, eu me atiro atrás. Na hora. Talvez algum anjo surja e ampare os dois ou entregue um pára-quedas ACME para cada um, mas como acho pouco provável, prefiro esperar que as telas sejam colocadas nas janelas. Telas baratinhas, para poder tirar e levar junto depois onde quer que eu vá.

Minha pimenteira sobreviveu. Quando sequei, ela secou junto. Pensei que fosse morrer, mas ela é a minha pimenteira e não só sobreviveu como está cheia de folhas novas e deu à luz a sete novas pimenteirazinhas. Essa é a minha planta.

Mas ainda está tudo vazio e gelado. Estou pairando no silêncio. Deve ser a falta de internet. Deve ser a falta de bolas. Deve ser a falta do que achei que seria e não foi. Mas a Raquel me disse que chega, senão daqui a uns dias vou começar a me perguntar por mim mesma e não vou me achar. Cessei de sofrer, Raquel. Estou apenas em suspenso e às vezes volto ao turbilhão, mas só porque gosto dele. Mentira. Ele surge e me arrasta e não tenho forças nem vontade de lutar. Antes me surpreendia, agora é só "oh, você de novo", e eu vou, e vou, e nado e engulo um monte de água para depois secar ao sol, deitada na praia, sozinha. Sozinha. Sozinha. Isso nunca vai ter fim.

Preciso comprar um espanador. Um espanador e um roupão. Não quero mais viver sem roupão, depois de passar um fim-de-semana de governanta na casa do meu amigo M. Fiquei sozinha lá, vendo 200 filmes e dormindo e escrevendo e usando o roupão felpudo dele. Procurei por todos os lados um roupão felpudo rosa, mas só achei branco e não posso usar essas coisas brancas porque desboto. Sério. Meu cabelo desbota muito. Então preciso de um roupão rosa ou vermelho. Felpudo e quentinho. Não vou nunca mais usar roupas em casa, só o meu roupão felpudo, se algum dia eu possuir um, junto com pantufas para manter meus pés feios quentinhos.

Someone to watch over me.

Buscando alguma coisa que não sei direito o que é, talvez seja amor, talvez seja inspiração, ar, estou trancada no porão e preciso daquelas lufadas de ar puro, limpo, que vem junto com uma caralhada de luz arregaçando minha alma e meu sorriso e me fazendo levantar do cantinho em um salto e correr para a porta, que sempre fecha na minha cara. É isso. Vivo trancada em um porão e às vezes algumas pessoas abrem a porta da cela e me dão ar e luz e algumas palavras para que eu me enrosque e me esquente, algumas palavras de lã macia. Quando estou quentinha e pronta para sair, blam, a porta bate na minha cara.

Mas se é assim que tem que ser, eu deixo. Se é assim que terei que viver, eu vivo. Porque eu sobrevivo, como a minha pimenteira, que no fim do inverno vai estar cheia de pimentinhas vermelhas como sangue, pronta para tê-las arrancadas e para fazer mais pimentinhas até o dia em que secar completamente.

.: Clara Averbuck :. 10:24 PM

Argh.

.: Clara Averbuck :. 10:23 PM

segunda-feira, julho 15, 2002

Eles não querem que a gente tenha música de graça, mesmo nós, os que não comprariam cds de qualquer forma por ausência total de reais. Então é o seguinte:



.: Clara Averbuck :. 2:01 PM

Acaba de tocar Luis Caldas em um filme francês que está passando no Telecine. O dia de hoje está decretado oficialmente esquisito.

.: Clara Averbuck :. 7:16 AM

domingo, julho 14, 2002

A página do Joo

PRRRRRR

.: Clara Averbuck :. 11:53 PM

I love you Hank

roll the dice

if you’re going to try, go all the
way.
otherwise, don’t even start.

if you’re going to try, go all the
way. this could mean losing girlfriends,
wives, relatives, jobs and
maybe your mind.

go all the way.
it could mean not eating for 3 or
4 days.
it could mean freezing on a
park bench.
it could mean jail,
it could mean derision,
mockery,
isolation.
isolation is the gift,
all the others are a test of your
endurance, of
how much you really want to
do it.
and you’ll do it
despite rejection and the
worst odds
and it will be better than
anything else
you can imagine.

if you’re going to try,
go all the way.
there is no other feeling like
that.
you will be alone with the
gods
and the nights will flame with
fire.

do it, do it, do it.
do it.

all the way
all the way.
you will ride life straight to
perfect laughter,
it’s the only good fight
there is.

xxx

jogue os dados

se você for tentar, vá até o
fim.
senão, nem comece.

se você for tentar, vá até o
fim. isso pode ser perder namoradas,
esposas, parentes, empregos e
talvez sua cabeça.

vá até o fim.
isso pode ser não comer por 3 ou
4 dias.
pode ser congelar em um
banco de praça.
pode ser cadeia,
pode ser o ridículo,
chacota,
isolamento.
isolamento é a benção.
todo o resto é um teste na sua
resistência, de
quanto você realmente quer
fazer aquilo.
e você vai fazer
independente da rejeição
e das piores dificuldades
e será melhor do que
qualquer outra coisa
que você poda imaginar.

se você for tentar,
vá até o fim.
não existe outra coisa que vá te fazer sentir
isso.
você estará sozinho com os
deuses
e as noites se inflamarão em
chamas.

faça. faça.
faça.

até o fim.
até o fim.
você guiará sua vida direto para
o riso perfeito,
a única boa briga
que existe.

.: Clara Averbuck :. 10:35 PM

Rock The Shack

Por falar em mp3 (ninguém falou em mp3, mas é só pra não ter que explicar), baixem o WINMX. Esqueçam essas coisas que vocês usam e baixem o WINMX, que agora tem aquele recurso de achar arquivos pela metade que encaixem na sua metade, que nem o Audiogalaxy. Baixem o WINMX pra baixar Rock The Shack, do New Order. Agora. Sério. E eu vou postar a letra porque sim, porque moribundos têm direitos.

