i gave my life to a simple chord

sexta-feira, maio 31, 2002

Isto não é meu

Errrrrrr, ontem eu bebi. Bastante. Esqueçam tudo ali embaixo, foi um surto de estupidez. Vou riscar tudo. Não apago posts, sabe? Só risco. Vou riscar tudo. Tudo mentira. Só lembrei porque meu pai ligou. É, meu pai. Sempre salvando o meu rabo.

Estou quente. Muito quente. Taquicardia. Alguma coisa errada. Alguma coisa certa, em algum lugar.

Não estou em casa. Em breve, não vou mais ter casa. Segunda-feira, eu acho.
Morar em um hotel. EM UM HOTEL.
Thiago disse "que coisa mais de escritor, morar em hotel". Pois é. Não tenho exatamente uma opção.
Um hotel bonitinho, com letreiro rosa e um café embaixo. O Joo vai junto.
Minhas coisas vão para um guarda-móveis até eu ter dinheiro e casa de novo.
Às vezes nem eu acredito na minha vida.

Não vou para o Rio.
Não vou para Porto Alegre.
Não vou fugir pra NY.
Vou ficar aqui mesmo, encarando tudo.
Porque por mais que eu tente, eu não sei fugir. Nem quero saber.

Então tá. Tomorrow is my turn when my luck is returning.

.: Clara Averbuck :. 10:45 PM

Cara, eu não valho nada.
Nada.


Shut up, you drunk bitch.

.: Clara Averbuck :. 4:44 AM

DA SÉRIE "EU NUNCA DISSE ISSO"

Nunca mais vou acreditar em nada.

Nem em estrelinhas, nem em intuição, nem na vozinha que me fala quando as coisas são certas ou erradas, nem em amor. Especialmente em amor. Nunca mais vou acreditar em amor.
Amor só te fode no rabo.Promessas que já vem quebradas.

Vou ficar sozinha.
Sempre acabo sozinha depois de esfregar a cara no concreto, então vou ficar sozinha sem desperdiçar sangue.
Chega, chega, chega, chega, chega, chega, chega, não posso mais.Não quero. Não quero mais nada. Não quero mais saber.
Agüento. Agüento qualquer coisa. Mas não quero mais saber. Nunca mais. Chega.

Eu não passo de uma calcinha no bolso dele.

Nunca mais, nunca mais, nunca mais. Onde eu assino? Nunca mais. Never fall in love again.

Quero morrer antes de quebrar deste jeito de novo. Nunca mais. Nunca mais.


Mentira.

.: Clara Averbuck :. 4:29 AM

VOU DORMIR DE MAQUIAGEM, SÓ DE RAIVA.
BOA NOITE.
ODEIO O MÊS DE MAIO DE 2002. LIXO.

.: Clara Averbuck :. 4:23 AM

- Nossa, você tocou xxxxxxxxxxx!
- Toquei. Poxa, você conhece? Que legal.
- Eu era aluna do xxxxxxxx!
- Ah, sim. (FFFFFSSSSST!)
- Nossa, você não tem noção, muito foda...
- ... (FFFFFFFSSSSSSSSSSTTTTTTTTTTTTTTTTTTT)
- Ele é muito foda...
- Oh. (FFFFFFFFFFFFFFFFSSSSSSSSSSSSSSSSSSSTTTTTTTTT!!!)
- Muito... Nossa, cara...
- Olha só: vou ali, tenho dentista.Tchau.

*AZIA*

*MUITA AZIA*

.: Clara Averbuck :. 4:07 AM

Hoje eu bebi uma coisa que parecia ter menstruação no fundo. Mas era só groselha.
E eu amo o Adriano. Ele é uma das quatro pessoas no MUNDO que pode me chamar de Cla.
E a Ana do Pullovers é minha mais nova melhor amiga.
E o Dean é um dos caras mais legais desta merda de cidade.
E as pessoas curtiram minha discotecagem, acho. Ou fingiram que.

Mas foi novamente uma noite de merda.

Oh, desisti dos homens de novo. Contem comigo na parada gay.

.: Clara Averbuck :. 4:04 AM

quinta-feira, maio 30, 2002

HOJE



Mas o pequeno detalhe é que O ALISSON NÃO VAI MAIS.
Pois é.
Só eu e o Adriano.
Eu nem tou muito afim, pra ser sincera. Mas não vou deixar meu irmãozinho na mão.
ENTÃO FAÇAM VOCÊS O FAVOR DE APARECER NA FESTA. E FALAR COMIGO E TUDO, PORQUE ESTOU CARENTE COMO UM GATINHO ABANDONADO. OBRIGADA.

.: Clara Averbuck :. 5:00 PM

I lie in an early bed, thinking late thoughts
Waiting for the black to replace my blue
I do not struggle in your web because it was my aim to get caught
But daddy longlegs, I feel that I'm finally growing weary
Of waiting to be consumed by you

Give me the first taste, let it begin heaven cannot wait
Forever
Darling, just start the chase - I'll let you win but you must
Make the endeavor

Oh, your love give me a heart contusion
Adagio breezes fill my skin with sudden red
Your hungry flirt borders intrusion
I'm building memories on things we have not said
Full is not heavy as empty, not nearly my love, not nearly my love, not nearly

.: Clara Averbuck :. 1:04 AM

Tô tonta.

Também, fica sem comer...

Ai, não. Calada.

Já disse que se você falar sozinha, vou responder.

Que inferno. Minha vida é um inferno.

Oh, você cria seu próprio inferno.

Mentira. Ele se cria sozinho à minha volta. Conhece geração espontânea?

Ai, Clarah. Você está precisando de ar fresco.

Não estou. Sou feliz assim.

Claro, três dias sem sair de casa, muito bonito.

Eu saí na segunda!

Depois de não ter dormido? Uau, saudável.

Ah, não enche.

Encho. Você precisa sair.

Não, não. Eu preciso saber o que está acontecendo.

Você está ficando maluca, é isso que está acontecendo.

Não é. Estou bem. Está tudo sob controle.

Qualquer um que veja a sua cara amarela e descabelada de pijama vai concordar, pode ter certeza.

Isso não quer dizer nada. Todos os grunges andavam com pijamas iguais ao meu.

Oh, e veja como todos estão bem agora.

Fora o Chris Cornell, que se enfiou no Rage Against The Machine...

Os caras morreram, Clarah.

Todo mundo morre.

Todo mundo tem hora.

A não ser que você escolha.

Vai tomar no cu, babaquinha. Vai se matar, é?

Eu não. É só uma constatação.

Cut the crap.

Eu estava apenas falando sozinha, você que se intrometeu.

Você não está sozinha.

HA! HA HA HA HA!

Ok, então você está. E daí?

E daí que eu não consigo mais.

Faça-me o favor. Depois de velha?

Depois de saber por dois segundos que não era só eu.

Mas você ainda sabe.

Eu não sei nada. Não sei nem o que comi no almoço.

Você não almoçou.

Oh, obrigada. Viu?

...

Nada em nenhum lugar, cara. Nada. Você sabe o que é isso?

Sempre foi assim.

Antes fosse.

Eu avisei.

Antes era.

Agora já foi.

Já pedi a conta?

Já, mas não vai chegar.

Por quê?

Porque você precisa aprender a esperar.

Vai se foder.

Pra quê? Você faz isso por nós duas, doçura.

Eu não mereço isso.

Bom, você escolhe.

ESCOLHO MESMO.

Ui, machona. Então agüenta.

Eu agüento.

Eu sei.

Então CALA A BOCA.

.: Clara Averbuck :. 12:06 AM

quarta-feira, maio 29, 2002

OH, NÃO!

Eu disse que faria uma página só para as minhas músicas, não disse?
POIS FIZ MESMO.
A página mais feia da história da comunicação. Mais tosca, mais feia e mais mal pensada de todas, do mundo inteiro. Mas as músicas estão lá e lá ficarão para todo o sempre. Ninguém vai me pedir certificado digital de cover nem nada. Nunca mais.

Um oferecimento brazileira!preta © webdisasters 2002.

.: Clara Averbuck :. 10:52 PM

Da série "recordar é viver"


.: Clara Averbuck :. 10:08 PM

NÃO. NÃO. NÃO.

.: Clara Averbuck :. 8:51 PM

Garçom, a conta.

.: Clara Averbuck :. 8:45 PM

Tive sonhos horríveis hoje.
Horríveis. Todos os meus medos materializados em textos lindos e bem escritos... Em um sonho. Lembrava perfeitamente de tudo quando acordei, mas tive medo de me mexer e ser tudo verdade. Medão. Meda, pânica, horrora, desespera.

Argh.

Preciso parar de sonhar. Não me faz bem.

.: Clara Averbuck :. 8:43 PM

Oh sim, o Neil Gaiman
Nota: recebi este texto da minha amiga Tati com o subject "Neil Gaiman e seu poder de ser Clarah às vezes"

Amor... Você já amou? Horrível, não? Você fica tão vulnerável. O peito se abre e o coração também. Desse jeito qualquer um pode entrar e bagunçar tudo. Você ergue todas essas defesas. Constrói essa armadura inteira, durante anos, pra que nada possa te causar mal. Aí, uma pessoa idiota, igualzinha a qualquer outra, entra em sua vida idiota. Você dá a essa pessoa um pedaço seu. E ela nem pediu. Um dia, ela faz alguma coisa idiota como beijar você ou sorrir e, de repente, sua vida não lhe pertence mais. O amor faz reféns. Ele entra em você. Devora tudo que é seu e te deixa chorando no escuro. Por isso, uma simples frase como "talvez a gente devesse ser apenas amigos" ou "muito perspicaz" vira estilhaços de vidro rasgando seu coração. Dói. Não só na imaginação ou na mente. É uma dor na alma, no corpo, uma verdadeira dor que entra-em-você-e-destroça-por-dentro. Nada devia ser assim. Principalmente amor. Odeio amor.

.: Clara Averbuck :. 5:12 PM

VOU FAZER UMA PÁGINA PARA AS MINHAS MÚSICAS NO GEOCITIES. COM LICENÇA.

.: Clara Averbuck :. 4:56 PM

The Jewish Affair



Eu era jovem, ok? JOVEM. E bebia. E ele tirou o boné.

.: Clara Averbuck :. 4:53 PM

The Bicycle Thief

Acordei com uma música deles na cabeça e resolvi republicar um textinho meu que saiu na Bizz. Bizz. Não chamo de Showbizz, não adianta.

Forrest Dimension

Bob Forrest é mais um daqueles camaradas talentosos que quase foi engolido pelas drogas. Entre 86 e 93, foi cabeça do Thelonious Monster, uma banda de Los Angeles cultuadíssima por caras como Perry Farrell, do Jane's Addiction. Eles lançaram quatro discos, cada um por uma gravadora, e depois de um entra-e-sai constante de músicos (68 ao total), conflitos pessoais, shows vergonhosos, temporadas na cadeia e a morte por overdose do baixista Rob Graves, a banda acabou.

Em 99 Forrest renasceu das cinzas com uma banda novinha em folha chamada Bicycle Thief, bem parecida com Thelonious Monster. Com 38 anos e longe das drogas, juntou-se a Josh Klinghoffer (guitarra), um moleque multiinstrumentista talentosíssimo, na época com 17 anos, que gravou quase todos os instrumentos do esplêndido You Come And Go Like A Pop Song. O disco traz rock recheado de folk com uma cobertura deliciosa de blues e letras tão honestas quanto um diário, mostrando a enorme vulnerabilidade de Forrest.

Bicycle Thief ficou conhecida nos Estados Unidos no ano passado, abrindo shows do Red Hot Chili Peppers, seus fãs confessos. Em 89, Flea deu uma mãozinha na produção de Stormy Weather, do Thelonious Monster. John Frusciante, que quase fez um teste para integrar a banda pouco antes de ser seqüestrado pelo Chili Peppers, toca em uma das faixas de You Come..., "Cereal Song", uma balada que trata das agruras do vício da heroína. "Tenho sorte de estar vivo, pois eu deveria estar morto. Bem, eu estive morto, mas não estou mais.", choraminga Forrest. Sorte temos nós.

Influenciado por:
Tom Waits, Tom Petty, Neil Young

Disco essencial:
You Come And Go Like A Pop Song (99)

Para baixar nos Napsters da vida
Hurt, Tennis Shoes, Cereal Song e Stoned

.: Clara Averbuck :. 4:14 PM

PASSEI A NOITE INTEIRA, INTEIRINHA TENTANDO POSTAR ESTA MERDA DESTE TEXTO IMBECIL. MAS TUDO BEM, EU NÃO ODEIO NADA. É SÉRIO. JÁ XINGUEI TANTO O BLOGGER QUE A MINHA RAIVA PASSOU.

Até vou parar com o capslock. Como eu ia dizendo, já não estou mais ZANGADA. Estou AMANDO o blogger porque consegui postar. Estou feliz. É como quando alguém se atrasa tanto que você passa da fúria para preocupação, sabe? Pois é. Vou dormir.

BOA NOITE, BLOGGER QUERIDO. ESTOU CONTENTE EM VÊ-LO DE NOVO.

.: Clara Averbuck :. 6:37 AM

Grouchy

Odeio precisar.
Odeio ter que comer. E dormir. E terminar as coisas que comecei.
Odeio precisar de gás. E de luz. E de um chuveiro novo, porque o meu só esquenta na porrada.

