i gave my life to a simple chord

segunda-feira, outubro 21, 2002

Not even if you were the last junkie on earth
[domingo, ouvindo Christmas card from a hooker in Minneapolis]

Escritor é uma merda.

Quer morrer, mas se não fizer uma nota a altura, não larga a vida. Não larga, não larga. Fica ouvindo Tom Waits às 11 da manhã de domingo, fica pensando na mentira infantil da puta que mandou um postal. Escritor é uma merda porque chora no metrô na frente dos crentes só porque a música é tão linda. E os crentes olhando para os roxos nos meus braços e pensando que eu preciso do Senhor e comentando entre si, e o Tom Waits cantando no meu ouvido e eu chorando e chorando e pensando que Senhor o que, seu crente chato, eu preciso é escrever isso tudo. E a puta falando que queria toda a grana que eles gastaram em drogas pra comprar uma loja de carros usados só pra poder dirigir um carro diferente a cada dia.

Você sabe que está ficando maluco quando a única coisa que faz sentido é sofrer com uma puta da música de um bêbado com alma demais.

Então ela chega em casa, a garota, eu, a puta, a Camila, que achei estar acabada, que achei ter enterrado no ponto final da minha última vida, mas ela chega comigo, e ela chora, e chora mais, e abre todas as janelas e grita e grita mas não sai som nenhum. Então ela deita e frita e frita e sua e não entende mais nada.

E sua. Sua. Sua. Suada. Sua. Só sua.

Camila, sua idiota, lutar é inútil.

Sair de casa, caminhar, tentar juntar meus pedaços com os da noite passada. Eu não estava em mim, era Camila, aquela louca da Camila. Aquela maluca descontrolada e crédula, isso que aquela Camila é. Olha o que você fez. Olha, olha bem, se olha no espelho dentro dos meus olhos, olha a bagunça. Mas agora é tarde. Sentada na padaria, ouvindo música velha e triste, suando, suando, sua, sua, sua, Camila. Sofre. Não era isso que estava faltando? Agora vamos até o fim, all the way, all the way.

too much
too little

too fat
too thin
or nobody

laughter or
tears

haters
lovers

more haters than lovers.


Eu estou de férias. Agora só vou falar pelas palavras dos outros até recuperar as minhas próprias, que aspirei nariz adentro em uma nota de um dólar. Vou me internar dentro de mim mesma até saber quem é quem.

Esse negócio de ser duas ainda vai me matar.
Ou me salvar.

.: Clara Averbuck :. 3:55 PM

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