I've been accused of everything
From Timbuctu to old Berlin
I need some armor for my flesh
I need to stop and take a rest

I've been wide-eyed but couldn't see
I stand accused of being me

I believe in politics
I believe in everything
I believe this world of ours is giving me adrenaline
When I hear a baby cry
When I see an old man die
That's just the way it is

Rock the shack, rock the shack, rock the shack, rock the shack
Rock the shack, rock the shack, rock the shack, rock the shack

Yeah that's the way it is

I took each day the way it came
I put my future out of frame
The signs were there for all to see
Like blue eyed mind to you and me
My head laid on my beating breast
I swear to you I pass the test
I walked one hundred thousand miles
And you're the judge who's been my trial

I believe in politics
I believe in everything
I believe this world of ours is just a den of vice and sins
And even on the darkest night
We could reach for the light
And we could get it right

Get it right, get it right, get it right, get it right
Get it right, get it right, get it right, get it right

I believe in politics
I believe in everything
I believe this world of ours is giving me adrenaline
Ten thousand year ago
Crawling on the floor
Well get up Jack
It's time to rock the shack

Rock the shack, rock the shack, rock the shack, rock the shack
Rock the shack, rock the shack, rock the shack, rock the shack

It's time to get up

.: Clara Averbuck :. 9:57 PM

Argh.

Mas tudo bem, passa.

Passa como o dia de ontem, completamente inútil e nada saudável. O meu amigo M. me levou numa churrascaria. Sabe, eu era vegetariana - ou quase, porque dava umas escapadinhas de frango às vezes - até abril do ano passado, quando me desvirtuei completamente comendo um sanduíche de picanha que me deixou inchada e com sentimento de ter engolido um boi vivo e virado o homem de marshmellow. Horrível. Depois, vieram os corações. Comi todos os corações do estado de São Paulo, eu e os Fábios. E agora decidi parar de novo. Chega. Não quero mais comer bicho morto, me faz mal, fico toda pesadona e molenga.

Logo no Dia do Róque. Se bem que está tudo certo: ressaca é altos róque. É sinal de que estava roqueando na noite passada. Mas isso não é desculpa para perder o show do TBO.

Passei o dia inerte, assistindo filmes.



Gossip, do Davis Guggenheim, com vários atores bons e gatos, como Norman Reedus e James Marsden, por quem me apaixonei perdidamente, apesar de ser bonito, Kate Hudson e Joshua Jackson. Os outros eu nunca tinha visto, mas gostei. É o seguinte: três estudantes de jornalismo criam e espalham um boato - baseado em fatos - de que uma garota enjoadinha fez sexo com o namoradinho no quarto de uma festa. Só que a coisa sai completamente de controle. É muito legal, a direção de arte é foda e não é nada óbvio. Adorei. Especialmente porque fofoca é uma coisa recorrente a respeito da minha vida. Ouço cada história a meu respeito que simplesmente não dá pra acreditar. Um dia me perguntaram se era verdade que eu levitei na intervalo quando estava na sétima série. E esse é dos leves. Fora os caras que me comeram, fora as pessoas que me viram fazendo isso ou aquilo. Mas foda-se, isso nunca vai atrapalhar a minha vida. É chato, bem chato, mas não chego a me importar. A única vez que me incomodou foi quando inventaram que eu estava de namorico com um certo rapaz famoso. Fiquei puta, puta de verdade. Inclusive contei pro cara, que achou a história toda engraçadíssima. (É impressionante como sempre consigo desviar os assuntos para a minha pessoa.)

Os outros são Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, que
é legal, mas não achei tão foda quanto disseram. Achei sub-Tarantino e gostei muito mais de Snatch. Não esperava muito mesmo, mas é legal, tem ritmo e boas tiradas e a história é bem-escrita. Divertido. Depois teve Coração Satânico, que é foda, A Morte Pede Carona, que é tenso pra caralho, e Poderosa Afrodite, que estava passando na TV e eu vi de novo porque o Woody Allen é bom demais. E chorei no final. Na verdade, choraria em qualquer filme besta que passasse, ainda bem que era um... Woody Allen? Não, não. Devo ser a única pessoa na face da Terra que chorou vendo esse filme. Ainda se fosse Todos Dizem Eu Te Amo, ainda vá. Mas me deixem, me deixem. A ressaca faz isso com o ser humano.

Hoje eu dormi. Muito. Não tem nada funcionando em mim. Estou gripada, com tosse, com dor nos olhos por causa das lentes, com o fígo inchado e o ombro deslocado. Então dormi, só me restava dormir. Daí acordei, tomei banho e estou andando pela casa com o roupão do M., enrolada no cobertor dele, ouvindo música no som dele e usando o cablemodem dele, que não está em casa e não tem pantufas. Achei um absurdo alguém não ter pantufas. Quer dizer, eu mesma não tenho - minhas pantufas ficaram em Porto Alegre -, mas alguém que tem um roupão tem a obrigação moral de ter pantufas também.

Seria bom se eu reunisse forças para voltar para minha casa, mas olha, tá difícil. E frio. E estou fraca. E velha. E sozinha. E sentimentalóide.

Deve ser o inverno.

.: Clara Averbuck :. 9:55 PM

ressaca . [De re- + saca2.] S. f. 1. Refluxo de uma vaga, depois de se espraiar ou de encontrar obstáculo que a impede de avançar livremente. 2. A vaga que se forma nesse movimento de recuo. [Antôn., nessas acepç.: saca2 (4).] 3. O encontro dessa vaga com outra ( a saca), que avança para a praia ou para o obstáculo. 4. Bras. Investida fragorosa, contra o litoral, das vagas do mar muito agitado. 5. Fluxo e refluxo; inconstância, versatilidade, volubilidade. 6. Bras. Fig. Indisposição de quem bebeu, depois de passar a bebedeira. 7. Bras. Fig. Enfado, cansaço provocado por noite passada em claro.

cirrose [De cirr(o)- + -ose1.] S. f. Patol. Med. 1. P. us. Inflamação intersticial crônica de qualquer órgão: cirrose pulmonar. 2. Doença crônica do fígado, da qual existem alguns tipos, caracterizada pela associação de lesão dos hepatócitos, desenvolvimento excessivo de tecido conjuntivo e formação de nódulos de regeneração; cirrose hepática. Cirrose hepática. Patol. Med. 1. Cirrose (2).

inválido . [Do lat. invalidu.] Adj. 1. Que não vale; nulo, írrito: Este documento é inválido. 2. Que perdeu o vigor; enfermo, débil, fraco, incapaz. 3. Mutilado ou paralítico; inutilizado. ? S. m. 4. Indivíduo impossibilitado de trabalhar, por velhice, doença física ou mental, mutilação ou paralisia. [Cf. invalido, do v. invalidar.]