Odeio não ter total e absoluto controle sobre a minha vida.
Odeio esperar.
Odeio não conseguir esperar e ficar arrancando os cabelos.
Odeio não saber o que está acontecendo.
Odeio não ter dinheiro.
Odeio pessoas que entram no brazileira!preta procurando por amiga + virgem + 13 anos + oral + foto.
Odeio ser míope como um maldito rinoceronte.
Odeio ter que cortar meu próprio cabelo com gillette sensor.
Odeio quando acham que estou de sacanagem quando falo que corto meu próprio cabelo com gillette sensor, não tenho gás e acordo com um bilhete sobre os cabos de luz do lado da cama. Cama? Colchão. Não tenho cama.
Odeio não ter banda.
Odeio saber que poderia ter uma banda foda.
Odeio meus pés gelados. E minhas mãos petrificadas. E meu nariz dormente.
Odeio reality shows cheios de gente medíocre e desinteressante e de voz fina e que gritam muito e só falam merda.
Odeio buzinas. Buzinas deviam dar choque.
Odeio o blogger e sua mensagem estúpida me mandando voltar em uma hora.
Odeio amor. Amor é idiota. O Neil Gaiman está certíssimo. Vou postar o texto dele.

Eu sou o smurf que reclama.


GROUCHY

No matter what anyone says, Grouchy is against it. He grumbles and mumbles and always thinks negative. Underneath it all, he’s a softy. But he’d hate it if people knew.


Ah.
Na verdade, não odeio nada. Dá muito trabalho. Só fico EXTREMAMENTE ZANGADA, mas é só xingar tudo que passa. Ufa.

.: Clara Averbuck :. 6:32 AM

Quem vai ser o próximo? John Fante? Por favor, não. Blasfêmia não.

.: Clara Averbuck :. 2:16 AM


Mais um fansign, da série "é pra isso que você serve".

(...)
Só estou mandando essa notinha pra dizer que desde que você falou de Nina Simone no seu blog, eu procurei por músicas dela na internet e estou apaixonado, escuto todos os dias.




Fofíssimo, Thiago. Mas acho que a Nina não concordaria. =)

.: Clara Averbuck :. 2:14 AM

Meu recorde de visitas foi quebrado. De novo. Foi quebrado ontem também. O que está acontecendo com as pessoas? E por que eu não possuo reais para pagar a luz nem comprar gás? E qual a velocidade de uma andorinha africana ao migrar no inverno carregando um coco? E quem se importa com o Belo? E qual a porra da diferença entre visits e pageviews, que cada um diz uma coisa?

VISITS

Total 91,268
Average per Day 543
Average Visit Length 1:54
Last Hour 52
Today 1,060
This Week 6,078

PAGE VIEWS

Total 117,853
Average per Day 702
Average per Visit 1.3
Last Hour 63
Today 1,261
This Week 7,524

.: Clara Averbuck :. 12:19 AM

terça-feira, maio 28, 2002

TEM UMA GAROTA CANTANDO NE ME QUITTE PAS NO BIG BROTHER. ISSO ME REVOLTOU O ESTÔMAGO. ELA AGORA ESTÁ CANTANDO KELLY KEY. VÁ TOMAR NO CU, LOLITA DE MERDA. ESSA MÚSICA É SAGRADA. MALDITAS SEJAM AS SÉRIES QUE USAM MÚSICAS SAGRADAS EM VÃO.

* voltamos à programação normal*

.: Clara Averbuck :. 11:52 PM

Estou paralisada.

Antonio Abujamra acaba de ler ao telefone o prefácio que escreveu para o meu Máquina de Pinball.

Foda. Foda. Foda.

.: Clara Averbuck :. 9:30 PM

Ama-me. É tempo ainda. Interroga-me.
E eu te direi que o nosso tempo é agora.
Esplêndida avidez, vasta ventura
Porque é mais vasto o sonho que elabora

Há tanto tempo sua própria tessitura.

Ama-me. Embora eu te pareça
Demasiado intensa. E de aspereza.
E transitória se tu me repensas.


Hilda Hilst

.: Clara Averbuck :. 9:28 PM


Certo.
Desisti de dizer "este será o último fansign".



O pior é que limpei mesmo. Não só o banheiro: a casa inteira. Sou conhecida por limpar a a casa dos meus amigos. Sabe, cada um tem suas manias. Eu tenho mania de limpeza e fico faxinando a casa alheia. Mas não se preocupem, eu nem cobro condução.

E eu pareço um pescoçudo do Caco Galhardo nessa foto.

.: Clara Averbuck :. 6:17 PM

Suite Number Five (de novo)

Arrá! Acharam que eu tinha esquecido deles?
Não, não. Continuo ouvindo, apesar da Nina ter falado mais alto nos últimos dias.
E sabe o que eu ganhei do Guilherme Campos, amigo/produtor/fotógrafo dos mocinhos? Uma foto deles. Eu não sou mesmo uma GROUPIE? (NÃO!)


Suite#5 gravando o cd demo fodão Nothing In The Sky


Ouçam. Gostem. Digam que querem shows. Eu quero show. Agora. Róque. Imediatamente. Se eu passar mais uma semana ouvindo jazz, acho que apago.

.: Clara Averbuck :. 6:00 PM

I wanna be your little whore

Lembram aquela vez em que fui no Love Story xeretar?
Fui de novo.
Mas dessa vez, me pagaram.
CALMA, CALMA.
É apenas um textinho para o IGirl.

.: Clara Averbuck :. 5:38 PM

"Clarah,

cortaram a luz de novo.
E o dinheiro que meu pai mandou por doc ainda não caiu.
Bom, fui lá embaixo, arrebentei o lacre com uma faca e encaixei os
cabos. Parece que funcionou. Mas eles estão meio frouxos e tenho medo
de dar um curto.
Mas agora nós temos luz.

Beijo,
Fábio"

.: Clara Averbuck :. 5:26 PM

Parece que tomei um analgésico.

Hoje eu vou dormir bem.

A chuva parou. O maremoto parou. Estou flutuando e nada vai me afundar.

Você, sempre você. O tempo todo, sempre foi você.
E se não for, não será ninguém.

.: Clara Averbuck :. 4:54 AM

I want a little sweetness down in my soul

Não sei o que aconteceu com o tempo, mas ele andou tão lento nas últimas semanas e tão rápido no último mês. Tão rápido, caí e levantei sozinha um milhão de vezes, me cortei e sangrei e gritei entre quatro paredes esperando um alívio que nunca vinha. Arrancando os cabelos para conseguir... nada. Nada. Louca, sem dormir, sem comer, sem sair, descabelada e quase desesperada. Nada.

Um dia eu escrevi que dez dias me tiraram cinco anos em minutos, dez dias duraram meses, dois dias duraram meses, cinco anos duraram meses e voltei ao ponto de partida.

Acontece de novo e de novo e de novo. Acho que sou um ratinho correndo correndo correndo sem sair do lugar. Bato a cabeça na parede da cela e não adianta, não adianta, nada adianta. Preciso de alguma dose forte de qualquer coisa, preciso deitar e relaxar, parar de cuspir fogo. A paz deve ficar em algum lugar depois da esquina.

Meu coração cabe em um dedal.

Eu só preciso de um pouco de colo. Meus amigos por perto. Calor, preciso de calor, preciso ver que não sou tão mendiga quanto estou me sentindo.

Mendiga.

Implorando em silêncio por qualquer migalha, qualquer moedinha, qualquer coisa. Um pouquinho de doçura na minha vida, só um cubinho de açúcar. Tudo anda tão amargo, dói tanto que mal consigo me manter em pé. Mas eu agüento.

Estou oca. Quero meu pedacinho de volta no lugar. Preciso ver alguma coisa bonita. Está tudo tão feio, tão feio, meu querido. Preciso sentir a sua mão de novo, ver que você ainda está aí, que lembra, que sabe. Preciso saber que você ainda sabe.

Uma palavra e minha alma estará salva. Uma só. Qualquer uma. Quando der. Quando o sol sair de novo. Quando o céu mudar de cor. Quando a lua sorrir no céu. Quando você quiser. Ontem, amanhã, no ano que vem. Quando você quiser. Eu sou sua.

.: Clara Averbuck :. 3:09 AM

Daí eu tinha dito que ia parar com esse negócio de sinais de fã. Mas tem certas coisas que ah, sabe? Enfim. Quer dizer,




!!!

Entende?

Obrigada, Diogo. Amei o fansign psicografado.

.: Clara Averbuck :. 3:04 AM

segunda-feira, maio 27, 2002

Oquei.
Vou ter que tomar uma atitude drástica por aqui.
DORMIR. PELO AMOR DE BUNKER HILL, EU VOU DORMIR.

©

.: Clara Averbuck :. 4:45 PM

SINAIS DIVINOS

Minha preces foram atendidas. Aliás, tudo que peço aqui, acabo conseguindo. Quase tudo, sigh. Mas enfim, fui agraciada com um BANNER DE CRISTO. Estou honrada.



E é o fim dos sinais de fã. Não queremos despertar a IRA do GRANDE, ASSUSTADOR, HORRÍV... Ok, ok. Eu paro.

.: Clara Averbuck :. 3:50 PM

Shadowboxer

Sabe, eu sou uma boxeadora. Vivo atenta, sempre olhando para os lados e dando pulinhos com os punhos cerrados achando que alguém vai me nocautear. Porque é muito fácil me nocautear. Eu sou mole, mole. Mas tem a casca, um baita cascão, uma armadura que não deixa nada me machuchar. Não adianta bater na casca. Também não adianta tentar me enxergar de longe, não dá pra ver nada. Eu mesma não vejo muita coisa quando estou lá dentro. Fico cega, prontinha pra atacar. E às vezes, ataco errado, achando que vou apanhar. Bato antes de olhar. Olha, preciso parar com isso.

O Rái sabe.

E ele escreveu uma coisa sobre a noite de sexta que deixou esta que vos escreve toda emocionadinha e bobinha e bichinha. Leiam. E entendam tudo. Ou não entendam nada, porque vocês não estavam lá afinal de contas.

Mas nós entendemos tudo depois daquela noite gelada, os dois olhando o céu azul-clarinho-roxo-avermelhado-cor-de-rosa de manhã. Eu estava leve, toda tonta, meio torta, quase flutuando por causa de tudo, do vinho, da noite, do céu, da Fiona Apple, de tudo. Foi foda.

Acho que vou jogar minha casca fora.

.: Clara Averbuck :. 2:27 PM

Sabe, eu queria ir no Echo hoje.

*SAP*

Alguém vai me dar um ingresso, ou não?


Esquece.
Ganhei o ingresso há mais ou menos hmmm TRÊS MESES.
É que eu bebo bebi. E não durmo. E tenho 23 anos INTEIROS. Sabe, isso pesa.

.: Clara Averbuck :. 11:45 AM

Mas. Mas... Mas eu não sei.
Mas eu tinha dito.
Eu não sei.

Oh, deus. A feira livre na minha cabeça.

Será que trepanação dá certo com saca-rolhas?

.: Clara Averbuck :. 11:25 AM

E se eu fosse pro Rio?

E se eu pegasse meus gatos, meus amores, as únicas criaturas verdadeiras nesta merda de mundo, e fosse para o Rio? Largasse esta vida, esta vaca, esta cidade que me esmaga e fosse?

Eu posso ir. Preciso mudar de qualquer jeito. Talvez eu deva simplesmente ir para o Rio. Morar em Copa. Eu e todos eles.

...

Acho que vou.

Senti um raio de sol me esquentando. Um pouquinho de calor me esperando. Porque aqui eu falo sozinha e peço a little sugar in my bowl para o nada. O nada não fala. Não há eco. Não há nada. E o silêncio me mata.

Acho que vou.

Acho que vou para o Rio.

.: Clara Averbuck :. 10:59 AM

Vida de Gato

Enquanto eu vou ali ESCREVER COMO UMA DEMENTE, deixo com vocês, leitores carinhosos e queridos que me mandaram duas toneladas de emails fofos de aniversário, com um pedaço do meio do meu livro novo. É muito sem graça botar logo o começo, então escolhi um miolinho.

(...)

