domingo, fevereiro 10, 2002
Nada como ficar em casa no sábado de carnaval.
Nada como ficar longe dos bêbados amadores e seus sarongues e seu suor escroto e seu bafo seco e da música alta que faz tremer as bochechas e embrulha o estômago.
Eu ia pro Rio. Mas eu e a Desirée resolvemos nos trancar em casa e tocar. Tocar, tocar, tocar. Longe do tchc-tacca. Longe de gente. Gente fede. Então nós vamos gravar uma demo no carnaval e vai ficar altos massa.
Só saí de casa uma vez desde que cheguei, e não valeu a pena. Porto Alegre é uma vergonha. Resolvi ficar em casa vendo filmes e bebendo água, muita água. Já estou cabendo em algumas das minhas calças. Murchando. Desinchando. Nada de álcool. Meu fígado sorri. I´m Jack´s thankful liver. Ali na mesa tem duas pilhas de fitas. Moulin Rouge, Memento, 200 Cigarrettes, People vs Larry Flynt e outros e outros e outros. Estou ficando vesga de ver filmes e seriados e documentários sobre peixes. Tenho que aproveitar. Aproveitar a tv, o estúdio, o oxigênio, o silêncio de manhã. Porque um dia eu vou ter que voltar pra São Paulo.
.: Clara Averbuck :. 2:01 AM
|