.: Clara Averbuck :. 12:47 AM

sábado, julho 13, 2002

Todo o vinho que meu corpo agüenta.
Vinho.
Vinho é o fim do diminutivo do nome do meu muso.
Meu muso que impede que eu ame qualquer um totalmente.
Meu muso que me nublou pra sempre e que me faz chorar sem se mexer, sem lembrar que existo.
Ele não lembra que eu existo.
Ele quis esquecer. E acho que esqueceu.
Mas eu lembro dele.
Cada movimento, cada olhar, cada oi, cada nada que ele fez, eu lembro.
Não quero esquecer. Nunca, não vou esquecê-lo, meu muso eterno.
Vinho.
Muito vinho.
Estou rosa. Minha cor predileta.
Bochechas rosadas de vinho.
Calor.
Vou deitar pra passar.

Está frio, mas sinto calor.
Quero morrer, acho.
Morrer é ficar sem o Joo? Então não.
Sem o Joo não dá.
Fiz uma página pro Joo.
Estou tonta demais para dar o endereço.
Tonta de bêbada.
Eu te amo, lembra? Amor não acaba. O Leminski que me contou.

Jogo a cabeça pra trás.

Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.

Paulo Leminski.

São Paulo Leminski.

Vou deitar pra passar.

Eu sou de verdade.

Alguém mais aí é?

.: Clara Averbuck :. 3:16 AM

Bastante vinho.

.: Clara Averbuck :. 2:48 AM

Vinho.

.: Clara Averbuck :. 2:47 AM

sexta-feira, julho 12, 2002

AAAGHHHHHHH!!!!!!!

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ARGH FILHO DA PUTA

.: Clara Averbuck :. 7:35 PM

soltem o guri!

.: Clara Averbuck :. 5:45 PM

Começou

Saiu a matéria sobre a minha pessoa no IG.

Leiam imediatamente.

Eu achei do caralho.

.: Clara Averbuck :. 5:27 PM

Sobre o céu e inferno e os monges e as mentiras e o destino

Quero entender porquê.

Porque você faz isso, porque rouba palavras do ventre alheio para formar as tuas próprias e atirá-las às porcas para depois vê-las morrendo de fome e de dor, porque tudo que sai da tua boca tem o veneno da mentira causadora do pior dos sofrimentos.

Porque você engana a todos de novo e de novo e ainda encontra outros para enganar, e sempre encontrará, porque é tão verdadeiro na sua falsidade que está além de qualquer julgamento.

Porque você escolheu esta vida morta, inútil, corcunda, feia e estúpida.

Porque simplesmente não se rende à sua essência, à sua índole. Querido, me escuta, pela primeira e última vez, me escuta. Você não pode fugir do que está nas tuas vísceras, não pode fugir de si mesmo. Vai acabar louco, amarrado, infeliz em algum canto, se balançando e se arrependendo da sua vida de merda. Vai acabar sem nada, sem ter onde morrer, sem filhos, sem herança, sem vida, sem legado e sem amor. Sem amor. Teu maior medo é ficar sem amor, e no entanto, é assim que tem vivido. Sem amor. Nega o amor que tentam te dar por medo de perdê-lo. Medroso, confuso, perdido no mar de mentiras que criou para se enganar. Nunca vi ninguém se enganar como você. E consegue enganar aos outros também, tão fáceis e manipuláveis que são. Só assim o engano se completa. Você precisa dos outros, teme críticas, preza opiniões dos inúteis e dispensáveis, que mantém à sua volta só porque precisa ser louvado o tempo todo.

Cuidado com o louvor, meu querido.

Me escuta pela segunda e última vez, cuidado com o louvor, cuidado com as mentiras, porque elas cairão todas de uma vez na tua cabeça, te esmagando, te sufocando, te matando, e você não terá para onde fugir, para onde olhar, para quem gritar, porque os fracos nunca permanecem quando o céu desaba. E não adiantará olhar para cima. O céu está vazio. O céu não aceita mentiras, não aceita arrependimento temporário. O céu não vai te aceitar se você continuar tentando enganar a deus se dizendo monge. O céu está vazio para você.

Então me escuta pela terceira e última vez, não foge de si mesmo, não foge da tua alma, da tua essência que te faz ter o poder sobre os fracos. De nada serve ter poder sobre os fracos se não consegue controlar a si mesmo. Pára, pára, PÁRA! Pára e olha para a sua vida, olha para o que queria quando teu sangue era quente, quando fervia nas tuas veias. PÁRA! Pensa no que te faz respirar, no que te fez criar as manhãs mais líricas da tua vida, não, não sou eu, é o que tem dentro do teu peito, teu coração que nunca pára, o filho da puta não pára, então pára! Pára de gelar teu sangue, pára de cortar a tua circulação, pára de se matar aos poucos com essa mediocridade que te cerca, PÁRA! Por favor, pelo amor de Bunker Hill, PÁRA! PÁRA! PÁRA E ME ESCUTA! Coragem, meu querido, você só precisa de coragem, só precisa levantar a cabeça e não ter medo do fracasso, não ter medo de voar, de se atirar no poço mesmo sem saber o que te espera no fundo - água ou pó. Porque o pó já está te sufocando, então tenta, TENTA, arrisca, você não tem nada a perder, tenta se atirar no poço e lavar toda essa sujeira, esse pó grudado em todo o teu corpo, tenta ser puro e fazer o que tem que fazer, porque você sabe, você sabe que precisa disso tanto quanto eu, mas foge, faz tudo errado, vive de destruir a vida das putas virgens e loucas, de marcar peles brancas com pregos enferrujados, pára, PÁRA, PÁRA! Vive, pára de morrer, pára de se matar, pára de tentar não respirar! Quero gritar, gritar por todos os poros, pedir ajuda pra te chacoalhar, pra te acordar dessa vida morta que você escolhe todos os dias. Arranco meus cabelos, enlouqueço, não posso te ver assim, não posso, não devo, servirei para isso, para te acordar, para te livrar desse pântano fétido onde você se enfiou e insiste em afundar e afundar e afundar e se agarrar na gola dos que não se afundam e tentar levá-los junto no teu desespero de saber que pode mas não é capaz de fazer. Faz. Faz. Faz. Pára e faz. Pára tudo e faz. Você precisa disso, precisa fazer antes que seja tarde, então faz, faz agora, faz rápido, sangra, se corta, morre de dor, grita e quebra tudo, todos os vidros e amarras, estraçalha todos os ouvidos junto com as correntes, TE LIBERTA, faz agora, rápido, lento, lindo, corrói o mundo com ácido, faz, faz, faz, urra, grita de dor e de prazer, vive de verdade, vive na verdade, seja livre, você pode, você TEM QUE FAZER. Tem que querer. Sofre de verdade, não só por fora. Explode, meu querido, brilha e depois apaga, mas brilha, por favor, por mim, por você, pelo mundo, por todos que virão depois de nós, FAZ. Ou eu te perseguirei pelo resto dos teus dias, serei um anjo do inferno berrando na tua cara até que você faça, até que tenha a coragem de viver de verdade. Você não me engana, pode enganar o mundo inteiro até o fim, mas a mim você não engana, porque conheço a tua alma melhor do que você mesmo, que quer ser cego. Você não me engana. Tremo, me mordo, ranjo os dentes no desespero de te acordar, te salvar, salvar o mundo junto porque você tem o que todos gostariam de ter mas escolhe ignorar. Você não pode fazer isso. Não pode, não vai. E não haverá fim, não haverá paz até que você faça. Talvez assim encontre o amor que tanto quer, que tanto almeja, que tanto te atormenta quando se permite lampejos de lucidez insana. Não haverá fim, não haverá paz, só cinzas e solidão e vazio até que você faça. Então faz. Faz. Faz agora, antes que agora passe e só te reste olhar para trás e virar uma estátua de sal, inútil, imóvel, sem nada, até que a chuva te dissolva e tudo acabe. Faz, antes que me deixe louca, ainda mais louca. Faz. Faz agora. Abre os olhos enquanto dá, antes que seja tão tarde que a única coisa que te restará serão memórias no futuro do pretérito. Faz. Antes que o nada te engula e você flutue para sempre entre escombros de nuvens, morto, completamente morto e inerte. Faz. Agora. AGORA! Experimenta o êxtase antes de morrer, preciso te ver sozinho como o moribundo vendo um anjo e desistindo de lutar com a morte, se entrega, abre os braços para o teu destino, você não pode fugir dele. Não pode. Se entrega. Você só precisa dar um passo à frente. Se entrega, você não pode brigar com o que já está escrito. Desiste e se atira. Será a coisa mais fácil da sua vida. Se atira. Estamos esperando, olhando para cima, esperando o baque surdo do seu corpo na terra a qual ele pertence. Vem, me dá a mão, esquece o medo. Pula. Agora. Já. Pula. Estamos te esperando aqui em cima.

