i gave my life to a simple chord

segunda-feira, junho 17, 2002

I'm only sad when I'm lonely

It could be so nice, so nice.
You could be so nice, so nice.


Ouvindo Vincent Gallo, o Homem Mais Foda do Planeta, e parando de ser lacônica. Chega de ser lacônica.

Rio de Janeiro. Não preciso dizer mais nada. Todo mundo sabe que sorrio para esta cidade como se ela fosse a melhor das amantes, a mulher mais linda do mundo, que me deixa doce e leve. São Paulo me tornou amarga e carrancuda. Sempre fui a personificação do mau-humor, mas era diferente, eu conseguia ficar bem, sem carregar um pedaço de metal gelado nas minhas costas. Viro outra pessoa aqui no Rio, parece que tudo é mais bonito, que enxergo melhor, respiro melhor. São Paulo é como um canal fora de sintonia.

Mas é claro que nem tudo é lindo o tempo todo. Talvez o erro esteja em mim, insistir em ir atrás do que quero. Na remota possibilidade de uma segunda chance, de arrumar algo que ficou mal resolvido há quase um ano e que nunca vai morrer, largo tudo e saio despencando na direção que acredito ser a certa. E despenco mesmo, direto pra baixo, plat, sempre de cara. Another heartache, another failed romance. O filho da puta apertadinho de novo, pequenininho, pequenininho, todo fodido, cabendo em um dedal. Mas eu também não colaboro, fico ouvindo as músicas que fazem com que ele se materialize dentro da minha cabeça e ocupe todo o espaço de novo. Igualzinho à outra vez. Nada dá certo. Mas eu não vou fazer merda de novo. Nunca mais. Não vou fazer nada. Porque não vai acontecer nada. Nada. Agora não vai acontecer nada e eu vou acabar sentada de novo, fumando um cigarro e esperando com as perninhas cruzadas sem abrir a boca.

Eu já sabia. Desde o começo da noite, já sabia. Uma tristeza enorme me inundou e quase me afogou, mas consegui afogá-la no uísque antes de ser derrubada. Eu já sabia. Mesmo assim, guardei a última foto para nós. E ela continua intacta na minha câmera, porque não existe, não existiu "nós". Só eu, para variar. Eu chorando e olhando para o Rio de Janeiro lindo que passava a mão no meu rosto e aparava minhas lágrimas e me abraçava. Se fosse em São Paulo, seria pior.

Once my flame and twice my burn. Uma daquelas coisas que nunca serão resolvidas. Tudo errado. Bem que tento acertar, mas é como se eu estivesse nos Doze Trabalhos de Asterix. Não quero ter que provar nada, não quero passar por um bilhão de testes para saber se estou apta a freqüentar o clube. Estou cansada, fodida, fodida demais para isso agora. Preciso de carinho e de descanso, não de 100 metros rasos. Depois eu tento de novo, corro de novo. Porque uma vez ele me disse que não existe nunca mais. Não perdi para sempre, depois tento arrumar meu quarto de novo. Enquanto isso, escrevo e esperneio. E dedico tudo pra ele sem a menor vergonha. Eu ainda vou escrever um Homens, que nem o Hank. Tem tantos, e eu amei tanto todos eles. Mas só dois ganharam tanto. Meu livro, por exemplo, é para ele. Tantas coisas perdidas para ele aqui nesta página cor-de-rosa.

xxx
Perdi o medo de falar com você. Perdi o medo de levar um soco no olho e um cotovelaço no estômago e ficar me contorcendo no chão sabendo que mereci. Perdi você. Te achei de novo dentro de mim, mas perdi você. Tomara que um dia eu ache. Meu quarto anda uma bagunça.
xxx

Tantas coisas que geram tantas outras coisas. Como uma das músicas não-mixadas e mal gravadas dos Dirty Hippies. Aí, antes que me incomodem, eu não faço letras-texto nem nada. Sou adepta do Rock Burro©.


my room (trust me)

everything changed from the day i lost you in my room
i tried so hard to find you
but my bedroom is a mess
keep looking at your pictures
all hanging on my walls
they say i must forget it
but won't just give you up

i lost it, i lost it
i lost it
i lost it inside my room

you said you didn't trust me
and your reasons are all true
you said that i was perfect
but you wanted me to go
and when we met again
you tried not to look at me
still you couldn't help it
and i knew it's all still there

i lost it, i lost it
i lost it
i lost it inside my room

darling, that's alright
i'm not the only one to lose
and if you think about me
there is nothing i can do
right now i'm just a girl with too much going in my head
enough for you to run away from me once again

i lost it, i lost it
i lost it
i lost it inside my room

it shouldn't be like this
i don't want it to be like this
it shouldn't be like this
i don't want it to be like this
[fev. 02]


A última parte é berrada. Berrada com lágrimas nos olhos, lágrimas de raiva e de amor perdido borrando toda a maquiagem. Dor de frustração, de desespero. Dor que faz nascer as coisas mais lindas da minha vida. É por isso que eu agüento. Para poder sorrir no final.

.: Clara Averbuck :. 2:17 PM

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