Mas eu precisava voltar para São Paulo. Acendi um cigarro e fui até a janela. Senhoras e senhores, à esquerda, temos o mar. Puta que pariu, o mar. Rio de Janeiro, maldita vadia sedutora que não me deixa ir embora. Preciso ir, querida, preciso ir, me dá um beijo, me olha nos olhos com o mar estourando branquinho na praia, deixa o teu sol entrar nos meus ossos, dá forças pro meu corpo cansado e fodido, meu corpo de velha, meu corpo de velha de vinte e dois anos. Meu corpo estava fodido, completamente fodido, acabado, meu fígado dava sinais de desistência depois de acelerar comigo por muitas e muitas voltas. Minha pele ia ficando amarelada, meu estômago rejeitava certas comidas, e foi quando tomei a decisão de só beber vinho. O médico contestou; nem vinho, Camila. Nada de álcool. Certo, certo, o senhor não gostaria também de cortar minhas duas pernas e furar meus olhos, Doutor? Como assim, sem álcool? Ele estava delirando. Tive certeza disso quando ele proibiu também minhas Boletas da Alegria, meus Inibex, fiéis companheiros desde a adolescência, que me mantinham cabendo em minhas calças. Olha, Doutor, não vai dar. O senhor me desculpe, mas não vai dar mesmo. Não posso ficar sem beber. Preciso disso para pensar, Doutor. Não, preciso disso para parar de pensar. Na verdade, preciso disso pra colocar os pensamentos em ordem, em fila, para chegarem no guichê um de cada vez. Senão parece que minha cabeça é uma feira livre, com duzentas pessoas gritando ao mesmo tempo. O senhor entende, Doutor? Não, não acho uma boa idéia ser internada. De verdade. Não, Doutor, não acho necessário. NÃO. É o seguinte: ou o senhor me arruma uma droga que não me mate, ou eu continuo bebendo e tomando bolas e morro. Sim, é problema meu, lógico. Mas o senhor não está aí, tentando dar soluções? Eu já disse o que acho. Ah, vá o senhor tomar no rabo. Se o senhor não fosse conveniado, pegava meu dinheiro de volta. Passar bem.

Botei minha mochila nas costas, meu óculos de sol, peguei meu diskman e fui pra rua. Ainda ia morar no Rio, em Copacabana. Comer camarão e andar descalça. Escrever olhando pro mar. Respirar fundo e sentir meus pulmões salgados ao invés da fuligem que São Paulo tinha para me dar. Não queria nada do que São Paulo tinha, mas alguma coisa me mantinha por lá. São Paulo é como uma mulher que você não consegue deixar, uma mulher velha, feia, com rolinhos no cabelo e creme na cara, que grita e ouve óperas e usa perfumes azedos, e você não agüenta mais, não agüenta mais ouvir aquela voz, ver aquela cara, mas também não consegue se livrar daquilo porque no fundo, lá no fundo, você gosta dela. As crianças já foram embora, casaram, seria fácil pedir o divórcio, mas você simplesmente não pode. Deve ser alguma espécie de karma.

Entrei no ônibus e sentei no fundo. Dormi. Acordei com o cobrador pisando no meu pé e avisando que era o fim da linha. Levantei, meio tonta, desci, comprei minha passagem e entrei no ônibus de 1950, que sacodia como um pau-de-arara e tinha interruptores de luz para a descarga e a torneira do banheiro. Interruptores de luz. Um lixo.

Adeus, meu amor. Até a próxima. Preciso ver a vaca da minha mulher. Inferno, aí vou eu.



.: Clara Averbuck :. 8:26 AM

Meu blog é profético. Estou com medo de mim mesma. Reli o mês passado inteiro e notei que simplesmente falei sobre tudo que aconteceria até agora. Que medo. Se bem que isso pode dar uma grana. Posso ser tele-médium. Sabe, aqueles serviços pagos. Vou anotar a idéia, junto com a da manicure, da consertadora de tês e da stripper.

I.
Talvez eu esteja apenas me acostumando. Vai ser muito pior.

II.
E ainda tem meus 02 projetos de tatuagem, que serão concretizados em breve porque alguém vai me dar de aniversário.

III.
Estou feliz. Muito feliz. Mas morro de medo. Medão, porque eu não posso mais apanhar. Isso não significa que eu vá sair correndo. Não eu. Eu, quando tenho medo, vou lá bem pertinho dele e pergunto "colé, colé?", o que pode ser bem perigoso, porque às vezes os medos me cospem no olho, me queimam o pescoço com charutos, me dão veneno pra beber, me fodem. Mas preciso chegar perto, vou fazer o quê? Eu não sei fugir. Não sei e não quero aprender. Fugir é coisa de bundão. Então eu abro os olhos, ofereço o pescoço, bebo o veneno e me deixo foder. Eu não sei fugir.

Mas estou morrendo de medo.

IV.
Ele não está apenas sendo gentil. Mas você não pode com isso agora.

Ah, posso.

Você que sabe. Depois, nem vem reclamar para mim.

Mas é claro que vou.

Você não aprende?

Só quando quero.

Achei que você queria.

Eu quero ele.

Quer saber? Eu também. Foda-se, vai fundo.

V.
Você vai se dar mal de novo.

Azar, pelo menos eu sinto alguma coisa. Não sentir nada é a pior coisa que pode acontecer a um ser humano. Prefiro sentir isso e depois sentir dor do que viver no deserto.

Você está começando a me convencer, sabia?

Me dá aqui a mão. Olha o tumtum tumtum tumtum.

Uau. Parece que vai explodir.

Olha a minha cara. Olha esse sorriso besta. Olha as estrelinhas nos meus olhos.

Mas você acha que vale a pena passar o resto da vida pisoteando o próprio coração?

Não só acho, como estou pronta para pisoteá-lo como se estivesse fazendo vinho. E depois, ainda dou o sangue pra ele beber.

Você me impressiona, garota.

Essas são as vantagens de saber sentir dor.

Você devia dar aulas.

Eu dou.

.
.
.
Madame Clarah prevê seu futuro, faz strip-tease ao som de Nina Simone, manicure e pedicure, cuida de gatos e conserta tês. Preço a combinar.

.: Clara Averbuck :. 8:05 AM

Menti.
Às vezes eu simplesmente não consigo tentar dormir.

.: Clara Averbuck :. 7:38 AM

Ai.
Acabo de receber um spam sobre AULAS DE HACKERISMO.
HA-CKE-RIS-MO. O curso custa setenta reais. Será que eles aceitam o pagamento em aulas de NEOLOGISMO?

Eu vou dormir. É um sinal. Vou dormir agora.

.: Clara Averbuck :. 4:49 AM

The Trepanation Trust

(...)

No passado, a trepanação era aparentemente usada para aliviar pressão no cérebro causada por traumas, doenças ou libertar espíritos maus. A primeira ainda é aceita como procedimento médico. A última morreu nas partes do mundo em que o conhecimento científico substituiu crenças nos demônios invasores. Huges conseguiu atrair alguns seguidores que têm buracos nas suas cabeças.

Que troço mal escrito. Isso que eu não resisti e arrumei os acentos. Mas ei, temos aí a solução de todos os meus problemas. Entrei em todos os sites sobre trepanação que encontrei e agora sei TUDO sobre o assunto. Poderia até fazer sozinha, mas sou meio descoordenada e temo pela estética da coisa. Alguém me ajuda? Minha furadeira ficou em Porto Alegre, junto com todas as minhas coisas, então acho que teremos que usar uma colher.

Tem mais aqui. Continua aqui. Depois, aqui, acolá e termina aqui.

Então é isso. Furar a cabeça é minha próxima meta. Já estou quase sentindo a paz e o alívio. Estou falando sério.



.: Clara Averbuck :. 4:43 AM

Ø

.: Clara Averbuck :. 3:59 AM

Sinais de fãs

Foi dizer que não recebia fansigns que a Nara Sano e o Mojo mandaram. Ha-ha.
Mas olha, eu nem vou ficar postando fansigns. Só se for algo SUTIL E ARTÍSTICO como o do Mojo ou tipo o FANSIGN DE JESUS que o Thiago Capanema recebeu. Você não pode ignorar um FANSIGN DE JESUS, sabe? Oh, e o da Nara, porque foi o primeiro. Se bem que teve aquela foto do cara de sung... Esquece. Esquece!





Da esquerda para a direita: ceva, Mojo, eu e o Gus COM A BOCA ESCANCARADA, sabe-se lá porquê.


Espero que meus ex-namorados não resolvam aderir à campanha do Mojo. Rapaz, como seria chato.


.: Clara Averbuck :. 12:29 AM

domingo, maio 26, 2002


Estou gasta. É isso. Gasta.

.: Clara Averbuck :. 7:28 PM

Nobody's fault but mine
Diretamente do Caderno Peludinho Cor-de-Rosa ontem à noite

Tô quente demais. Bebi um pouco. Não muito. O suficiente para descongelar meus pés e minha alma. Mas a pressão aumentou. Preciso de trepanação. Preciso quebrar alguma coisa. Um copo. Dez. Uma cristaleira. Uma loja de conveniência. Um prédio, preciso explodir um prédio. Uma cidade. Um quarteirão. Rápido. Ontem. Hoje não adianta mais.

Já sei como será. Na minha casa, sozinha. Está escrito. Sozinha, ouvindo Nobody's Fault But Mine. If I die and my soul be lost, nobody's fault but mine. Meu corpo ficará dormente e não sentirei mais nada. Sozinha, sem dor. Sem lutar, porque uma hora você cansa e amolece. Se entrega e vai. Como se desligassem uma tela e ela fosse apagando aos poucos. O mundo desbotará e meus olhos fecharão. Meu coração será o último a parar, porque o filho da puta não pára. Meu gato vai estar comigo. Meu gato sempre vai estar comigo. E eu vou simplesmente flutuar e ir. Cuida do meu gato.

.: Clara Averbuck :. 7:19 PM

Just a gift

Esqueci de falar dos presentes.
Um big kiss. O chocolate, o chocolate.
Um livro do Perna.
Um cd foda de cantoras de jazz do M.
Coisas de pelúcia rosa. Uma bolsinha do Fábio, meu homemate, e um porta cds, da Lia. Obrigada, fofos. Pelúcia rosa me deixa feliz.

Odeio domingos. Odeio, odeio. Por que num domingo?


.: Clara Averbuck :. 6:36 PM


Trash

Trash 80's, para ser mais exata. Foi onde acabei a noite de ontem. Trash 80's. O Alisson estava pintado de azul na porta.

- Por que você está azul, Alisson?
- Frio.
- Oh.

As pessoas usavam faixinhas de oncinha na cabeça. Os garçons também. O mais legal era ficar olhando aquela gente toda. Ontem eu só queria olhar, não estava afim de interagir.

Antes, no Mercearia, foi trimmmassa. Estranho, mas trimmmassa. Não bebi uma gota de álcool até chegar no Cambridge, mas me dei conta que precisava preencher aquele enorme vazio idiota com alguma coisa, senão chegaria em casa e me deprimiria no cantinho. Escolhi Gin Tônica. Muitas. Sete ou oito, não sei bem. Consegui fazer o quatro na saída, mas isso não quer dizer nada: eu nem lembrava. Não lembro de muita coisa a partir de determinado momento, o que é bom. Certas coisas a gente precisa esquecer.

Acordei na pior ressaca da história. Eu e a Jeanne. A Jeanne é foda. Acho que vou fugir pra Floripa com ela.

Feliz aniversário pra mim então. 23.

Obrigada a todos os leitores que me escreveram. Fiquei realmente tocada com algumas coisas. É muito foda ver o que eu escrevo fazendo diferença de verdade na vida de vocês. Muito obrigada mesmo. Porque o retorno de vocês é o meu pagamento. Seria legal se a imobiliária aceitasse.

"You never get wise, you only get older." - Dandy Warhols

.: Clara Averbuck :. 6:11 PM

sábado, maio 25, 2002


Ah, é.
A minha festa.
Pois é.

...

Tá bom, eu vou.

Meu fígado está bem, obrigada. Quando acordei, ele estava virado em água suja, mas agora que comi um GRANDE PALMITO ECOLÓGICO NA CASCA, estou bem.

Acho que preciso ir.

É, eu vou. Vou. Vou mesmo.

.: Clara Averbuck :. 8:25 PM


Eu não quero ser o Verlaine. O Paul, não o Tom. O Tom eu quero.

.: Clara Averbuck :. 8:15 PM

VAI DORMIR, CLARAH.

.: Clara Averbuck :. 8:52 AM

Aiai.
Tanta coisa pra falar.
O botão de send ali, me olhando.

Não, não. Melhor fingir que é tudo ficção. Pelo menos, termina como eu quiser.

.: Clara Averbuck :. 8:52 AM

Depois

Fui encontrar o Rái. O Rái, também conhecido como Highman.
E enchi a cara de vinho Selvagem, aquele com catuaba.

AI, ME DEIXEM. A PESSOA PRECISA TER ALGUMA FELICIDADE NA VIDA. ESTOU HÁ SEMANAS SEM BEBER, MEREÇO UMA FOLGA.

Meu pai vai me xingar. Ô pai. Foi necessário. Phh. Minha mãe vai balançar a cabeça. Meus amigos vão me bater. Oh, batam. Foi legal pra caralho. Falei pra caralho. Ouvi pra caralho. Caminhamos pra caralho nas ruas de Sorocaba. Sentamos em uma pracinha gelada e bebemos vinho como o Wander. E eu me diverti dez milhões de vezes mais do que se estivesse em SP, esta merda. E tenho um novo amigo. Não um amigo poser, sabe. Um amigo. Isso é tão legal que acho que vou ali terminar de passar muito mal deitada na minha cama. Hoje certamente será um dos piores dias da minha vida, mas eu já esperava. E eu agüento. Um dia a tempestade passa. E se não passar, eu simplesmente saio da chuva, se quiser. Duvido que queira. Adoro me molhar.

Quando saí de casa, escutei algo estranho no barulho do portão batendo nas minhas costas.
Virei.
Era uma grande placa de ALUGA-SE.
Acho que vou embora para o MATO.