.: Clara Averbuck :. 4:59 PM

Aiai.
Se ficasse mais um dia sem postar, morreria.

Se ficasse mais um dia sem checar meus emails, morreria. Porque recebi o email mais foda da história da humanidade. Só isso.

Não sei se já disse que troco vários emails com o Dan Fante, grande escritor e filho do meu Fante. Pois mandei minhas letras-poesias em inglês pra ele, já que tenho muita preguiça e não traduzi meu livro direito ainda. Pois ele curtiu e me mandou um conto inédito. Eu tenho um conto inédito do Dan Fante. Gozei.

São Paulo nunca esteve tão cinza.

Aiai.

Vocês não odeiam pessoas que se metem em assuntos alheios sem saber do que se trata?
Eu não.
Só desprezo. Bastante.

Meus dedos estão congelados.

Preciso de algo quente, muito quente. Acho que vou me queimar com a brasa do cigarro.



.: Clara Averbuck :. 4:57 PM

A certeza da certeza faz o louco gritar

[11/7]

Aiai.

Olha, eu nunca vi tanta coisa dar errado na vida de um ser humano. Depois, pra compensar, ganho uma casa grátis por uns meses, essas coisas assim. Minha vida precisa ser medida pela escala Richter.

Eu sabia que essa casa aqui estava perfeita demais para ser verdade. Eu sabia. Agora, fim da tarde de quinta-feira, desatou o pagodão no Bar dos Amigos aqui na frente. Mas não vou reclamar, não posso. Não posso reclamar de nada. É o melhor apartamento em que já morei. Tudo funciona perfeitamente, não estou acostumada. Tem até telefone. Mas é claro que meu modem está queimado, então não adianta.

Ontem de manhã eu gastei 11 reais que não possuía. Passei em uma banca e vi o disco ao vivo do Lobão, Uma Odisséia no Universo Paralelo, pedindo para ser levado para casa, piscando para mim. E você sabe, não posso ver um disco piscando que vou lá e compro. Comprei, é claro. E não me arrependi um real disso. O Lobão é que nem vinho: quanto mais envelhece, melhor fica. Ainda não li a carta que saiu na Folha ontem, depois eu pego, mas confio no Lobão. Aliás, parece que ele é meu amigo. Meu melhor amigo. Ele me entende, somos da mesma coleção. No pacote-encarte-pôster desse disco, onde ele está a cara do Joey Ramone, está escrito "because the only people for me are the mad ones", uma citação do Kerouac. Lindo. Sabe, ele não tem o menor medo de dar a cara pra chutar. E ninguém chuta. Ninguém tem coragem de ir até a luz e chutar a cara dele, porque teria que mostrar a cara também e essas pessoas chutonas são todas cagonas demais, só fazem as coisas anonimamente, achando que abafam.

As letras dele são absolutamente foda. Ele deveria lançar um livro com elas.


Uma, duas, três, já eram quatro da manhã
E eu andando por aí desde que anoiteceu
Perambulando na calçada, de bar em bar
Tentando achar alguma coisa pra me esquecer
Me distrair ou amanhecer
Ou alguém legal pra me abandonar
Pra enlouquecer, um pouquinho talvez
Ou então, sei lá
Foi aí então
Que eu te encontrei
Absolutamente pronta pra arrebentar
Com os corações dos desavisados
Procurando alguma presa pra estraçalhar
Parei e pensei, filosofei
Há sempre uma outra pose por trás de quem posa
Mas ela posa bem
E como animal rastejador te perguntei
Tá afim de ir prum universo paralelo?
Tá afim de arrebentar num universo paralelo?
Você topou, que bom
E me propôs agilizar rapidamente nossa locomoção
Chamar um avião pra se mudar de vez
Pro tal do universo paralelo
E nada ficou com início, meio ou fim
O mundo parou, descontinuou, mudou
Então
Como foi?
Legal
Que bom, como eu gosto de te ver assim
Assim, assim, assim


Foda. Foda. Foda.
Estou sempre arrastando os outros para universos paralelos.

Menina, ela era tão menina... Este é o hino da criança junkie

Hino da criança junkie. Sensacional. Amo esse cara.

Eu era apaixonada pelo baixista do Lobão quando tinha 11 anos. Ele obviamente ainda não era baixista do Lobão, mas era amigo do filho da produtora do meu pai. Fomos todos para a praia juntos, ficamos em uma casa foda na Praia da Pinheira, em Santa Catarina. E eu me apaixonei por ele, que devia ter uns 17 anos. E escrevi no meu diário. E os putos acharam meu diário e leram no meio da sala. Eu quis morrer, sumir, me afogar no mar. Não consegui olhar direito para ele depois disso. Nos encontramos depois de 200 anos no Abril Pro Rock do ano passado, quando tirei essas fotos aí embaixo. Não tive mais vergonha.







