i gave my life to a simple chord

quarta-feira, abril 17, 2002

Doutor Jacob Pinheiro Goldberg, PhD

Então me pediram para escrever este texto sobre sexo casual na TPM. Fui lá e escrevi, falando que sim, eu praticava sexo casual. Ah, acho melhor postar o texto, néam? Melhor.

"Eu dou. Mas não para o primeiro mané"

Primeiro, quero deixar uma coisa bem clara: sexo casual não significa juntar o primeiro mané que aparecer no meio da noite e levar pra casa. Assim como eu não beijo uma pessoa de quem não goste pelo menos um pouco, não transaria com um idiota. Na verdade, eu sequer conversaria mais de quinze minutos com um idiota. Parte-se do princípio que as pessoas com quem eu fico têm alguma afinidade comigo, com exceção de alguns deslizes alcoólicos que causam mal-estar e tapas na testa no dia seguinte e absolutamente não entram nesta questão. Então, não tenho o menor problema em transar quando fico com vontade. Não interessa se conheço a pessoa há três horas ou um mês, quando rola a vontade, eu não seguro. Pra que segurar? Eu gosto de sexo e quero fazer sexo quando tiver vontade sem ter que dar satisfações para ninguém ou ficar preocupada se o cara vai ligar no dia seguinte. Às vezes rola um clima na hora, os dois ficam com vontade e pronto. Pronto. Não precisa de mais nada.

Puta, galinha, vadia
Não quero nem saber se vou ficar com fama de puta, galinha, vadia, essas coisas idiotas e moralistas que só servem para as mulheres. Por que os homens comedores são fodões e as garotas são depreciadas? Meu deus, isso precisa mudar algum dia, não é possível que ainda seja assim. De qualquer forma, se ser puta, galinha e vadia é se divertir e fazer o que tiver vontade na hora em que eu tiver vontade e com quem eu tiver vontade, então eu sou e com orgulho. Posso até abrir uma ONG.

esta parte foi cortada
Assumo que já tive fases de passar o rodo geral, lá pelos dezesseis, dezessete anos. Me arrependi algumas vezes, mas foi uma fase e isso sempre serve para aprender. Experiência nunca faz mal e vou achar ridículo se alguém me condenar por qualquer coisa que tenha feito. É a minha vida, afinal de contas. Sempre que penso nesta questão, lembro do filme Procura-se Amy, do Kevin Smith, onde o cara tem um chilique porque descobre o passado sexual da namorada. Todos os homens deveriam ver este filme, é sério. Porque é sempre assim: o cara pode comer todas as garotas, para se for o contrário, pega mal. Pff, me poupem deste machismo retrógrado.
até aqui


Oquei, então a gente vê todas aquelas pesquisas em (ugh) revistas femininas dizendo que os homens não gostam de garotas que vão para o motel, fazem sexo oral ou deixam passar a mão (!) na primeira noite. Meu deus, QUEM SÃO ESSES HOMENS E O QUE ELES QUEREM? Eles estão no primário? Passar a mão? Socorro! Isso parece coisa do século passado, quando os homens iam atrás de prostitutas porque a mãe dos filhos deles não podia ser uma pessoa libidinosa e devia se dar o respeito. Se dar o respeito está muito acima e muito além de dar ou não dar. Tem muito mais a ver com liberdade de fazer o que eu quiser com a minha vida e meu corpo. Então, meu amigo, eu dou.

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O que eu não sabia é que o Doutor Jacó iria comentar os textos. Ele já tinha soltado uma grande asneira de outra vez, sobre outro texto meu, alguma coisa como "se apaixonar pela internet é uma grande ilusão". Alô, Doutor Jacó! O senhor sabia que nos últimos sete anos, todos os meus relacionamentos começaram pela internet? O senhor sabia que eu acabei casada durante dois anos com um cara com quem comecei a me comunicar por email? Alô, Doutor Jacó, o senhor sabia que eu prefiro assim? Doutor Jacó, Doutor Jacó, o senhor sabia que eu conheci meu melhor amigo na internet e só consigo agüentar a saudade da minha garota porque nos falamos todos os dias pelo icq? Não, o senhor não sabe. Doutor Jacó *tapinha no ombro*, eu preciso lhe dizer que o senhor está atrasado pra caralho e precisa rever todos os seus conceitos, ligeiro. Mas não era disso que eu queria falar. Era sobre a outra asneira que o Doutor Jacó falou, dessa vez sobre o texto acima. Ó só:

O fim do depoimento é paradoxal: ela dá. O verbo "dar" significa uma entrega e não tem obrigatoriamente o sentido da transa, que é uma negociação. O tempo todo ela diz que é livre, mas ela é livre para dar? Ela dá porque alguém come, certo? Imagino que a liberdade signifique poder dar e receber. Algumas mulheres simplesmente resolveram imitar a maneira masculina. A onipotência é ranso (sic) machista, discurso de trincheira.

Doutor Jacó, Doutor Jacó. *balançando a cabeça*

Eu nunca uso o termo "dar". Usei desta vez para facilitar a compreensão. A mulher come. Fagocita. Engole. Engloba. Não existe discussão em relação a isso. Agora, quanto ao resto, Doutor Jacó... Que papelão, hein? O senhor não fez o menor sentido, Doutor Jacó! Discurso de trincheira? "Dar" não é no sentido da transa? Ranço com ÉSSE? ALÔ, DOUTOR JACÓ, O SENHOR ANDA FUMANDO CRACK? Pelo amor de deus, trate de fazer algum sentido. Não é possível que todos os diplomas não tenham servido pra nada. Tudo bem, eu sei que o senhor é considerado um medíocre, reducionista, psicólogo de palpite que só quer espaço na mídia, mas poxa, Doutor Jacó, nós temos o mesmo sangue, eu realmente gostaria de dar uma chancezinha para que o senhor NÃO FALASSE TANTA MERDA. Até meu gato consegue analisar um texto melhor do que isso, Doutor Jacó! Assim não dá. Pega mal pro senhor, sabia? Fica chato de verdade. Estou apenas tentando ajudar.

Caras leitoras, é lançada aqui a campanha Doutor Jacó, trate de fazer sentido. Escrevam para a TPM e mandem o Doutor Jacó parar de fumar crack. Aproveitem e digam que a revista ficaria muito mais divertida e colorida com uma coluna minha, hoho.

.: Clara Averbuck :. 3:48 PM

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