Amanhã é meu aniversário. Duvido que eu me sinta melhor do que agora. Foda-se o meu aniversário. Eu só queria uma coisa que não vou ter. E o pior de tudo é que vou fingir ter e isso vai me fazer feliz. Porque eu sou uma imbecil. E estou bêbada, o que me torna ainda mais imbecil.

Enfim.

Pelo menos eu tenho uma editora. E um livro. E ele vai sair. Esse negócio de "eu poderia ter feito, mas não fiz" é estúpido. Eu posso e vou fazer. O Fante poderia ser reconhecido como o melhor escritor americano de todos os tempos, mas acabou engolido pelos roteiros de filmes de segunda que davam muito dinheiro. Não, não. Isso não vai acontecer comigo. Estou MUITO LONGE de ser reconhecida como melhor qualquer coisa, mas se tem algo que não vou fazer é parar de escrever pra ganhar dinheiro. Posso me foder e vender duas cópias, posso morrer miserável na rua abraçada no Joo e no notebuck, posso ter que vender o corpo e meu colchão. Dane-se. Qualquer coisa é melhor do que me agarrar à certeza de que poderia ter feito, se tivesse coragem. Essa é a desculpa dos inseguros & cagões. Não, não. Eu simplesmente posso tentar. E você, honey? Você poderia ser melhor. O melhor de todos, se você sentasse a bunda na cadeira e escrevesse. Acho que esse é o meu desejo de aniversário. Escreve. O resto não importa.

Vou dormir, antes que algo desastroso aconteça. Valeo.

"Nós gatos já nascemos po-o-bres, porém, já nascemos li-i-vres"

.: Clara Averbuck :. 8:32 AM

Estão vendo este post aí embaixo?
Não é meu. Ninguém notou nada estranho? Tudo bem, eu sou muito copiável. Quero ver fazer todos os dias, espertinho.
Isso aí é obra do Thiago Capanema. Ele não é um ótimo emulador de Clarah? Ok, é meio baseado na minha cartinha escrita no caminho (EU DISSE QUE ESTAVA TEENAGER HOJE), mas ele fez quase tudo sozinho.

...

ESTOU FALANDO DO POST, SEU PUNHETEIRO PERVERTIDO.

E eu dei meu Hollywood pra ele. É, o livro do Hank. Dei. Fim. Ele precisa ler o Hank. Quando eu for milionária e esnobe, compro outro pra mim. De qualquer forma, já li tantas vezes... É meu terceiro exemplar. Terceiro. O primeiro veio aos treze anos, mas acho que não entendi direito na época. Ah, tenho essa péssima mania de ficar dando os livros que amo para pessoas que gosto, não consigo controlar.

Pois é. Fui até Sorocaba só pra conhecer o Thiago. Não é legal? Apesar de ter chegado tipo umas QUATRO HORAS atrasada, valeu.

Vou mudar de post pra contar o que aconteceu depois que saí da casa dele. É meio que uma troca de dimensão.


.: Clara Averbuck :. 8:05 AM

sexta-feira, maio 24, 2002

Ok.
Hoje foi meu dia BOZO.
Finalmente chegou o presente da mamãe. Acompanhado de bananas.
Sim. Mamãe preza pela minha saúde e me mandou bananas junto com minhas roupas e livros.
Pena que os malditos funcionários do correio amassaram as bananas. Acho que eles dançaram CANCÃ em cima das bananas.
Sabe, eu não queria as bananas amassadas.
...
BOZO.
...
Depois quando estava de saída descubro que tenho que acertar as correções do livro HOJE. Rápido. Correndo. Fiz, né.
...
BOZO.
Tá, daí eu fui para a rodoviária.
Para a rodoviária errada.
..
BOZO.
...
O ônibus atrasou. Tinha trânsito. O cara ao meu lado roncava e babava. As pilhas do meu diskman acabaram nos primeiros dez minutos. Tudo errado. Deve ser pra compensar todos os presentes que tenho recebido. Oh, deus. Por favor, pare. Prometo que serei uma boa moça de agora em diante. Estou falando sério. Vou embora. Tchau. Orem para que não me aconteça nada no caminho de volta. Não gostaria de perder a minha própria festa.





.: Clara Averbuck :. 11:25 PM

Ok.
Hoje eu tenho 15 anos. Estou teen. Completamente. Estou até com uma espinha na cara. Uma espinha. Então tá.
I'm gonna rock the shack. Buh-bye.

.: Clara Averbuck :. 3:56 PM

MAIS PRESENTES

Meu deus. Meus sais. Mais presentes!
Dessa vez foi o Hell's Angels, do Hunter S. Thompson, com uma dedicatória linda, e uma camiseta de catinho. Thanx, Lucas. =~)

E chegou o presente da minha mãe também. Comédias para se Ler na Escola e Histórias Brasileiras de Verão, do Mestre Supremo LFV. Oh! Que dia belo. Mas ainda estou tensa. Vou ali tomar um banho e usar minhas roupas novas que mamãe mandou para que eu não morra de frio, abandonada nesta cidade feia. <./vítima>

.: Clara Averbuck :. 2:30 PM

ORDENHA

.: Clara Averbuck :. 2:20 PM

Meu gato está muito gordo. Acho que vou colocá-lo em uma dieta. Você sabia que existem rações dietéticas para gatos muito gordos? Pois é. Mas são caras. Talvez eu deva tentar cenouras cozidas. Estou me sentindo o Jon Arbuckle, dono do Garfield. Arbuckle. Averbuck. É. Enfim. Estou tensa.

.: Clara Averbuck :. 1:41 PM

Nina Simone.
Essa mulher.
Essa negona mal-humorada que me olhou torto no show de São Paulo, em 99, e eu saí do caminho, já com 12cm, morrendo medo de levar um socão no olho. Se bem que seria uma honra.

Damn, ela me mata. Ela me toca e me mata e me torce e me faz ouvir cds inteiros no repeat por dias a fio, me faz cantar de olhos fechados e os punhos cerrados deitada no escuro do meu quarto, me faz aprender uma língua que não sei só pra poder cantar Ne Me Quitte Pas direito, me faz escrever por noites e noites e noites só por causa de uma frase. A frase pode nem ser dela, mas parece que tudo que vem dela, é dela. Como Ne Me Quitte Pas, You've Got To Learn, Love Me Or Leave Me, I Get Along Without You Very Well (Except Sometimes), See Me When You Can, Feeling Good e até I Put A Spell On You. Tudo dela. Ela rouba as músicas e ninguém nunca mais consegue pegar de volta. Tem esse disco, gravado ao vivo em 64, chamando Nina Simone In Concert. Nele tem Go Limp, uma "aversão" dessa musiquinha folk chamada Pirate Jenny, onde ela fica conversando com o público, e ri, e os obriga a cantar, e tem total controle sobre aquela gente. É impossível dizer "não" à Nina Simone. Dr. Nina Simone. E quando ela ri muito porque esqueceu um pedaço da letra, também fico rindo aqui, porque eu amo aquela mulher e a risada dela me deixa feliz. E em outro disco, quando ela chora cantando Why? (The King Of Love Is Dead), em homenagem a Martin Luther King, eu choro junto, porque é muito real, muito fodido, muito forte. Como tudo que ela canta. A voz dela tem a densidade de uma bofetada, não dá pra ficar impassível. E as músicas dela? Nobody's Fault But Mine. If I die and my soul be lost, nobody's fault but mine. E Mississipi Goddamn? E The Backlash Blues? E Do I Move You? E I WANT A LITTLE SUGAR IN MY BOWL? I want a little sweetness down in my soul. I could stand some loving, oh so bad. I feel so funny, I feel so sad. Pelo amor de deus. Chega, não posso ficar citando as músicas (não foi nem 1/3 do que ela merece) e lembrando delas e querendo escrever a letra inteira aqui. E nem falei sobre como ela espanca e acaricia o piano de um jeito que só quem sentiu muita dor consegue, só quem tem um tornado por dentro consegue. Damn, Nina. Que vontade de abraçá-la. Só isso. Abraçá-la por tudo que ela fez e é. A mulher deve ter uns 95 anos e continua fazendo shows. Verdade, a voz dela não é mais a mesma. Mas ela é. Mais sofrida, mais velha, mais e mais mal-humorada e mais bêbada. Mas é a Nina. E a Nina é só a cantora e pianista de jazz mais foda de todos os tempos. Só queria abraçá-la. Abraçá-la, dizer obrigado e eu te amo.

4'20AM

[Escrevi isso tudo arrepiada e com os olhos molhados. Só para registrar. Um dia eu ainda consigo escrever um texto sério contando a história dela sem me emocionar e perder a linha. Um dia. Lá longe.]

.: Clara Averbuck :. 11:50 AM

Ontem

Estraguei minhas unhas tentando arrumar um tê idiota. Sim, um tê, aqueles de tomada. Aquela merda. Pelo menos eu consegui. Se precisar de emprego, já posso ser manicure e arrumadora de tês. Ninguém mandou sair do computador e ficar indo ali. Bem feito.

.: Clara Averbuck :. 11:46 AM

Isto foi escrito antes, muito antes, mas esqueci de postar porque me desconcentrei.

--
Estou com a tão esperada máscara de lama vulcânica verde from outer space. Rapaz, este negócio é feio demais. Estar com uma toalha enrolada na cabeça e vestindo um pijama de flanela certamente não ajuda. Sem contar que qualquer movimento facial é impossibilitado. Se eu rir, minha cara racha e eu morro. É sério. Adoro meus dias de Barbie.
--

Agora estou pintando as unhas diante do computador. Pessoas riram e acharam que eu melecaria o teclado, mas não senhor. Tenho vasta experiência nisso. Pintar as unhas escrevendo é altos massa. E é uma forma de não estragá-las enquanto secam, porque você não digita com as unhas. Espero. Eu, pelo menos, não digito. Se você faz isso, deve ser estranho ou defeituoso. Eu sou uma pessoa normal. E completamente inútil. Ma só hoje. Ontem. Hoje. Enfim. O único mal de dormir às sete da manhã e levantar às cinco da tarde é que você acorda no mesmo dia.

Vou ali.









.: Clara Averbuck :. 1:07 AM

quinta-feira, maio 23, 2002

Que vergonha.

.: Clara Averbuck :. 11:55 PM


Estou usando uma TOUCA TÉRMICA, lixando as unhas e lendo a revisão do meu livro que a editora me mandou hoje. Não mudaram quase nada, graças a deus. Só insistiram em "uísque", "vodca" e "xampu", mas como eu sou americanizada e dona do livro, não permitirei.

Daqui a pouco, vou fazer minha super máscara de lama vulcânica verde from outer space. É muito, muito feia. Mas funciona.

Só pra ajudar na visualização.

Sem mais,

.: Clara Averbuck :. 7:23 PM

Barbie Day

Chega de choramingar. Domingo é meu aniversário, sábado é minha festa #1, amanhã vou ter que dar uma idinha ali, o Perna está em São Paulo e eu acabei de acordar e o meu gato é lindo e estou com uma música na cabeça. Ah, sim: chegou mais um presente da minha wishlist: o Subterraneans, do Kerouac. Também chegou um que não estava na wishlist e que era uma das minhas falhas de caráter, A Metamorfose, do Kafka, este vindo do meu amigo e companheiro e jew Shade, que eu nunca chamei de Shade antes mas passarei a fazê-lo a partir de agora. Yeah! Eu não ganho fansigns como certas pessoas por aí, mas ganho sofás, guitarras e livros. E sou MARMANJA, não podemos nunca esquecer disso. Marmanja.

Mas aí, agora eu vou ali cuidar de mim um pouquinho. Hoje será meu Dia Barbie. Porque se estiver jururu, pelo menos quero ficar GATA. Vou fazer todas as minhas mulherzices, pintar o cabelo, arrumar as mãos, usar exfoliante, máscara de lama vulcânica verde from outer space, tirar a sobrancelha etc etc etc etc. Tudo do-it-yourself, claro. Quisera eu possuir reais para pagar por esses serviços. Era legal quando eu era recebida com nobreza até, nadava em ouro e tinha alcovas de cetim. Mas isso acabou. Agora preciso depilar as próprias pernas e fazer as unhas do meu próprio pé. Finalmente encontrei uma utilidade para aqueles MALDITOS OITO ANOS DE BALLET. Só assim pra pessoa conseguir tirar as cutículas do próprio pé mesmo. Com licença.


.: Clara Averbuck :. 5:12 PM

Alguém andou querendo me ler eminglês. Oh, deus. FICA MUITO FEIO E ERRADO. Muito. Mas dá pra entender, essa que é a pior parte.

Emmett, darling, was that you?

Emmett é meu amigo irlandês que fica acessando meu blog e não entendendo picas. Nos conhecemos em Londres e agora ele vem me visitar aqui, se é que eu vou ter uma CASA para abrigá-lo. E depois nós vamos para o Reading. E vai ser tudo foda.

.: Clara Averbuck :. 4:28 PM

MANOLO VIVE.

.: Clara Averbuck :. 4:39 AM


Todo mundo sabe que não existe pra sempre.
Por que as pessoas insistem em querer coisas eternas? A eternidade é muito chata.

.: Clara Averbuck :. 3:59 AM

O vento está desesperado para entrar na minha casa.
Vamos combinar assim: se você levar essas coisas feias, eu abro as janelas. Todas. Escancaro tudo, que nem faço comigo.