Sei que estão pequenas, mas as originais estão perdidas em Porto Alegre com o resto da minha vida.

Tenho tantas coisas pra escrever sobre o Lobão. Mas agora tenho que ir, preciso estar na MTV em 45 minutos. É. Vou no Meninas Veneno, falar da única coisa que me chamam para falar: sexo. Não agüento mais isso. A pessoa passa a vida lendo e ouvindo música, pode falar para sempre sobre isso, mas só me chamam pra falar sobre dar e sobre tamanho de pau. Saco. Mas tudo bem, tudo bem. Vou ali, mostrar a cara. Porque mostro a cara sem nenhum medinho. Não tenho medo de nada. Só de cachorros, às vezes, mas até eles andam gostando de mim ultimamente. Deve ser o cheiro do Lobão.

...

Voltei. Foi legal, sabe. Achei que seria micão, mas tinha só meninas legais. Os caras eram machistas. Todos. Um deles era pouco machista, mas é impressionante como os caras se prendem a conceitos-avó e papéis, do tipo "o homem tem que chegar na mulher". Blá. Um deles quase foi linchado, só falou merda. Mas assim, muita merda de verdade. Não sei quando vai passar, parece que é terça.

Claro que teve um mico. Imagina se não teria. Estavam gravando um quadro pro Piores Clipes com Foguinho, aquele mesmo. Ele estava procurando emprego. Tentei fugir, mas não rolou. Espero que cortem a minha parte.

Minha cabeça dói. Muito. Preciso dormir, falei com o Homem do Carreto Barato e amanhã de manhã, finalmente, trarei todas as minhas coisas.

O inferno não tem internet, tenho certeza. Ou tem um monte de modems queimados.

Fiz um roteirinho trimmmassa. Eu e o Perna tivemos a idéia uma vez no metrô e enquanto esperava na MTV, escrevi o roteirinho. Ficou legal. Não vou postar porque sei que tem um monte de gente roubando minhas idéias por aí. Chato, isso de roubarem minhas idéias. Mas tudo bem, cada um que se entenda com a sua consciência. Sem contar que tem uma fonte inesgotável na minha cabecinha. Deve ser por isso que ela dói tanto.

Meu celular não funciona. Não rola. Preciso de uma antena nova, minha chave de fenda fica caindo dentro da bolsa e ninguém consegue me ligar e minha caixa postal fica entupida.

Ai. Minha. Cabeça.
Preciso ir. Saco. Ninguém consegue escrever com a cabeça latejando.

Olá, vazio.
Boa noite, leitores que só me lerão sei lá quando, já que não posto nada há uns quatro dias.
Boa noite, Lobão.
Olá, vazio.
Você nunca vai me deixar em paz?

.: Clara Averbuck :. 4:31 PM

[10/7]

Mudei.
Não sou a mesma pessoa de antes.
Mentira. Sou sim, não posso evitar. Mudei só de casa.
Meu deus, que inferno que é mudar de casa. Nunca pensei que tinha tantas coisas. 2.177 caixas e 7.349 malas. Mais geladeira, fogão, máquina de lavar, o sofá, o carrinho de supimercado, a arara, a estante e os colchões. Imagina o que deve ser pra mudar uma casa de verdade, com móveis e tudo mais. Ouch. Se bem que as pessoas que têm casa, normalmente possuem reais para uma companhia de mudanças, o que facilita a vida de uma forma de jamais experimentarei.

A casa nova é foda. Me sinto na torre mais alta de um castelo. Olho pela janela, milhares de prédios e casinhas e crianças brincando no quintal das casinhas. Não tem sol. Só para elas, só na rua. The sun doesn't shine down here in shadow.

Puta bagunça, talvez um dia consiga arrumar tudo.

Meus gatos logo se juntarão a mim. Meus filhos queridos que estão na creche da Tia Gisele. Eles estão bem e gordos. Ela disse que o Joo abre todas as portas e mia muito. Meu amor felpudo deve estar com saudades. Eu também morro de saudades, minha vida fica vazia sem ele.

Na frente da janela tem o letreiro de uma confeitaria fodona. Não. Não. NÃO-O. Sem chance. A calça azul. Já engordei o suficiente. Mais um quilo e não caberei nela de novo, o que geraria uma séria crise. Sim, sou neurótica, algum problema?

Não trouxe tudo para a casinha nova, o Homem do Carreto Barato ainda não ligou. E preciso limpar minha casa. Digo, ex-casa. Está absolutamente imunda. Nunca houve tanto lixo em um só local na... esquece. Esqueci que moro em São Paulo. Acontece o tempo todo.

Dona Antônia finalmente conseguiu falar com Babai. Ela não discava o prefixo, nunca conseguiria mesmo. Mandou ele me dar um "pito" pelas paredes pichadas. Ela ainda não viu meu quarto. Espero que não seja cardíaca. Mesmo. Detestaria carregar a morte de uma velhinha nas costas para o resto da minha vida.

Fui às compras hoje, enquanto esperava o Homem do Carreto Barato me ligar, o que não aconteceu. Leite, pão, queijo, cereais, papel higiênico, desinfetante e uma garrafa de vinho muito barato. Troco de 5 reais. Foi-se meu dinheiro. Espero que paguem o que devem logo, senão não vou possuir reais para pagar o Homem do Carreto Barato, se é que ele vai aparecer algum dia.

Os dias têm simplesmente sido. Nem ruins, nem bons. Com exceção de ontem, que o Adriano me buscou e ficamos passeando e carregando coisas. Eu amo o Adriano. Ele finalmente me passou o cd com as bases da nossa super banda pra eu botar vocais. Será foda.

Os dias têm simplesmente sido. Passam como que puxados pela gravidade de algum buraco negro. Nem vejo. Anoitece e amanhece e tudo que eu fiz foi fumar meus Luckies e viver dentro da minha cabeça. Pensar até sair fumaça enquanto desempacoto minha vida. Desempacotar é tão ruim quanto empacotar. O James diz que unpacking é legal, porque você descobre coisas que já tinha até esquecido. "It's like christmas". Sweet James. Falamos ao telefone hoje por duas horas e meia. Impressionante. Faz quase um ano que nos conhecemos em Londres e continua a mesma coisa do primeiro dia. Mas ele está tão, tão longe que parece ficção. Que novidade. Ficção acontece comigo o tempo todo.

