i gave my life to a simple chord

segunda-feira, junho 24, 2002

Homeless - I got life and I'm gonna keep it

Sabe, eu tenho uns amigos muito foda. Muito, muito, muito foda.
Eles me amam. Me amam muito. Me dão carinho, casa, comida, colo, álcool, cigarros e até uns beijos às vezes. Estão espalhados por todas as cidades possíveis deste país enorme, nunca vou conseguir juntá-los em um só lugar, mas sei que eles me amam pra caralho, mesmo quando somem por meses. Amizade mesmo não morre. Você pode ficar 127 anos sem nenhum contato, mas quando seu amigo chegar, será mais ou menos como meu diskman, que nunca volta para o início do cd. Ele toca a música de onde ela parou. Amizade não morre.

Minha vida anda bem fodida, mas se não fossem eles, eu estaria mendigando na rua com um gato debaixo do braço.

Meu amigo M. me agüentou o fim de semana inteirinho na casa dele. Só isso. Inteiro. Estou aqui até agora. Não sei como ele e A., sua gentefiníssima esposa, não me expulsaram daqui com uma vassoura. Muito pelo contrário: eles compraram um sofá cama para que eu parasse de dormir toda torta. E me alimentaram. E me deixaram usar a internet e o dvd e o forno de mitocôndrias e o chuveiro quente deles. Damn. Um dia eu ainda agradeço propriamente. Talvez ir embora logo seja um agradecimento sensato.

Minha casa morreu. Não tenho mais minha linda casinha na Rua Purpurina. Hoje o Bianchinho amado querido e fofo me mandou esta foto, tirada na minha sala bagunçada depois do show do Echo, sobre o qual não comentei porque cheguei no bis. Eu estava ligando o timer da minha câmera e ele se aproveitou do meu breve momento de distração e me fotografou com sua câmera estranha. Vão ali na foto e conheçam a minha ex-casinha. Era linda, sabe. Neste dia, estava meio bagunçada, mas era linda. Tenho milhares de fotos dela, mas não possuo reais para a revelação. Seria bem legal possuir reais para revelar os quatro filmes que estão guardados.

Ain't got no home


Essa semana eu vou ter que pintar as paredes pichadas e esburacadas - sou péssima com pregos - e devolver a chave para a Dona Antônia. Tudo vai terminar. E começar de novo em algum outro lugar que ainda não escolhi. Só sei que vai ser em Copa, perto do Nix e da Helena. Eu amo muito o Nix e a Helena também. E sei que eles me amam de volta.

Mas não agora. Agora eu vou para o hotel.
Não pensem que vou abusar e ficar para sempre aqui parasitando os meus amigos. Não, não. Eu vou para o hotel onde os quartos são do tamanho do meu banheiro e o banheiro, do meu box. Mas tem a sacada e a pracinha. E café da manhã. E o recepcionista com a Pior Dicção do Mundo. Não posso sair daqui antes do livro ser lançado, porque ouvi as palavras "marketing agressivo", "Marília Gabriela", "Jô Soares" e "como se fosse um lançamento de disco" da moça da editora. Uau. Será que eu agüento? Eu acho que sim.

E depois, sei lá. Depois eu volto. Ou fujo. Ou fico. Depois eu vejo.

.: Clara Averbuck :. 7:14 AM

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  • wanna find me?
  • miau?
  • me espalhe, sou uma peste
  • eu leio a bust