Talvez funcione.

.: Clara Averbuck :. 3:53 AM

V

mzrcefo(02:45 AM) :
li outro dia q cálculos renais de bois são vendidos como jóias e sao caros pra caramba. quem sabe, em um certo contexto, essas coisas dolorosas q vc vai acumulando na sua cabecinha nao acabam salvando sua vida?
Lady Averbuck(02:46 AM) :
espero que não tenham que me abrir os rins para isso.

.: Clara Averbuck :. 2:49 AM

IV

Life must be good with your eyes closed.

.: Clara Averbuck :. 2:19 AM

III

Yet each man kills the thing he loves,
By each let this be heard,
Some do it with a bitter look,
Some with a flattering word,
The coward does it with a kiss,
The brave man with a sword!

Some kill their love when they are young,
And some when they are old;
Some strangle with the hands of Lust,
Some with the hands of Gold:
The kindest use a knife, because
The dead so soon grow cold.

Some love too little, some too long,
Some sell, and others buy;
Some do the deed with many tears,
And some without a sigh:
For each man kills the thing he loves,
Yet each man does not die.

.: Clara Averbuck :. 1:53 AM

II

Cami-cami(01:15 AM) :
para de chorar. Eu te levo no playcenter. Eu vou no hopi hari com vc comer algodao doce. Eu te dou de presente algo de pelucia rosa.

.: Clara Averbuck :. 1:20 AM

I

yoga(23:14 PM) :
r u missing home?
Lady Averbuck(23:14 PM) :
muito
Lady Averbuck(23:14 PM) :
não güento mais
yoga(23:14 PM) :
so come
Lady Averbuck(23:15 PM) :
não dá
Lady Averbuck(23:15 PM) :
o livro
Lady Averbuck(23:15 PM) :
os gatos
Lady Averbuck(23:15 PM) :
enfim
Lady Averbuck(23:15 PM) :
me recuso a sair daqui
Lady Averbuck(23:15 PM) :
vim pra cá pra me dar bem, não pra voltar cabisbaixa e deprê
yoga(23:16 PM) :
That's my girl
Lady Averbuck(23:16 PM) :
pois é. vim, agora agüento o tranco.
yoga(23:16 PM) :
está escrito nas estrelas...
Lady Averbuck(23:17 PM) :
está escrito nas estrelas "SMILE, YOU'RE ON CANDID CAMERA"

.: Clara Averbuck :. 1:19 AM


\o/

.: Clara Averbuck :. 12:18 AM

quarta-feira, maio 22, 2002

Oh.
Passou tudo.
Estou rindo e ouvindo uma música foda.
Já ouviu Feeling Good na versão do Muse?
Eu já.

E tenho certeza que em algum momento vai chegar alguém e dizer "Smile! You're on Candid Camera!"

Aiai.

.: Clara Averbuck :. 10:53 PM

É claro que estou bem.
Quando eu ficar em silêncio, vocês podem se preocupar.
Está tudo sob controle.

.: Clara Averbuck :. 4:53 PM

SUPREME CONVULSION
Augusto dos Anjos

O equilíbrio do humano pensamento
Sofre também a súbita ruptura,
Que produz muita vez, na noite escura,
A convulsão meteórica do vento.

E a alma o obnóxio quietismo sonolento
Rasga; e, opondo-se à Inércia, é a essência pura,
É a síntese, é o transunto, é a abreviatura
Do todo o ubiqüitário Movimento!

Sonho, libertação do homem cativo
Ruptura do equilíbrio subjetivo,
Ah! foi teu beijo convulsionador

Que produziu este contraste fundo
Entre a abundância do que eu sou, no Mundo,
E o nada do meu homem interior!

.: Clara Averbuck :. 4:50 PM

"Me contradigo? Pois muito bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões."
Walt Whitman

.: Clara Averbuck :. 4:43 PM


EU SÓ QUERIA QUE VOCÊ ESTIVESSE AQUI E ME DISSESSE TODAS AS COISAS QUE VOCÊ DIZ PRA ELA OU TODAS AS COISAS QUE EU DISSE PARA VOCÊ OU TODAS AS COISAS QUE EU DISSE ALGUM DIA PARA ALGUÉM. PRECISO DE ECO, PRECISO OUVIR ALGO ALÉM DO VAZIO, PRECISO VER ALGUMA COISA BONITA. TUDO É FEIO. EU SOU FEIA, VOCÊ É FEIO, AMAR É FEIO. HORRENDO. ERA TÃO LEGAL ANTES. TÃO LINDO. MAS TUDO MORREU. SECOU. FOLHAS MORTAS SUJANDO O CHÃO. PARECE QUE PASSARAM-SE DEZ ANOS, MAS NÃO FORAM NEM DEZ DIAS. UM MÊS E POUCO E EU JÁ TENHO O TEU NOME NO MEU BRAÇO E UMA CICATRIZ NO CORAÇÃO. PRECISO VER ALGUMA COISA BONITA. O CÉU ESTÁ FEIO, O DIA ESTÁ FEIO, O ESPELHO ESTÁ FEIO. ALGUÉM ME SALVA, POR FAVOR. ALGUÉM ME DÁ A MÃO. PRECISO FICAR PARADA, ESTOU NA AREIA MOVEDIÇA E NÃO POSSO ME MEXER SENÃO AFUNDO MAIS E MAIS E MAIS E JÁ QUASE NÃO CONSIGO RESPIRAR. EU QUERO GRITAR. GRITAR. GRITAR. MUITO ALTO. RACHAR AS PAREDES, TREMER A CIDADE INTEIRA. GRITAR. ALGUÉM ME TIRA DAQUI. A REALIDADE É ESTÚPIDA DEMAIS, QUERO VOLTAR PRO MUNDO ENCANTADO DAS PESSOAS SAGRADAS. AQUI É FEIO. PRECISO VER ALGUMA COISA BONITA DE VERDADE. NÃO POSSO MAIS ME MEXER. ALGUÉM ME TIRA DAQUI. RÁPIDO. ANTES QUE EU PERCA O CONTROLE. EU SÓ PERDI O CONTROLE AQUELA VEZ. NÃO PODE, NÃO DEVE, NÃO VAI ACONTECER DE NOVO. NUNCA MAIS. PRECISO VER ALGUMA COISA BONITA.


.: Clara Averbuck :. 4:27 PM

Sabe aquela sensação que fica depois que você faz alguma coisa errada? Meio que um mal-estar, algo perdido? Eu estou assim. E não fiz nada errado. Estou sorrindo como um gato depois de devorar a samambaia do dono. Ao mesmo tempo, tenho a impressão de que não é comigo. Que dia estranho. Vinte e dois de maio. Sol em gêmeos. Tudo esquisito, até meu corpo está estranho, parece que não é meu.

Pode ser o despejo.
Pode ser a distância de todo mundo que eu amo.
Pode ser algo que li ou comi.
Pode ser o nada.
Acho que é o nada.

Alguém me leva no Playcenter? Nunca fui lá. Acho que preciso comer algodão-doce e andar de montanha russa pra parecer que estou caindo.

.: Clara Averbuck :. 4:20 PM


VAMOS TODOS ABRAÇAR A MARINA AGORA.
EU TENHO INTERNET EM CASA DE NOVO.
VIVA A MARINA! \o/

E tenho trinta reais inteiros, só pra mim. Não dá pra comprar gás, mas não gosto de gás mesmo. Dizem que é perigoso e vaza, às vezes. Pode até matar.

Meus vizinhos foram embora. Estou sozinha no prédio. É um bom momento para os psicopatas tentarem atacar a minha casa. Tenho sonhado com isso. Tenho sonhado muitas coisas estranhas ultimamente. Tudo misturado. Minha vida anda muito mais estranha que o normal, que já é estranho o suficiente para que eu não precise de ficção para ser surreal.

.: Clara Averbuck :. 4:20 PM

Friiiio. Adoro frio.
Mas não tem gás na minha casa. E eu não possuo reais para comprar gás. Então vou ficar aqui no M. até ter coragem de ir pra casa.
Chove bem fininho, parece neve. Dá pra imaginar o frio entrando nos ossos, o vento se aproveitando de todas as frestas. Adoro frio.
Aiai. Esse céu cinzento de São Paulo me dá um aperto no coração.
Tem uma música do Nico Nicolaiewsky, gravada pelo meu pai, chamada Cidade Solidão.

Nada pode ter a dimensão de uma desculpa
Louca, abnegada, prisioneira do convento
Lento, mas fatal assim como afinal no fim
Creio que esse riso amarelado seja um câncer
Contraído pelo mal-estar do sofrimento
Never fall in love again

De hoje em diante, acredito em inferno astral. Em qualquer inferno, para falar a verdade.

.: Clara Averbuck :. 2:04 PM

Ontem a mulher do meu amigo estava assistindo O Clone.
O drama da Mel. Mel drogada, acabada, com olheiras, vendendo o carro dos pais. A vida arruinada da menina drogada. Pobre Mel. As drogas são ruins para você. Não use drogas, amiguinho. Mães e pais, tranquem seus filhos em casa. O mundo é um lugar muito perigoso.

Certo.

Eu quero saber quando vão fazer um programa com pessoas normais que usam dogras a vida inteira e continuam no absoluto controle, como metade do elenco das novelas da Globo, por exemplo. E 90% dos publicitários do universo. E todos os roqueiros. Enfim. Só isso que eu queria saber. Obrigada.

.: Clara Averbuck :. 12:17 PM

Oh, não.

Odeio quando acontecem essas falhas na Matrix. Essas coincidências ridículas que não podem ser coincidências. Do tipo duas pessoas falando da mesma coisa sem saber, pensando na mesma coisa sem saber, sem fazer idéia. Odeio. Porque me faz acreditar de novo. Não quero acreditar em mais nada além de mim.

.: Clara Averbuck :. 11:58 AM

Escutem com atenção agora:

MEU CORAÇÃO NÃO É TOSCO.
É apenas o ÂNGULO da foto. Ele é GRANDE, mas não é tosco, seus seus seus... insensíveis. Não se fala assim do coração dos outros.

Agora, não pude ficar silente ao apelo do Mojo e da Mari. Não, eu não vou operar meu grande nariz torto e hebreu. Se vocês tivessem noção do meu estado financeiro no momento ( -14 reais, nem pra comprar cigarro), RIRIAM de tal afirmação insana. Era meio que uma piada, sabe. Acho que vou colocar um PAYPAL aqui. Hein? Será que adianta?

De qualquer forma, do meu nariz e do meu coração, cuido eu. Devo admitir que não tenho sido exatamente cuidadosa nos últimos tempos, mas enfim. Tudo tem um motivo. Como diria o Maestro Kraunus Sang, "existem coisas das quais não se pode fugir. Ninguém escapa. Cada vida tem o seu tango, e cada tango tem o seu preço."

Yeah, Tangos & Tragédias na cabeça.

.: Clara Averbuck :. 11:47 AM

Estou tão cansada. Meu corpo dói por causa da tensão. Parece que estou encolhendo. Acho que estou, mesmo. Até minhas frases ficaram mais curtas.

Acho que não acredito em mais nada. Acho que vou para casa. Empacotar minhas coisas, meus gatos, meus discos, meus livros e ir para casa. Não me arrependo de ter saído de lá, precisava enfiar a cara na lama. Mas agora preciso limpar toda a sujeira. Estou suja, imunda. Eu agüento, eu agüento, sempre agüento tudo, mas cansei. Nem meu corpo suporta mais, coitado. Preciso hibernar, dormir meses e meses e só acordar quando o sol voltar. Estou fraca e cansada. Lindo isso de caber nas calças, mas elas estão começando a cair. Não consigo comer. Não posso beber. Cansada, mole, fraquinha, tão não-eu. Cansada de ficar esperando algo que me alivie, que me deixe leve. Poucas coisas têm me feito sorrir, além de mim. Engraçado, fico feliz com o fruto da dor. É bom saber que eu mesma sou um alívio para os outros, mas ei, também preciso de um pouco de açúcar na minha tigela, como insistentemente a Nina pede nos meus ouvidos. Paciência, Nina. Muita paciência. É isso que falta. O tempo me mata.

Não sinto mais raiva. Não tenho forças para sentir raiva. Isso deve ser bom. Gostaria de sentir bastante raiva agora, acho que seria uma benção dar uns socos na parede e soluçar bem alto, arranhar meus braços e morder meu lábio com força. Mas só consigo guardar tudo dentro da garganta. Fica ali. Grudado. Estático.

E o filho da puta não pára.

Fumo, fumo, fumo. Fumei demais hoje. Ontem também.

Me deram um cobertor. Não volto para casa hoje. Fico aqui, no sofá.

Cansei. Vou embora desta cidade. Preciso de um pouco de paz.

Amanhã eu mudo de idéia. Amanhã passa. E o que passa não importa. Só as palavras importam.

Amanhã passa. E eu fico. Eu tenho que ficar.

INANIA VERBA

Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
- Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo o que te deslumbrava...

O pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve,
E a Palavra pesada abafa a idéia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?

E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?!


Obrigada, Senhor Bilac. Era isso que eu estava tentando dizer.