O relógio fazendo tic-tac-tic-tac em algum lugar da casa. Não sei onde está. Os minutos pingando como uma torneira estragada e o relógio carimbando e jogando-os nas gavetas perdidas da minha vida.

E eu aqui. Na mesma. Sempre igual, sempre diferente.

Preciso me perder. Preciso de algo muito quente pra me escaldar e me fazer chorar. Preciso de palavras que me façam flutuar mais alto do que antes. Preciso abrir aquela garrafa de vinho que está na cozinha. Preciso parar de dançar com o diabo. Às vezes ele me dá umas rasteiras bem bonitas. Mas eu caio e levanto com os joelhos esfolados e o filho da puta já foi embora, rindo. Um tiro só não vai me derrubar. Ele nunca me ganha. Nunca vai me ganhar. Vai tentar até o dia em que eu morrer e não vai me ganhar. Eu vou pro Céu da Cirrose. Está escrito desde que nasci: eu venci. E nada vai mudar isso, nem fome, nem frio, nem sono, nem falta de amor. Fico sozinha com as vozes na minha cabeça gritando tão alto que nem escuto mais.

Preciso me perder por essas ruas novas, cheias de luzes que piscam como que me chamando, sinalizando para que eu vá adiante.

Preciso parar de querer abrir aquela garrafa de vinho que está na cozinha. Não sei onde está o saca-rolhas.

Preciso dormir, estou com sono e minhas costas doem. Meu corpo está se rendendo, ando precisando dormir e as bolas já não fazem mais efeito sozinhas. Preciso de duas. Logo, precisarei de três. Então pararei de novo, até ver que não preciso delas. Sou mais forte do que qualquer comprimido idiota. Não preciso deles, apenas gosto. Não vou ser escrava de uma droguinha metida a besta que vem em cartelas. Não vou ser escrava de ninguém, nunca mais. Só de mim mesma.

Preciso dormir. Boa noite para quem não está ouvindo.

.: Clara Averbuck :. 4:30 PM

(((((((((((((UUUUUUUUUUUUFFFFFFFFFFFFFA)))))))))))))))

Voltei.

.: Clara Averbuck :. 4:27 PM

segunda-feira, julho 08, 2002

Frase estúpida do dia

"Você pode me ligar em cinco minutos? Preciso achar a antena do meu celular."

Meu deus. Que coisa ridícula. Mal sabia o rapaz que a antena do meu celular é uma chave de teste. Sabe, aquelas chaves de fenda com luzinhas dentro. Bom, pelo menos funciona.

.: Clara Averbuck :. 3:03 PM

The days run away like wild horses over the hills

Segunda-feira.
Voltei à minha dieta: nenhum sono, muitas pílulas, pouca comida.

Uma cadeira vazia no meio do meu coração.

Um monte de pensamentos bobos, um monte de fotos na minha cabeça.

Nuvens nos olhos. Preciso tirar essas lentes baratas.

Dias de olhos arregalados e anfetaminas amigas.
Dias de hiperatividade mental, de contar coisas, muitas coisas e ler emails e responder e espremer todos os significados de cada vírgula alheia e das minhas próprias.
Dias de me afogar em mim.
Dias sujos, como água parada num pântano de noites mortas.
Dias estuprados pela luz que invade a janela do apartamento.
Dias vazios, que simplesmente são.
Dias sem ti, seu merda.
Dias sem ti.
Sem ti.

Assim não dá.

Quero esquecer tudo.
Tudo o que passou, quero transferir para o papel e parar de sentir, parar de sentir a tua presença, as tuas palavras me sufocando o tempo todo, enrolando-se no meu pescoço e apertando meu coração idiota. Quero te espremer, te expurgar, te expulsar de mim, te arrancar do meu peito como se fosse uma pústula, porque você só me alimenta com veneno.

Alô, Jesus. Dá pra mandar parar ou tá ruim?
Oh, imaginei.
Só dá ocupado.
Tu, tu, tu, tu.

Sammy, o fantasminha.
Assombrando cada quarto, cada casa, cada copo, cada corpo.
Esfriando cada abraço quando invade a minha cabeça.
Ele simplesmente entra, o bastardo tem a chave.
Sammy, oh, Sammy.
Quantas coisa eu queria te mostrar e você nunca vai ver. Quantos livros, quantos sonhos, quantas tardes em claro, quantas taças cheias de chuva e de vinho e de riso poderíamos ter bebido, Sammy, seu cuzão.
Nunca mais vai chover riso nem luzinhas nem nada.
Nunca mais vai chover nada, está tudo seco, esturricado, rachado, terra vermelha e seca subindo em pó e manchando minhas roupas brancas, grudando no meu cabelo, na minha pele, nos meus cílios, entrando no meu nariz.

Su-fo-can-do.

Você me deixou na praia e foi embora, você me deixou dormindo no meio do campo.

Eu nunca deveria ter acordado.

Poderia conversar contigo para sempre em sonho. Gostaria de dormir para sempre e sonhar com o que não aconteceu.
Tanta coisa, tanto, demais.
Tarde demais.
Uma vida inteira passa pelos meus olhos.
Nunca mais vou ter paz até adoecer de novo.
E eu não caio mais; virei uma pedra e me misturei com a terra.

Sammy, oh, Sammy, seu merda.
Acho que você me matou.
Mas eu sobrevivo.

Nasço de novo em alguma árvore. Broto, pequenininha, cresço bem rápido, tenho um dia inteiro para ser a mais linda e depois caio, ploft, de volta à terra. Depois eu nasço de novo. E de novo. E de novo, até cansar. Daí eu caso e engordo.

Haha.

Sammy, oh, Sammy, seu...
Seu...
Seu... filho da puta maravilhoso.
Olha a bagunça que você fez.

Muito obrigada, meu querido. Muito obrigada.

.: Clara Averbuck :. 12:33 PM

Socorro, estou com a musiquinha do Popeye na cabeça.

.: Clara Averbuck :. 11:25 AM

Smart Went Crazy

Eu disse que ia dormir, né? Ando mentindo bastante, ultimamente. Acabei de mandar um email enorme para minha mãe linda, que vou ver em alguns diazinhos. Minha mãe linda que me ensinou a ler as coisas certas desde sempre, que assinava a Bizz e me encobria antes do meu pai desistir de tentar me domar. Porque chegou uma hora que ele desistiu, viu que não adiantava e passou a andar do meu lado. Grande Babai. Já vou, Babai. Assim que eu conseguir domar o cavalo em que estou montada. Ele é muito maior do que eu.

