sexta-feira, abril 05, 2002
Painkillers for the brain
Se isso são horas? Sei lá se são. Sei lá, quem se importa, afinal de contas? Quem se importa com horas? Ei, você! Você se importa, amigô? Pois saiba que Iddagivadamn. Eu não preciso. Eu não quero, nem preciso. Sabe do que eu preciso? Preciso que alguém acabe com esse negócio de tempo. Tempo enche o saco. Preciso de uma noite inteira só pra mim. Preciso de uma noite inteira com ele, sem ninguém mais. Uma noite inteira sem ter que sair correndo. Uma noite inteira só minha. Mas não, isso não existe. E eu vou fritar até existir. Opa, esse lado tá queimando, será que dá pra virar, pelo menos? Valeo! Meu cérebro está completamente frito, mas meu corpo está cru. Nem temperado foi. Cru. Embalado e cru. Embalado pra viagem. Mandaram embrulhar, você sabe. Então eu estou aqui, cinco da manhã, meio descabelada, com a maquiagem meio borrada, não quis saber de cadmía e estou comendo o Big Kiss que a minha mãe mandou. Foda-se, também. E amanhã eu vou discotecar e beber. Vou beber. Foda-se. Eu nunca disse que queria ser saudável, disse? Nããã. Eu disse que queria caber nas minhas calças. E nego ainda entra aqui procurando por fotos+de+incesto+reais. Não tem. Foi mal. A não ser que alguém se habilite em achar o Perry Farrell e trazê-lo aqui em casa. Fazer mais uma tatuagem quando tiver dinheiro. Uma frase, embaixo do escorpião. Eu sempre quis tatuar uma frase embaixo do escorpião, mas não tinha achado a frase. Achei. Mas chocolate me dá azia. Azia e um certo impulso bulímico. Porque de neuroses eu estou bem, obrigada. O Joo dorme no meu colo. Se alguém não agüenta mais ouvir falar Doojoo, lamento. Conforme-se. Este gato, senhoras e senhores, me manteve viva quando eu estava mais fodida do que agora. Porque algumas vezes eu quis morrer. Mas não é que eu quisesse morrer. Eu queria que parasse. Ainda não sabia que escrever era painkiller. Eu queria morrer, mas daí o Joo me olhava e eu não podia deixar o Joo órfão. Então, eu ficava. E fiquei. E estou aqui. E nunca mais vou embora, porque eu sei exatamente o que fazer com o trem que mora na minha cabeça. É só desviar a linha pra cá. A Circle Line nunca vai descarrilhar, porque eu virei uma puta maquinista. Yeah. Eu sempre ganho de mim mesma, até porque eu sou a única pessoa com quem tenho saco de competir. Acho um saco competir. Acho um saco qualquer competição externa. Pra que eu vou querer superar os limites alheios se os meus estão bem aqui na minha cara, me desafiando o tempo todo, dizendo "vamos lá, garota, isso é o mais forte que você consegue bater? Try harder. Harder. Harder"? Ah, nããão. Os ônibus começaram a passar. Um amigo meu tem uma cama vibratória. A minha cama também fica vibratória quando os ônibus passam. Eu só não posso controlar, mas minha cama treme que nem a cama dele. Quer dizer, minha cama não; meu colchão. Não possuo cama. Pensando bem, eu tenho uma casa vibratória, ha ha. Vocês notaram que eu desencanei completamente de usar parágrafos neste post? Parei. Parei de usar parágrafos na minha cabeça também. Notaram também que estou perdendo meu sotaque e falando coisas completamente paulistas como desencanar? Também tenho falado me amarro e demorô, por causa dos cariocash. Eu sou a primeira pessoa que pega sotaque pelo ICQ. Socorro, preciso voltar pra Porto Alegre bem rapidinho e falar gauchêas. Mas acho que ainda falo aloa quando atendo o telefone, o que é bom. Em compensação, parei de falar baita e comecei a usar puta, o que é não-bom. Puta azia. Nunca mais vou comer chocolate. Fumar mais um Lucky Strokes. Lucky in the sky with diamonds? Lucky Luck? Lucky bastard? We love Lucky? Eu nunca vou fumar maconha. Nunca mais. Não que tenha fumado recentemente. Fumei junto com o E aquele dia e foi bom, mas ei, chega. Acabou a minha cota anual. Como sobreviver sem hiperatividade mental? Pra que sobreviver sem hiperatividade mental? Note que este post equivale a uma grande punheta. E um grande orgasmo. Gozei. Vou virar pro lado e dormir. Boa noite.
.: Clara Averbuck :. 5:54 AM
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