.: Clara Averbuck :. 4:40 AM

Bem, estas são minhas novas tatuagens.
Elas não são bonitas?
...
Oquei, guarde seus comentários. Basta UMA pessoa me esculachando por semana, obrigada. Aliás, a foto é uma cortesia de Thiago Capanema, que me ajudou a tapar minha cara porque eu tive a manha de sair QUEIXUDA e NARIGUDA.



Mas eu não pareço a Winona Ryder. Não mesmo. Sério. ESTOU FALANDO SÉRIO. Eu pareço o Perry Farrell.


.: Clara Averbuck :. 12:55 AM

"Meu nariz é TORTO PRA CARALHO"
"O que é isso, nem dá pra notar"

Eu vou fazer uma plástica pra ficar com um NARIZINHO DE TULIPA. Está decidido.
Obrigada, Fi. Você me obrigou a tomar uma decisão.

.: Clara Averbuck :. 12:37 AM

[00:11] [miss-behave] CARA, COMO EU ODEIO POPUPS
[00:11] [\o/] Porque. Eles não te fazem nada.
[00:12] [miss-behave] é como aquelas pessoas que vêm falar com você.
[00:12] [miss-behave] você não as conhece.
[00:12] [miss-behave] e elas falam.
[00:12] [miss-behave] e você não quer saber.
[00:13] [\o/] haha..é uma boa analogia.
[00:13] [\o/] o bom dos popups é que você pode FECHÁ-LOS.
[00:13] [miss-behave] verdade.
[00:13] [miss-behave] as pessoas deviam vir com essas barrinhas do windows.
[00:13] [miss-behave] eu gostaria de minimizar algumas pessoas.

.: Clara Averbuck :. 12:13 AM

terça-feira, maio 21, 2002

Grito. Grito. Bato no peito e grito.
Não há eco. Não há nada.
Silêncio.

Quando amanhecer. Quando parar a chuva. Quando a lua sorrir.
Quando, mesmo?




.: Clara Averbuck :. 8:13 PM

O mundo queima.
Frio. A chuva castiga o asfalto.
Uma ordem de despejo em meu nome.
É estranho não ter para onde ir.
Queimo em silêncio, como meu último cigarro.
Meus olhos estão secos. Minha garganta está fechada.
Nada vai me fazer parar. Vou até o fim no que escolhi.
Minha vida é só o rascunho. Fica tão mais bonito no papel.

.: Clara Averbuck :. 7:38 PM

Nenhum homem vai me dar nada parecido com sentimento de quando termino um texto como a Oração. Vou rezar todos os dias antes de dormir, fazer a oração das Donas do Inferno. Sorrio. Nada me faz sorrir assim.

Mentira. Mentira! Toda vez que estou com ele, é como se tivesse terminado o melhor texto da minha vida. Que merda. Mas daí eu vou lá e escrevo o melhor texto da minha vida. É por isso que preciso dele. Ele me faz escrever o melhor texto da minha vida todos os dias.

Cuzão.

.: Clara Averbuck :. 7:02 PM

Rock the shack

Não vai tocar. O telefone não vai tocar. Atirado no chão, inerte, inútil, mudo, sem propósito. Não vai tocar. Bagunça. Minhas botas, livros, dois maços de cigarro pela metade, páginas traduzidas, meus discos preferidos. Mas o telefone não vai tocar. A guitarra enrolada nos lençóis, um sutiã atirado por cima. Minha carteira com uma nota que tenta fugir com a língua para fora. Silêncio. Cinzeiro cheio. Silêncio. O telefone não vai tocar.

Vem logo, meu querido, não demora, tenho sede, tenho sono, quero dormir ao teu lado. Acorda desse pesadelo e corre para mim. O mundo está vazio. Só você, em algum lugar. Escuto Zombies bem baixinho para ninguém saber que estou aqui. Eles sabem, evidente que sabem, onde mais eu estaria? Mas não quero ser notada. Eles não sabem de nada, são rasos, fazem barulho, invadem meus ouvidos como agulhas quando estou dormindo, sujam meu templo, maculam minha morada, estupram minha vida. Eu estou com você, eu estou perdida. Relendo e relendo e relendo e relendo de novo, tão lindo, tudo tão lindo, um livro pronto que vira monólogo no final. Não tem problema, não existem bons finais felizes. Na boa literatura, todos se fodem. Todos sofrem e morrem de amor ou de peste ou de tuberculose, todos são infelizes e se fodem. Me fodo também, como no poema do Leminski. Que tudo se foda, quero ficar com você. No céu imundo do amor perdido, no céu da cirrose, no inferno, na terra, na minha casa. Quero ficar com você. O vazio está apertando, quero muito te ver sorrindo, te ver bem, brilhando de novo. Você não nasceu para ser pano de chão. Não, você não fica bem nesses trapos, troque já de roupa, lave o rosto, calce as botas, beije a Esperanza e vamos abrir um vinho. De pé, agora. Pode pisar em mim para levantar, se quiser. Ninguém vai deixar o namorado da Camila atirado, devastado, debulhando-se em lágrimas. Avisa quando estiver pronto, vou estar esperando no carro, escutando um róque e fumando um cigarro. Não demora, meu querido. Não demora.

[3´50AM]

.: Clara Averbuck :. 5:56 PM

Que puta susto.

Page not found é o caralho. Está tudo lá. Isso é pau no blogger. Calma, gente.

Meu livro novo já tem dez páginas. Li dois livros inteiros ontem. Escrevi muito. Me sinto bem.

.: Clara Averbuck :. 5:55 PM

segunda-feira, maio 20, 2002

Yadda yadda yadda yadda

O Adriano não quis namorar comigo porque nós somos irmãs. Hmmm tá. Vamos namorar com alguém então? Tenho umas sugestões de nome.
.
.
.
Doze Quatorze Quinze Dezessete pessoas vieram me contar que compraram 1933 foi um ano ruim por minha causa. Dezessete. Passei a tarde contando os emails no meu notebuck desconectado. Dezessete pessoas leram Fante porque eu disse que era bom. Acho que vou chorar.
.
.
.
Domingo é meu aniversário. 23 anos. Meu ano novo. Falei com meus amigos da Mercearia São Pedro e eles me deixaram passar videos. Sábado, oito da noite. Mercearia São Pedro, Vila Madalena. O melhor lugar do mundo.
.
.
.
Nunca mais vou ter internet em casa. Estou falando sério: acabou a internet lá. Vou ter que comprar outra, quando possuir reais.
.
.
.
Passei a tarde lendo. Lendo e escrevendo. Foi bom. Saudades dos meus livros perdidos em Porto Alegre. Saudades do cheiro das minhas estantes, dos meus gatos que ficaram lá, de tudo que ficou lá. Quase tudo. Saudades de tudo que eu não quis deixar.
.
.
.
Passei a tarde lendo, escrevendo e limpando minha casa. Em silêncio. Eu e meus gatinhos. Vi três gatinhos para doação em uma clínica aqui perto e adotei-os. Agora tenho seis gatos. Três filhotes meio siameses, lindos de doer. Um deles é maneta e manco, não tem metade da pata da frente. Eles ainda não têm nome. E ainda nem estão na minha casa, mas amanhã vou buscá-los. Se eles não fossem doados, iriam para algum lugar malvado, disse o moço. Não poderia deixar isso acontecer. Não eu. Não sei se posso ficar com eles, não sei se cabem seis gatos na minha casa, não sei se caberão seis gatos na minha casa nova. Alguém quer um casal de nenês? Estou falando dos dois normais. O manquinho é meu.
.
.
.
Meu aniversário estúpido precisava cair justamente em um domingo? É claro que precisava. Fins de tarde de domingo são os piores. A luz desbotando, o mal-estar flutuando, o dia indo embora e a realidade voltando de patrola. Odeio domingos. Mas acho que esse vai ser legal.
.
.
.
Quando você quiser pegar a minha mão de novo, ouvir aquele disco de novo, ouvir minha voz de novo, pode vir. Estou aqui, no mesmo lugar onde você me deixou.
.
.
.
A partir de amanhã, vou ter que usar o QG SDPM para satisfazê-los, meus queridos leitores. Não faz mal, é temporário. Tenho um pouco de medo de passar tempo demais por lá. Sabe, o cara é fã de Fight Club. Tenho certeza que um dia desses ele vai explodir aquele lugar.
.
.
.
Nenhuma dor pelo dano.
Todo dano é bendito.
Do ano mais maligno,
nasce o dia mais bonito.


[São Paulo Leminski]

.: Clara Averbuck :. 7:12 PM

Yadda yadda yadda

Acho que vou pedir o Adriano em namoro. Em público, assim.
Adriano, quer namorar comigo?
.
.
.
Estou sem speedy, postando do cyber café do pai da Marina Dias, que fica na esquina da minha casa. É só um comentário.
.
.
.
O livro está na editora, quase indo pra gráfica. Revisei pela última vez. Agora não tem mais volta. Meu livro, meu filho, meu primogênito, nascendo no mesmo dia que um de seus pais. O Bukowski, o Bukowski.
.
.
.
Meu fígado nunca mais disse nada.
.
.
.
Tem cartas de duas leitoras minhas na TPM, pedindo coluna e mandando o Doutor Jacó parar de fumar crack. Vocês me orgulham, meninas.
.
.
.
Aquilo ali embaixo é um pedacinho de "Uma temporada no inferno", do Rimbaud. Perguntaram de que banda é. Rimbaud não tinha banda. Mas era altos roqueiro.
.
.
.
Tem uma policial querendo usar o computador. Vou ter que dar uma idinha ali.

.: Clara Averbuck :. 12:51 PM

domingo, maio 19, 2002


I have withered within me all human hope. With the silent leap of a sullen beast, I have downed and strangled every joy. I have called for executioners ; I want to perish chewing on their gun butts. I have called for plagues, to suffocate in sand and blood. Unhappiness has been my god. I have lain down in the mud, and dried myself off in the crime-infested air. I have played the fool to the point of madness.








.: Clara Averbuck :. 9:11 PM

BRMC

Horas ouvindo uma música só, prestando atenção em uma guitarra de cada vez, respirando de olhos fechados. Ouvindo Love Burns, because it does. Because I do. I do. Burn with me, my darling. Burn my clothes and dry my eyes and save my soul. Nothing really matters now. Burning is a sweet relief.

Minha vida é só um rascunho das minhas páginas.

.: Clara Averbuck :. 8:01 PM

Parece que ele foi embora pra sempre.

Eu sei que não. Sei que ele vai voltar e que vai ser foda e que vou sorrir de novo, acordar de novo com ele do meu lado. Mas agora, parece que ele foi embora pra sempre. Porque ele está muito longe. Muito, muito longe. O corpo dele está aqui do lado, dá pra pegar um ônibus e chegar rapidinho, dá pra ir de carro ou de moto ou de trem ou de bicicleta e nem dá tempo de dormir. Mas ele está longe, a milhas, mares, planetas de distância. É provável que nem lembre da minha existência. Deve estar afogando-se em dor e culpa inúteis. Deve estar engasgado, cheio de porquês e tristeza, sentindo-se sozinho e incompreendido.

Eu te entendo, meu querido. Te entendo inteiro. O tempo todo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, eu te entendo. Sei sobre a bola de espinhos rasgando teu peito, sobre a confusão e a dor e a falta de ar e a perda de chão te deixando sem saber para onde ir, sobre os soluços e as lágrimas queimando teu rosto de menino e entrando na tua gola. Sei sobre nada mais importar, sobre o mundo ficar pequeno e perder o sentido. Já estive lá e sobrevivi. Sozinha, fodida, sem ninguém para me dar a mão. Você também vai sobreviver. É forte como eu, nada vai te deixar no chão. E se deixar, estarei aqui para te puxar pra cima e te abraçar e te dar colo e te limpar as feridas. Estarei aqui para qualquer coisa, meu querido. O mundo pode cair, explodir, inundar, me ameaçar, a terra pode tremer e gritar e espernear e fazer o que quiser; nada vai me fazer sair do teu lado. Sabe, eu estava sozinha. Sempre estive. Era só eu. Outros não entendiam, achavam exagerado, dramático, falso. Não entendiam nem nunca vão entender nada. Estava sozinha sempre estando acompanhada. Sozinha. Já tinha me conformado quando você veio. E veio com tudo. Não achei que existisse nada assim fora dos livros que não li e dos filmes que não vi. Agora que sei, nada mais me interessa. Pode ser que um dia você não me queira mais, nunca se sabe para onde a vadia da vida quer nos levar. Não importa, não importa. Você existe. É o suficiente para me deixar dormir em paz.

Mas agora, parece que você foi embora pra sempre. E dói, dói pra caralho, a tua dor multiplica-se um bilhão de vezes em mim, mas tenho que agüentar. Eu disse qualquer coisa. Sei que logo vai ficar tudo lindo de novo, mas agora tenho que sobreviver com uma calcinha rabiscada, uma letra no meu braço e toda a memória que conseguir reunir. A minha é péssima, você sabe. Não esqueço meu nome porque os outros me chamam. Mas lembro tão bem de você. Inteiro. Cada cantinho. Lembro de você inteiro. E cada movimento teu dentro da minha cabeça me dá friozinhos bobos na barriga, soquinhos, meu coração idiota fica dançando e não consigo evitar um sorriso fraquinho.