.: Clara Averbuck :. 8:00 AM

EXTRA! EXTRA!

HE'S BACK. OOOOOOOOOOH YEAH!

dá-lhe, judia!

.: Clara Averbuck :. 6:37 AM


vi-cious


.: Clara Averbuck :. 6:21 AM

O Samurai sorriu

Bem, faz uma semana que estou aqui na Anne. Deveria ter ido pra casa nova há um tempinho já, mas meu amigo devogado disse que não preciso sair de casa, que a Dona Antônia fez uma coisa feia chamada coação ilegal. Tão feia que dá processo. Por outro lado, se eu deixar meus pacotes mais dois dias por lá, meu pai vem a pé até São Paulo, me obriga a engolir todos os meus móveis (o que não será tão trabalhoso assim), minhas roupas, minhas panelas e tudo mais e me arrasta pelos cabelos até Porto Alegre. Aí, estou com preguiça. Muita preguiça. Eu vou me mudar. Mas estou com preguiça. E tosse, muita tosse. Nunca ninguém tossiu tanto. Nem comeu. Eu e a Anne estamos comendo como duas porcas albinas grávidas e andando de pijama pela casa. Meu pijama é uma cueca xadrez e uma camiseta do Internet Explorer do irmão dela. Suuuper sexy. E um moleton do Hard Rock Cafe de Estoucalmo. Nunca tive um moleton do Hard Rock Cafe. Não tive adolescência. Mas está frio e eu preciso usar. Está frio, estou doente e o A. me deixa esperando e nem avisa que não vem. Detesto ficar plantada esperando pessoas que não vêm e não avisam. Só eu posso fazer isso. E se tivesse carro, não faria. Mas nunca terei um carro. Não, obrigada. Mal consigo gerenciar minhas próprias pernas quando estou sóbria. Não rola.

O Alisson, aquela judia, que o diga. Ele viu minhas pernas descoordenadas em ação ontem, quando eu e a Anne chegávamos na Trash 80's. Tropecei segundos depois de ter minha foto tirada. Foi ri-dí-cu-lo. Alinhás, quero essas fotos. Mesmo que eu estivesse usando um vestido da Anne que é umas quatro vezes o meu tamanho, o que me obrigou a ouvir comentários graciosos do M. no final da noite sobre meu peso. Bundudão, você sabe o que fazer com seus comentários. Gostoooso. Não estou gorda. E mesmo se estivesse, estou na fase I couldn't care less, especialmente porque caibo na minha calça azul e porque passou a TPM e agora eu vou murchar. Rapaz, foi a TPM mais longa da minha vida. Já estava até usando vestidos de grávida, escolhendo nome e decidindo não avisar o pai, que não merecia saber sobre a suposta existência do pequeno Vicente, que seria lindo e genial e maluco, se fosse genético. Mas ele não existia, então está tudo certo. Mentira, não está tudo certo. Estou decepcionada.

O A. estava impossível ontem. O A. é sensacional: sóbrio, é o rapaz mais respeitável do mundo. Quando enche a cara, solta a franga, abre os braços e não tem quem segure. Eu não seguro mesmo, fujo rapidinho. Cruis. Já aprendi minha lição com ele. Fast as you can baby run free yourself of me. O sujeito bebe, bebe, bebe, reclama da minha conduta exemplar, faz pior, me apresenta como "Frei Tito" para todos os caixas do McDonald's enquanto come as batatas dos desconhecidos achando que são as dele e pensa que vamos todos fumar só porque a Anne tirou da bolsa um cinzeiro descaradamente roubado do Cambridge. É que aqui na casa dela não tinha onde bater o cigarro e nós cansamos de usar copos - desculpa que não se aplica aos dois cardápios, ninguém tem cardápio em casa. Foi pura cleptomania de bar. Sofro desse mal. Ah, esqueci de mencionar que ele enfiou o capacete do M., que é motoqueiro, e recusou-se a tirar ("Pô, eu sempre quis ter uma moto") até a hora de ir embora. Tudo dentro do McDonald's, é claro. Eu adoro os meus amigos.

Existe uma coisa estranha acontecendo no mundo. Os japoneses. É sério. Os japoneses estão por todos os lados. Antes que façam piadinhas sobre eu estar em São Paulo e só não ver japoneses porque não saio de casa, devo salientar que a situação está anormal. Eles andam em grupos grandes, sérios e silenciosos e estão por todos os lados. Estou falando sério. Vi até um samurai na festa. Vi. A Anne é testemunha. E ele era poderoso. E não sorria. Nunca. No momento em que ele sorriu, aconteceu algo que esperei a noite inteira. Foi bizarro. O samurai sorriu e as coisas aconteceram. Acho que não preciso me preocupar com os japoneses onipresentes, eles estão do meu lado. Dos meus dois lados, na minha frente e nas minhas costas. O moço que me emprestou sua casa é japonês. A moça que me depositou reais é japonesa. Até o tio que me ofereceu 400 reais no Love Story é japonês e estava lá. Sempre perto. Acho que era ele, não sei ao certo, minha memória é uma merda. Pensei que fosse oferecer 800 por mim e pela minha garota, mas ele não se manifestou. Ainda bem, porque na situação financeira atual, onde sou obrigada a gastar todo meu dinheiro em lentes de contato, era capaz de aceitar. Não, não era. Não era.

A cadeira continua vazia.
Sempre vazia.
Nada apaga, parece uma foto que vai ficando mais nítida aos poucos. Mais forte. As memórias ficam mais fortes, os detalhes que tinham sumido voltam na minha cabeça e ficam rodopiando lá dentro.

Não posso, não quero, não posso.

Posso, quero, vou.

Maldita geminiana.

Malditos vocês arianos também. Saco. O Fante também tinha mesmo que ser ariano? Qual meu problema com esses malditos arianos? Meu pai. Deve ser meu pai, que inventou de nascer em 29 de março. Todos os homens são o Groo, mas o arianos são mais Groos do que os outros. Orgulhem-se. Tenho um presente para vocês.

terei errado?

Groo mostrando toda sua agilidade mental.


Vou dormir. Estou doente. Muito doente. Preciso de GATAS pra cuidar de mim. Putz, tenho que botar logo em prática minha Agência de mães. Eu e o Marcão estamos à procura de sócios com dinheiro. Nós damos as idéias geniais, vocês entram com o risco e a grana. Puta negócio, em se tratando de mim e do Marcão. Boa noite.

