quinta-feira, setembro 05, 2002
A Arte Milenar de Perder Vôos
É uma arte. Não é pra qualquer um, definitivamente. Não é chegar atrasado e perder o vôo, assim como quem chega tarde em um filme, não senhor. Os motivos são sempre absolutamente compreensíveis, como um taxista Rockabilly que se perde na Vila Madalena ou um email enorme que te faz chorar e exige resposta imediata . Seja como for, consegui chegar a tempo para gravar o programa da Monique Evans. O motorista já me esperava no aeroporto com uma plaquinha e tudo. Chegando na RedeTV! (pra quê essa exclamação, mesmo?), notamos que a entrada estava obstruída por um carrão lustroso. O dono conversava com alguém na janela, como se não estivesse bloqueando a passagem de qualquer carro que pretendesse entrar ou sair. "Ó o João Kleber aí", disse o motorista. Eu grunhi "cuzão". Esperamos. Esperamos. Esperamos mais um pouco e o cara lá, blablabla na janela.
"Buzina!" disse eu. "Não posso. Ele manda demitir", disse o pobre motorista. "Mas eu não posso ser demitida, né?"
Aí eu saí do carro, cheguei perto e interrompi a conversa, já bem putinha da cara e não fazendo nenhuma questão de ser simpática.
"Oi, dá pra tirar o carro que a gente queria passar?"
O cara me olhou como se eu fosse a pessoa mais audaciosa do planeta, falar naquele tom insolente com o Escroto & Cuzão João Kleber, imagine!
"QUEM VOCÊ PENSA QUE É???" "Ninguém. Você pode tirar o carro pra gente poder passar?" "Agora você vai esperar", disse o Escroto & Cuzão. "MAIS?" "É, mais."
Bom, não havia mais nada que eu pudesse fazer. Pensei em fazer um cover do Iggy Pop no capô de seu carro lustroso, mas estava cansada demais para atritos. Voltei para o carro e fiquei olhando com a cara mais feia que pude enquanto ele tagarelava mais um pouco e o motorista me avisava que ele era assim mesmo, um saco escrotal ambulante. Por que esse cara vive? Por que ele tem um programa de TV? Por que as pessoas assistem? E por que ele penteia o cabelo daquele jeito ridículo? Finalmente ele resolveu sair e nós entramos. Em minutos, a história da "menina que peitou o João Kleber" tinha se espalhado, o que contribuiu para a simpatia de todos comigo. Aliás, que gente simpática. Todo mundo é legal naquele lugar, impressionante. Para minha surpresa, não gravei com o Jece Valadão, chuife. Foi com Kiko Zambianchi & Seu Violão. Broxei um pouco, né? Poxa, esperava poder fazer perguntas para o Grande Cafajeste Convertido, mas tudo bem. A Monique é FERA. Sério, a mulher é muito legal, não está nem aí pra nada. Um baita mulherão, loira & bronzeada, 7 quilos de maquiagem, peitões enormes, falando um monte de merda e fazendo caretas e palhaçadas, nem aí pra posar de gostosona. Foi muito legal. Obviamente que eu não falei quase nada do livro, mas pude mendigar casa e comida no ar. Ela ficou comovida e decidiu me ajudar. Grande Monique. Queria que ela fosse minha tia, algo assim. Seria tão legal. Mas não vou ficar falando do programa, não senhor. Vão lá e assistam. Passa no dia 12, não sei que horas. Gravem pra mim.
.: Clara Averbuck :. 11:04 PM
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