Se não for amor, não quero nem saber o que é.

Parece que você foi embora para sempre, mas não quero nem saber onde você anda.
Só espero que a nossa vida puta, vadia e doida varrida te empurre logo para os meus braços.
.
.
.
Você realmente roubou todas as minhas palavras. Tento escrever sobre você e só consigo escrever para você. Oh, esqueci que isso era tudo que você queria de mim. Esqueci também de avisar que só vendemos o pacote completo. Dá pra devolver ou tá difícil?

Ah.

Não precisa devolver nada. Pode ficar com elas, junto com o resto. Brinde. De graça. You took the best, so why not take the rest? Take all of me. All of me.

.: Clara Averbuck :. 5:11 PM

sábado, maio 18, 2002

Boy OH BOY

Ganhei uma tatuagem.
Duas, pra ser mais exata. Tapei o om do meu braço, que eu não agüentava mais ver, com um grande coração preto. Eu quero dizer realmente grande. Quase o meu braço inteiro. Do lado dele, uma letrinha. F. De Fante. De Frusciante. E de foda-se, se der tudo errado.



.: Clara Averbuck :. 8:22 PM

sexta-feira, maio 17, 2002

Top top top UH

Sabotagem. Sabotagem.
Dormi demais. O speedy não funciona. Não fui ao estúdio do Gato Fu. Aliás, fiquei sabendo que compartilhamos fãs. Olá, Pato-fãs! Eu sou monga e não acordei pra ir no estúdio. Me xinguem. Agora, só dia 27. Droga.

Tudo errado hoje. Tudo.

E ainda vai ter um eclipse lunar no meu aniversário. Será que isso é bom? Tem que ser. Tem que ser.

.: Clara Averbuck :. 10:06 PM

Oração das Donas do Inferno

Senhor, livrai-me da felicidade.

A felicidade constante é estúpida. Serve para aqueles que desejam uma vidinha normal, uma caminha morna, um beijinho seco de boa noite. Para quem quer a rotina que mata qualquer paixão, qualquer chama, qualquer faísca que possa incendiar uma vida.

A felicidade emburrece. Entorpece. Quero sentir tudo. Deixa doer.

A felicidade é uma cama morna. Preciso de calor. Preciso de brilho nos meus olhos, suor nas minhas costas, vapor nas minhas roupas, preciso do sangue borbulhando em minhas veias. O filho da puta não pára.

Ajudai-me a manter meu caminho de pedras e espinhos, de montanhas e desfiladeiros.
A sangrar e chorar com a dignidade de fazer o que preciso fazer.
A explodir em mil fogos e chover, brilhando, uma vez a cada cinqüenta facadas.
A sorrir sem limpar o sangue seco, porque vale a pena. Tudo vale, porque não saio da minha trilha. Não sei e não quero aprender a andar fora dela. Fora dela não há sentido, não há vida, não há nada além do vazio que me engole quando menos espero, como uma nuvem, uma sombra maldita que me atormenta desde sempre.

Dai-me a força e a coragem de ir até o fim com a cabeça erguida e os olhos fechados.

Estou tonta, rouca, sem ar, cega, perdida. Estou perdida.

Deus deve salvar.

Não se atira no abismo. Se atira em mim.

.: Clara Averbuck :. 2:33 AM

O homem da minha vida hoje

É o último.
Amor não. Eu passo.

.: Clara Averbuck :. 1:15 AM

quinta-feira, maio 16, 2002

Courtney says

Imagine isso: você finalmente encontrou alguém do sexo oposto com quem pode escrever junto. Nunca havia acontecido antes em sua vida. E você está apaixonada, tem um melhor amigo, um parceiro de corpo e alma. E como bônus, ele é lindo. E é rico. E é astro de rock. E é a melhor trepada do mundo. E ele quer ter bebês. E ele completa suas frases. E ele é preguiçoso, mas não fica encabulado ao falar de Jesus ou rezar. E você acha que dá para consertá-lo. É a única felicidade que jamais tive.

***

A Courtney fala um monte de coisas que poderiam ter sido extraídas diretamente do meu cérebro, da minha boca, dos meus dedos. Aquela maldita Clarah wannabe. Eu ainda pego essa mulher.

***

Perdi a respiração de novo.
Acho que o meu coração rachou.

.: Clara Averbuck :. 11:57 PM

"Think dyin's tough...
Dyin' aint shit
The hard part is living
While the dyin's going on."

Something I heard TJ say

.: Clara Averbuck :. 11:17 PM


É impressionante o que um chocolate pode fazer por você. Um chocolate e estou respirando novamente. Ufa. Não deveria comer chocolate. Pode me fazer mal e tem 160 calorias de pura banha, mas creio que seja melhor do que tomar um porre Conan. Eu disse não mais beber. Entorpece, mas não preciso me entorpecer.

Talento. Um talento só. E chega. Me sinto melhor. Passou a tontura. Talvez fosse fome. Ou talvez eu esteja apenas me acostumando. Vai ser muito pior.

°°°

Vocês notaram algo diferente por aqui?

Olhe bem.

Olhe de novo.

Mais uma vez.

Porra.

brazileira!preta agora é ad-free.

.: Clara Averbuck :. 11:15 PM

Não. Não. Não. NÃO!

De novo não.

Vou embora. Embora de mim. Embora desta cidade, pro Rio, pra casa, pra NY ou pra Londres. Vou embora. Servir mesas no primeiro mundo, andar com os olhos baixos, responder com acenos de cabeça, sempre concordando. Não falar com ninguém. Miss Gomez, traga mais um café, por favor. Morar em um quartinho mofado, ouvir as minhas negras em uma vitrola velha e dormir cedo. Ne Me Quitte Pas. Ne Me Quitte Pas. Ne Me Quitte Pas. Meu gato vai estar comigo. Meu gato sempre vai estar comigo. Ne Me Quitte Pas.

Estou tonta. Estou enjoada. Estou paralisada. Mas o filho da puta não pára. Gostaria que ele morresse. Querido, você já viu o suficiente, fez o suficiente, porque você não descansa?

Um dia. Um dia, Clarah. Um dia alguém vai olhar pra você e ver. Moleque hiperativo. Tagarela. Perguntando porquê. Um dia, Clarah, alguém vai adotar o moleque. Mais um chute na cara. Mais uma cicatriz. Pobre moleque. Doente, raquítico, fraquinho. Mesmo assim, ainda de pé.

Antes eu estava sozinha. Sempre estive sozinha. Era só eu. Que saudades de quando era só eu.

Acho que vou ouvir Vicente Celestino.

.: Clara Averbuck :. 8:19 PM


Ai, sabe.

Como, alguém pode me dizer COMO eu posso ser tão idiota?

Digo que dou tudo, faço tudo, paro tudo, e é a mesma coisa que não dizer nada. Nada. Mesma coisa que falar sozinha. Minha mãe já tinha me falado sobre isso. Saio correndo pra ele e não quer dizer nada. Nada.

Nada.

É tão simples. Eu não sou nada. Só uma bóia, uma pranchinha de isopor, daquelas pequenas, que viram farelo com qualquer movimento mais brusco.

Mas eu sou tão, tão idiota, que eu agüento. Eu disse qualquer coisa.

Engraçado, passou minha fome. E minha sede. Passou tudo.

Como se pára, hein? Pára. Pára. Pára. Pára de bater, filho da puta. Pára que eu não te agüento mais. Pára que eu não quero te escutar. Não quero. Pára. Mas ele não pára. Ele nunca me escuta. Ele não me obedece e continua batendo. Todos os outros órgãos pararam, mas ele continua batendo. Sozinho.

O alarme soou e eu não fugi. Acho que quero morrer queimada.

Eu disse qualquer coisa.

Mas ele não escutou.


.: Clara Averbuck :. 7:35 PM

Um nome a zerar

Eu e meu pai tentando decidir meu novo apartamento.

yoga(18:10 PM) :
elevador né?
Lady Averbuck(18:10 PM) :
nem precisa.
yoga(18:12 PM) :
então pede um que tenha um colchão atrás da portaria pra quando tu chegar bêbida, perto duma tomada de alarme pro pronto-socorro, e uma pro cemitério

Céus, a imagem que minha família tem de mim.

.: Clara Averbuck :. 6:27 PM

Da série OUTBOX

Uma vez eu cuspi no Bozo. NO BOZO.

Eu tinha uns 10 anos e estava começando a ficar rebeldezinha. E o BOZO foi na minha escola. Eu não queria de jeito nenhum ver o Bozo, mas me obrigaram porque não teríamos a última aula e eu não podia simplesmente vagar pelos corredores até aquela, err, palhaçada terminar. Então eu fui, muito emburrada, e sentei. E começou o SHOW DO BOZO. Era a música da bitoca no nariz. Eu não sei se tu lembra disso, porque enfim, eu sou tia. E o Bozo veio vindo. E vindo. E vindo. Direto pra mim. Ele deve ter pensado "coitadinha da menina, está tão emburrada, vou ali alegrá-la". E ele se abaixou e ofereceu o nariz. E eu cuspi no Bozo e fui levada pra diretoria.

Dizem que foi aí que ele se afundou nas drogas.

Ok, a última parte é mentira, mas o resto é verdade.

.: Clara Averbuck :. 3:44 PM

Vida de Gato

Comecei outro livro.

O nome provisório é Vida de Gato. Só tem quatro paginazinhas. É nenê, ainda. Mas ei, vai ser legal. E eu adorei o nome.

Já avisei que Máquina de Pinball será lançado no dia 16 de agosto? Perdão, esqueci. Eu sei, eu sei, falta um tempão, ninguém agüenta mais ouvir falar desta droga de livro. Imagino a decepção do amigo leitor quando descobrir que ele vai ter mixurucas oitenta e poucas páginas. Vamos por partes, vamos por partes. Ou vocês pensam que ele não vai ter uma continuação? Vai. Aliás, acho que todos os livros seguintes serão continuação dele. E poxa, vale a pena esperar até agosto, porque o lançamento cai justamente no aniversário do Bukowski. Claro que não é uma coincidência. Aliás, registre-se: não existem coincidências. Quero que meu primeiro livro nasça junto com o Hank. Meu livro, meu Hank. Alguma pergunta? Não? Imaginei.

É bom já ir avisando que meus livros vão ser que nem os filmes do Woody Allen: sempre a mesma coisa, mas sempre diferente. Sempre as mesmas piadas, mas sempre dá pra rir. Sempre no mesmo lugar, mas aquele lugar não cansa nunca. E sempre com o mesmo judeu narigudo no meio da história.

E pretensiosa é a sua mãe.


.: Clara Averbuck :. 3:03 PM

Ajude Clarah a continuar sorrindo (e cabendo em suas calças)

Acabo de começar uma campanha para convencer a mim mesma que não devo nunca mais beber.



Obrigada pela compreensão.

(imagem roubada deliberadamente daqui.)

.: Clara Averbuck :. 1:36 AM

Da próxima vez, procure no bolso

Então acabei indo ao show do Mogwai.

Certo.

Nego que enlouquece ouvindo Mogwai e fala mal de Pink Floyd e Yes deveria ter as cordas vocais removidas (assim como os jogadores de futebol, que podiam muito bem ser mudos).

Duas palavras para o show: ROCK PROGRESSIVO. Alto, distorcido e tão grave que fazia o lugar tremer, mas ainda assim, rock progressivo. Fim.

Meu pai ia adorar. O Arnaldão deve ter se amarrado. É, o Arnaldão. Baptista. Ele tava lá, todo feliz e descabelado, junto com sua senhoura e babá. Mestre. Mes-tre. Até procurei o cara no fim do show pra perguntar o que ele achou, mas não encontrei. Pena.

[Intermission: o hino do Corínthians invade minha casa. Buzinas. Gritos. Rojões. Meu saco.]

Tinha esse moço, conhecido meu, se matando no air guitar lá na frente. Pulava e se balançava, quase caindo, enquanto todo o resto assistia sentadinho e comportado. A banda poderia muito bem contratá-lo para fazer performances. Eles ficariam atrás do ciclorama, aquele fundo que muda de cor, e ele faria o show inteiro sozinho. Quer dizer, sozinho não: ele e sua incrível air guitar. Fico imaginando que marca era. O cara se mexia mais do que a banda inteira junta. Sensacional. Aposto que metade do público morria de vontade de fazer igual a ele, mas eram cool demais e tinham vergonha e faziam chacota do garoto. Ora bolas, ele é feliz. Não se importar de verdade é um dom muito raro.

Bom, chamam Mogwai de Pós Rock. Esses rótulos, vou te contar. O que vem depois de Pós Rock? Novo Rock? Ah, esse também já tem. Oquei. Parece a moeda brasileira: cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo... Pra mim aquilo ali é progressivo e fim.

Antes que algum fã mais afoito escreva amaldiçoando meus gatos, aviso que gostei do show. Não mudou nem minha vida, nem minha opinião sobre a banda, mas foi legal. Puta clima, puta luz (o iluminador precisava de um pouco mais de timing, mas enfim), alto pra caralho. Ensurdecedor. Deve ser legal de ouvir na estrada, de noite, sem ninguém por perto. Bom show. E olha que sou muito chata com shows. Oh, você sabe.

