i gave my life to a simple chord

sábado, junho 01, 2002

Mais Vida de Gato

(...)

O frio chegando. Inverno que congelava o ar daquela cidade áspera e cinza, sem nenhum descanso para os olhos, nenhum verdinho, nenhuma água, nada. Precisava ver alguma coisa bonita. Qualquer coisa. Tudo era lindo quando ele estava comigo. Precisava ver alguma coisa bonita com ele. Precisava vê-lo. Até um pneu velho ficaria bonito.

Apagando, desbotando. Sem comer nem dormir direito. Duas semanas parecendo três meses. A mudança cada vez mais perto e eu já desistindo, porque não tinha forças para mudar nada. Estava acabada, doente, magrinha e sofrendo. Sem conseguir trabalhar, sem fazer nada.

Idiota. Ridícula. Sempre jogando a vida na mão de alguém. Sempre abrindo o peito, escancarando as portas e janelas e reclamando que o vento bagunçou tudo. Idiota, Camila. Você é completamente idiota. Ele pode até ser o homem da sua vida, mas você é uma idiota.

Mas ele é tão lindo dormindo. E acordando. Até chorando de amor perdido, com o nariz vermelho e os ombros caídos. Lindo quando ficava tímido ou quando estufava o peito no meu bar, sentindo-se em casa e tomando uma cerveja, sem a menor vontade de voltar para sua realidade. Lindo quando se sentia mal por estar sentido-se tão bem, lindo quando dizia “acho que te amo” e logo se arrependia, lindo simplesmente existindo. Artur, meu querido, por favor, não demora. Eu acho que você vem, quero que você venha, preciso que você venha, preciso te ter ao meu lado, na minha vida, na minha casa, na minha cama. Preciso deitar a cabeça no teu colo e te olhar lá de baixo enquanto você dirige, preciso de um carinho, um afago nos meus cabelos, um beijo nos meus olhos, qualquer coisa, senão eu vou morrer. Um bando de homens na minha janela, alguns dariam a vida por uma noite comigo, outros matariam para que eu entregasse meu coração na entrada, como fiz com você. Mas nenhum deles me serve, nenhum deles nunca me serviu. Tinha que ser você. Sempre foi. E se não for, não será ninguém, nunca mais, porque eu vou morrer de amor.

(...)

Pensam que esta história se estanca por aqui? Não! Isto está na página 9. Na 13, um isqueiro cor-de-rosa voa pela janela e a Camila tira o cabelo da cara e manda todo mundo se foder. Ninguém vai deixar a Camila no chão.

Eu adoro a Camila. Que garota. Queria ser que nem ela.

.: Clara Averbuck :. 8:21 AM

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