sexta-feira, fevereiro 08, 2002
Tem uma hora que enche. Enche o saco, tudo enche o saco. Enche o saco fazer esforços, porque todos parecem inúteis. Enche o saco acordar e olhar pro teto e ver a mesma coisa, ou olhar pro lado e não ver nada, ou ver algo que não deveria estar ali. Enche o saco não ser ruim o suficiente pra parar e nem bom o suficiente pra continuar. Explode a paciência fazer tudo pela metade, saber tudo pela metade. Quero fumar, mas não vou fumar. Quero beber, mas não posso beber. Porque tem uma cenoura na minha frente. Quero comer chocolate, mas não posso comer chocolate, senão a cenoura vai embora. Quero correr, mas tem uma porta enferrujada no caminho. Quero dormir, mas preciso escrever, e se eu dormir, não vou acordar, e preciso acordar, e preciso decidir se vou, se fico, se fujo, se volto, se sigo as vozes da minha cabeça que nunca se calam. Não quero precisar. O problema é precisar.
Eu preciso sair daqui.
.: Clara Averbuck :. 6:39 AM
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