.: Clara Averbuck :. 6:15 AM

Não sei quem me cadastrou no grupo ALMA ALEGRE, que periodicamente manda piadinhas IDIOTAS que só aumentam meu mau-humor, mas admito que foi engraçado. Muito engraçado. Eu faria isso, se quisesse encher o saco de uma pessoa como eu. Rapaz, isso realmente ENCHEU O MEU SACO. Cheguei ao cúmulo de enviar um email para a lista mandando todos enfiarem suas almas alegres em seus respectivos cus e me tirarem daquele grupo de merda para sempre, mas não obtive resposta. Sabe, não adiantava me unscrever. Alguém ia lá e me botava de volta. Fui obrigada a bloquear aquela merda no UOL. Eu mereço.

.: Clara Averbuck :. 3:07 AM

domingo, julho 07, 2002

he keeps my heart in a bubble

.: Clara Averbuck :. 6:06 AM

sábado, julho 06, 2002

Facam o favor de comentar a musica?
Eu vi que todo mundo ouviu, ta'.
VOU FICAR COMENTANDO SOZINHA. COMIGO, PARA MIM, NO MEU PROPRIO GUESTBOOK.

.: Clara Averbuck :. 9:33 PM

Jazzie and the Pussycats
diretamente do teclado sem acentos do irmao da Anne

Movida pela emocao da foto abaixo, resolvi fazer uma pagina para Jazzie and the Pussycats no Democlub, porque o ShowZ raramente funciona. So' coube uma musica, porque as outras estao esquisitas e o sistema nao aceitou. Tudo bem, e' a mais legal mesmo.

Vao la'.

clarah, repita comigo, voce nao e' a jessica rabbit e o thiago nao e' o roger

.: Clara Averbuck :. 5:03 PM

I'm not bad, they just drew me this way

Olha, esse rapazote que não se identificou é um adivinhão. Eu sempre quis ser a Jessica Rabbit. Cheguei a gravar a música que a moça canta no filme. O link está na fotinho. Valeo, moçô. Você fez uma doente tossir mais feliz.

i'm not bad, they just drew me this way.


(Mas bem que podia ter tirado o mãozão do Márvio das minhas costas, néam?)


.: Clara Averbuck :. 4:11 AM

Cansada.

Dolorida.

Toda fodida, só pra variar.

O sedentarismo fez com que todos os meus músculos entrassem em greve após o empacotamento final da casa. Velha enferrujada.

Meus olhos não funcionam mais. Estão vermelhos e irritados. Nada de drogas ou lágrimas, foram as lentes vencidas mesmo. Encontrei meus óculos no buraco negro da minha bolsa furada e joguei aquelas duas lentes incômodas e embaçadas no meio da rua. Agora só posso sair de óculos. Odeio isso. Fora o lado estético, que é um desastre, sou cega demais e parece que tem um degrau embaixo de mim o tempo todo. E os pontos cegos, bem, eles realmente viram pontos cegos. Fui em uma festinha hoje e ficava tirando e botando os óculos, brincando de impressionismo. Já disse que o impressionismo não passa de miopia, mas ninguém bota fé. Só os míopes. Tenho certeza que Monet era míope.

Não tem nada pior do que sensação de metade. Estou pela metade. Sempre estive, já tinha acostumado. Aí vem alguém, dorme no seu pertinho, fala tudo que você sempre quis ouvir e vai embora antes que você acorde. E você nunca mais acorda, sua vida vira um pesadelo. Não um pesadelo assustador. Nada, simplesmente. Um pesadelo onde nada acontece. Nada. Como o Nada da História Sem Fim. Ausência de gravidade, de cheiro, de gosto. De amor e de ódio. De paz e de dor. Ausência de tudo. Nada. Não adianta andar, você não vai chegar a lugar algum. Então você fica parado. Estático, imóvel, inútil. Nada adianta.

Depois passa.

Mas sempre volta. Desde que começou. Sempre volta.

Que nem essa minha tosse maldita. Sofro da tosse maldita, aquelas secas, que fazem doer a garganta. Tosse de taxista velho, sabe? Deve ser o cigarro. Deve ser o ar de São Paulo também. Deve ser de tanto falar sozinha, de tanto bater na parede esperando alguma resposta e sabendo que o quarto ao lado está vazio. O quarto está vazio. O mundo está vazio. O céu está vazio. Tudo, tudo, tudo. Nada.

Viver é temporário.

Espero que essa tosse dos infernos também.

.: Clara Averbuck :. 4:04 AM

And the winner is... lost

Since I'm a trophy
Just take my keys
And my rare comics
And that poster you liked so much
And the cd we listened to that night you won me.

Since I'm a trophy
Just tell everybody that you know my body, that you touched me the way you wanted to
And kept me wearing nothing by your side
And wrote in my panties and in my soul.

Since I'm a trophy
Just yell to the world that I love you
And that you don't want me
And that I cried in front of you
And that I believed all your lies while you were laughing at my back.

Since I'm a trophy
Just keep me in the living room
Next to the books and the plants and the saint your aunt gave you for your birthday.
Just keep me close
And live with all the guilt of being such a cheater.

Since I'm a trophy
Tell our story once in a while, when the house is full of people,
Point at me there on the shelf
And be proud of being filthy.

And when you get tired and lonely,
If you realise all the lies were true
Just let me know
And we'll live happy everafter
If I'm still alive.

xxx

Já que eu sou um troféu, leva minhas chaves, e meus quadrinhos raros, e aquele poster que você adorou, e o cd que ouvimos na noite em que você me ganhou.

Já que eu sou um troféu, conta pra todo mundo que você conhece meu corpo, me tocou do jeito que quis, e me deixou vestindo nada ao seu lado, e escreveu na minha calcinha e na minha alma.

Já que eu sou um troféu, grita pro mundo que eu te amo, e que você não me quer, e que chorei na sua frente, e que acreditei em todas as suas mentiras enquanto você ria nas minhas costas.

Já que eu sou um troféu, me deixa na sala, junto com os livros e as plantas e o santo que a sua tia te deu de aniversário. Me mantém perto. E vive com toda a culpa de ser um trapaceiro.

Já que eu sou um troféu, conta a nossa história às vezes, quando a casa estiver cheia. Aponta pra mim na estante e orgulhe-se de ser imundo.

E quando você ficar cansado e sozinho, se você descobrir que todas as mentiras eram verdade, me avisa. E viveremos felizes para sempre, se eu sobreviver.

.: Clara Averbuck :. 3:43 AM

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  • wanna find me?
  • miau?
  • me espalhe, sou uma peste
  • eu leio a bust