Mas não adianta. Parei no fim de 79 mesmo. Meu negócio é rock. Sem sobrenomes. Como disse um rapazinho na saída: desculpe, mas prefiro Strokes.

.: Clara Averbuck :. 12:15 AM

quarta-feira, maio 15, 2002


Acordei, peguei meu caderno peludinho e fiz uma lista matinal das minhas decisões cruciais para a sobrevivência.

x Beber só quando eu quiser.
x Querer beber menos.
x Arrumar alguma coisa que me deixe acordada e não foda meu fígado.
x Comprar fones maiores para quando for à cadmía, porque todos decidiram FALAR comigo agora que não sou mais uma jaca disforme.
x Sintetizar alguma droga que não me faça mal. Nem me venham com maconha. Eu não fumo maconha nem por dinheiro.
x Vencer a compulsão por espremer os pelinhos encravados das pernas. Isso é muito feio.
x Entregar todos os trabalhos em dia.
x Sair mais de casa.
x Não ficar extremamante incomodada na presença de pessoas.
x Sorrir uma vez por dia.
x Ser legal. Eu fui legal, uma vez. Foi agradável.
x Começar a jogar na Tele Sena.
x Tocar todos os dias. Guitarra, espertinho. Guitarra.
x Parar de pensar naquele menino.
x Parar de escrever para aquele menino.
x Parar de fazer letras para aquele menino.
x Parar de escrever textos para aquele menino.
x Fumar menos.

Reli a lista, amassei, joguei fora e acendi um cigarro. Não adianta. Eu sou assim mesmo.

.: Clara Averbuck :. 3:12 PM




take the antisocial test.


Oh.

.: Clara Averbuck :. 2:20 PM

terça-feira, maio 14, 2002


Uau, mas que pena, liguei e o show já tinha terminado e não daria tempo.
Que pena. De verdade. Mesmo, mesmo. Agora vou ter que ficar em casa ouvindo Nirvana tão alto que a luz treme.

.: Clara Averbuck :. 11:12 PM



Queria ficar em casa alternando Love Me Or Leave Me e Ne Me Quitte Pas. Mas como gosto mais da Anne do que gosto de me torturar, vou ali buscá-la, afofá-la e dividir a TPM.

I want your love, don't want to borrow - have it today and give back tomorrow - your love is my love, my love is your love, and it's no love for nobody else.

As letras de jazz são tão maravilhosamente bregas.

.: Clara Averbuck :. 10:40 PM

Não vou em show de Mogwai nenhum. Ficar em casa ouvindo Zombies que eu ganho mais.

.: Clara Averbuck :. 9:02 PM




Vai ser fooooda. Nós seis juntos vai ser foda.
II+II+II=VI

.: Clara Averbuck :. 8:27 PM




GLAMOURAMA - GRAND BOUTIQUE TOUR 2002

21/05 - Far Up, Cobal do Humaitá, 21h, R$ 5 (entrada) + 10 (consumação). Abertura: Police Cover (!!!!!)

15/06 - Casarão Amarelo, Copacabana, horário e preço a confirmar. Com Nabuco on the Roxy

Compreendendo que o cenário pop brasileiro há muito se ressente de uma total ausência de mitos, fanatismo explícito e calcinhas voando no palco, cinco abnegados mártires resolveram dedicar suas almas à reedição do conceito de roquenrou. Nada de salvar o mundo, nada de causas pró-minorias, nada de rapazes feios posando de existencialistas. O que existe são riffs, grooves e glamour. Enfim, GLAMOURAMA.

Você já ouviu Led Zeppelin, já ouviu Rolling Stones, já ouviu Bowie, T-Rex, toda a laia britânica que bebeu nessa fonte, e se perguntou: putz, isso não chega aqui? Pois é, nós também. Cansados de não nos sentir representados nas FMs da vida, resolvemos fazer a revolução sob nova direção.

Marvel (voz) é Freddie Mercury em sua inédita interpretação da ópera-rock Tommy; Jazzmo (guitarra/voz) é o que Jimmy Page seria se não tivesse perdido tanto tempo com Aleister Crowley. Johnny Queer (guitarra) sintetiza o espírito do enfant terrible, fã de si mesmo, quase uma banda dentro da banda; Myself Deluxe (baixo) gosta de assistir a grandes catástrofes para captar o groove que emana da Terra; e Sid Licious (bateria) é o armagedom sincopado, uma usina full-contact..

Somos astros. Todos. O sucesso já subiu à cabeça antes mesmo da estréia. Estamos preparados.

Deslumbramento não há de ser problema. O perigo é o fracasso descer até nossa maior moeda de troca. Porque, no fim das contas, é assim que fechamos nossos contratos. O GLAMOURAMA se trata exatamente
disso: do chakra fundamental. A elegância na decadência, a aclamação no anonimato, os últimos heterossexuais sensíveis da cidade. Porque sua irmã mais nova precisa de mais pôsteres. E os jornalistas, de mais pautas. É a roda-viva da mídia.

Já pensando em nos vender e escancarando o desespero blasé dos artistas ditos conceituais, decidimos amar nossa primeira tour de GRAND BOUTIQUE. Vendendo sonhos e distribuindo libido, garantimos um excelente som ambiente a quem entrar neste estabelecimento concebido para virar establishment.. Músicas próprias em português, sem legendas. Pra ficar facinho. Afinal, nosso alvo É sua irmã mais nova.

Contatos: glamouronline@hotmail.com

.: Clara Averbuck :. 4:17 PM

Não, não vou. Ela deu uma saída.

Oquei. Vocês conhecem a minha avó? Minha avó era gata. Ela disse que se eu fosse passar o aniversário em Porto Alegre, ela me dava uma Barbie Motoqueira. E ela me chama de Nãna. Não faz sentido, mas eu acho fofo. Quando eu era criança, ela cuidava de mim enquanto minha mãe estudava e meu pai tocava bandolin em cantinas e eu tinha uma boneca chamada Flavinha por causa dela, que é Flávia. Minha avó ainda é gata, pra falar a verdade. Meu avô, que era A CARA do John Fante e era italiano e Chirivino, era um lady's man até conhecê-la. Conheceu, apaixonou e casou e morreu apaixonado. Minha avó era daquelas mulheres tão lindas que piram os caras, sabe? Olha só.



Aí ela tinha só dezesseis anos. Depois ficou MAIS GATA. Ela era foda. Se eu fosse tão bonita quanto ela, só me preocuparia em ficar existindo.






.: Clara Averbuck :. 1:32 PM

MENCIONEI QUE A ANNE CHEGOU?
ELA CHEGOU.
VOU LÁ. TCHAU.



UI, COMO SOU MALVADA

.: Clara Averbuck :. 12:54 PM


Uma mulher que sofre de TPM nunca vai poder ser presidente. Guerras estourariam simplesmente porque ela precisava explodir alguma coisa.

.: Clara Averbuck :. 12:33 PM

Sobre a TPM

Vocês garotos nunca vão imaginar como é esquisito saber que você está agindo como um maluco descontrolado porque faz parte do ciclo. Sabe, quando começo a ter ataquezinhos, já vou parando e pensando e calculando e é sempre a mesma merda de TPM. Puta que pariu.

Sempre que começo:

~ a me achar peituda demais;
~ a ter certeza de que sou inútil;
~ me sentir pobre e infeliz e mala amada;
~ a querer voltar pra casa e ficar no colo da binha bãe;
~ a mudar a cor do cabelo;
~ a considerar seriamente cometer assassinatos cruéis;
~ a ouvir barulhos que jamais prestaria atenção antes, mas que tornam-se INSUPORTÁVEIS e eu fico arquitentando planos para dizimar sua fonte, não importando se é gente ou carro ou inseto;
~ a sentir saudades do meu Vulgar Display Of Power do Pantera;
~ a dar patadas em pessoas inocentes;
~ a achar que está tudo errado e chorar no cantinho;


pode ter certeza, amigo. É TPM.

.: Clara Averbuck :. 12:21 PM

* * * * * *

.: Clara Averbuck :. 11:58 AM

Love burns

Estou perdendo, meu querido. Não sei o que fazer. Não tenho como me esconder de mim e não posso fugir de você. Quero sumir, quero fazer promessas quebradas e me arrepender e chorar. Rá, eu achei que sabia o que era morrer de dor. Achei que sabia o que era amor. Amor é uma merda. Amor cega, queima, dói, mata. Amor mata. Não é bonito, não é cor-de-rosa, não é fofo e florido. O amor é negro, um rombo preto, um buraco que te suga e de consome e acaba com toda a força pra depois cuspir um caroço morto. É inútil lutar; ele é mais forte e te engole sem piedade. Acaba com a vida de qualquer um, faz tudo ficar minúsculo, insignificante. Te deixa maltrapilho, de joelhos, com o rosto escondido entre mãos e os olhos e a garganta e o coração secos, até que você definhe e suma. Estou perdendo, meu querido. Sinto que estou perdendo. Já sei o que vem agora: vai-se o controle da minha vida, vai-se o controle da minha escrita, vai-se o controle. Vou querer arrancar os cabelos e gritar, mas vou fechar os olhos e sentir um triturador no peito, bem quietinha. Vou gritar pra dentro tão alto que todos os vidros se partirão. Vou soluçar quase em silêncio e você nem vai notar. O amor, esse idiota, atormenta qualquer pobre alma livre.

Enquanto isso, você dorme ao meu lado sem saber de nada. Oh, querido, se você soubesse, nunca teria aberto a porta, nunca teria me procurado, nunca teria deitado ao meu lado nem tirado suas roupas nem aberto seus braços. Agora não dá mais pra correr. Eu sei onde te encontrar. Agora estamos fodidos, my darling. Estamos fodidos. Esquece a escrita porque ela vem junto com a vida. Preciso viver. Preciso viver porque posso morrer. Estou fodida, completamente fodida, mas isso me faz respirar fundo e olhar direto pro sol. Queimo minha retina e dou risada. Dane-se. Nada queima mais do que o amor, ess e filho da puta egoísta, esse cão dos infernos. Agora eu sei: o amor é uma merda. Mas eu agüento.

.: Clara Averbuck :. 5:07 AM

It's a new dawn, it's a new day, it's a new life

Agora eu sei o que preciso.

Preciso mudar de casa.

Mudar de casa, de vida, preciso de vista e de ar.

Preciso de vista, preciso de uma janela enorme com tela pros meus gatinhos não caírem lá de cima.

Ficar sozinha, ter a minha casa. Só minha, com todas as minhas coisas arrumadas, meus livros, meus discos, meus quadros e meus brinquedos. Tudo arrumado e limpo e cheiroso.

Uma cozinha cheia de temperinhos e folhinhas e molhos esquisitos pra poder fazer minhas alquimias gastronômicas quando bem entender.

Silêncio para ouvir minhas negras e meus branquelos.

Poder cantar muito alto e rebolar pela casa vestida de jazzista.

Preciso de todo o espaço para mim. Só meu. Sabe, sou espaçosa demais.
Ele vai ter a chave. Ela também. Só eles. Porque preciso ficar sozinha.

Vou sentir uma puta falta daqui. Minha casa, meu banheiro rosa, meus desenhos na parede. Minha cozinha enorme, minha janela roxa, meu carpete cinza-sujeira.

Years they will come and go, sometimes tears will flow.
Some of my memories will fade.

Nunca vou esquecer daqui. Minha primeira casa. Rua Purpurina, esquina com a Harmonia.
Momentos legais. Momentos de merda.
Solidão que quase me enlouqueceu e braços abertos pra mim.
Noites inteiras chorando no Joo e no travesseiro.
Noites e noites e noites viradas escrevendo.
Uma noite ao som de uma só música.
O dia em que dormi na escada porque bebi demais e não consegui subir.
O dia em que chorei na escada porque não tive forças pra chegar no meu quarto.

Adeus aos meus planos de pintar a sala de vermelho, a salinha de azul e o quarto de rosa, aos planos de ter uma banheira com almofadas no meio da sala e uma bibliotecazinha quando recuperasse meus livros. Não deu tempo, acabou o prazo, acabou a grana, acabou tudo.

Nem sei para onde vou ainda, mas mal posso esperar. Sei que vai ser legal pra caralho. Mudar é sempre bom.

.: Clara Averbuck :. 4:57 AM


Meus meninos, eu sei que é difícil de entender. Difícil não: impossível. Mas preciso dizer o quanto amei cada um de vocês quando olhava em seus olhos castanhos, verdes, azuis, quando espancava meu teclado em madrugadas geladas ou insuportavelmente quentes de Porto Alegre , quando mandava cartas apaixonadas cheias de promessas definitivas. Meus meninos, vocês não imaginam o quanto sofri e penei e chorei e tremi por cada um de vocês. Eu mentia, mas nunca fingia. Nunca quis enganar ninguém, mas precisava. Queria todos vocês. Morria de medo de perdê-los, queria abraçá-los todos, e pra isso precisava mentir muito. Por vocês. Por mim. Quem disse que só se pode amar uma pessoa de cada vez? Eu amava todos vocês. Todos. Ufa, só precisava dizer isso. Valeo.

.: Clara Averbuck :. 4:55 AM

Acesse os arquivos por aqui:

  • wanna find me?
  • miau?
  • me espalhe, sou uma peste
  • eu leio a bust