i gave my life to a simple chord

quarta-feira, julho 24, 2002

Mommie, where's daddy?

Quero ter filhos.
Já mencionei que quero muito ter filhos?
É que eu não tinha certeza. Agora tenho.
Quero. Adoro crianças e elas me adoram de volta, porque devo parecer uma grande boneca colorida. Nenês sorriem gengivas para mim e sinto meus instintos maternos gritando toda vez que isso acontece. Já tenho até nomes. Nina, Alice ou Iris se for mulher, Arturo, Vicente ou Charles se for homem. Não preciso explicar as referências, né? Adoro meus leitores porque eles são espertos.
Meus instintos maternos andam a mil. Fico imaginando como ficaria grávida, com um barrigão e uma frase esticada abaixo do meu escorpião - que vai virar uma lagosta -, as bochechas cheias e redondinhas como meus seios recheados de leite. Acordar para amamentar - amamentar deve ser uma sensação divina, alimentar o pedacinho de mim com meu leite, segurá-lo em meus braços enquanto ele baba baba limpinha de bebê e mexe todos os dedinhos como um gatinho afofando a barriga felpuda da mãe. Arrumar o quarto, encher de brinquedinhos e coisinhas, milhares de coisinhas para encher os olhos do meu filho. Não me importo com as fraldas, não me importo com perder a minha vida, não me importo com nada. Serei uma puta mãe - sem trocadilhos engraçadinhos, obrigada. Serei uma puta mãe, assim como foi a minha. Aprendi tudo com ela. Se já mimo meu gato e meu Furby, imagina o que não farei com uma criança.
Quero parir.
Mas não sei se posso. Tenho o mesmo problema que minha mãe, uma certa dificuldade de engravidar. Mas ei, estou aqui, nasci, certo? Então eu também posso.
Quero ter filhos.
Um filho, na verdade. Ou filha. Alguém para carregar meu nome, meu sangue, minha semente, minha vida.
Mas não agora. Na hora certa.
Agora, meus filhos serão meus livros. E se eu tiver que parir algum dia, vai acontecer.
Não agora. Na hora que tiver de ser.
Agora escrevo, fumo, bebo. Agora saio, vivo, enloqueço, sinto dor demais e vivo no olho do furacão. Preciso de paz para ser uma boa mãe. Morar no mato, respirar ar puro, dormir bem e ter amor. Muito amor.
Não significa que serei Do Lar.
Não significa que serei burra, casada, quotidiana e tributável.
Não significa vidinha nem cegueira.
Significa simplesmente seguir meus instintos, coisa que faço todos os dias, que sigo porque é o caminho que escolhi: fazer o que quero.
E eu quero parir.
Quem acha que não sou uma garota normal, engana-se redondamente. Eu sou. Fiz ballet, adoro rosa e quero parir. Normal não quer dizer medíocre. Medíocre é se forçar a ser algo que não é.
E eu só sou.
Ser e criar são as únicas coisas que realmente importam.
Criar, criar, criar. Músicas, livros, tatuagens, cores de cabelo, uma casinha legal, filhos, gatos, pimenteiras. Criar importa.
O resto nasce sozinho.

.: Clara Averbuck :. 9:28 PM

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