i gave my life to a simple chord

quarta-feira, junho 12, 2002

Só cai quem voa
[4´50AM]

Vivo dizendo que sou a última pessoa que vai morrer de amor. Talvez não a última, mas certamente uma das poucas. Tive um insight agora enquanto ouvia o Vicentão pela milésima vez hoje do porquê disso tudo. Sofrer é sinônimo de fragilidade e ninguém quer ser frágil. Em vez de sofrer, as pessoas ligam a tv ou entopem-se de sacolas de shopping ou vão a uma rave e tomam uma droguinha da alegria. É tão fácil se distrair agora, tem tanta coisa para fazer, o mundo ficou tão grande e tão pequeno. Isto não é uma crítica, é apenas uma constatação. Cada um faz o que bem entender com sua dor. Alguns preferem afogá-la. Eu prefiro me afogar nela. Os resultados são sempre foda, vale a pena sofrer para criar algo tão bonito que faça um total desconhecido chorar. Acho a dor tão digna. Não falo de depressão clínica ou de infelicidade constante. Não quero ser desgraçada e infeliz nem dopada, sabe. Não tem a menor graça. Tem que saber sofrer, saber até onde você pode se afundar para poder respirar na superfície de novo, senão você morre sem ar. Bom é oscilar entre a dor extrema e a felicidade extrema. Gargalhar e chorar. Voar e despencar de cara no lodo, até o fundo. E voar de novo. E cair. E voar e cair. Como alguém pode viver sem isso? Que me desculpem os que não gostam de arriscar, mas só cai quem voa. E prefiro voar a andar sempre com os pés no chão. Não há nada que se compare ao frio na barriga que antecede a queda, os momentos antes de você se dar conta que vai quebrar as fuças no chão. Se você não tentar, nunca vai saber. E provavelmente vai se arrepender em alguns anos, vai achar que deveria ter se arriscado mais. Às vezes, ganhar é perder e perder é ganhar, depende do jeito que você vê as coisas. E eu sempre ganho. Sempre.

.: Clara Averbuck :. 4:57 PM

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