i gave my life to a simple chord

segunda-feira, fevereiro 18, 2002

The Gotta-gowers

Mais um fim de semana maratona de filmes. Meu pai viajou, ficamos só eu e a mom aqui. A mom é foda. Eu e a Mom e mais os 3.755 gatos vimos um bilhão de filmes. Rapaz, videocassete faz falta na vida da pessoa. Finding Forrester, do Gus Van Sant, tem algumas passagens realmente muito boas. Um dia me disseram que eu não deveria revisar o que escrevo. Foi assim: "Ou é arte, ou expressão de domínio sobre a técnica - exibicionismo". Discordei na hora e continuo discordando. O personagem do filme, um sujeito que decidiu sumir depois de escrever seu primeiro e aclamado livro porque as pessoas começaram com aquela crap de tentar entender o que ele realmente queria dizer, falou algo que me fez lembrar disso tudo: "Primeiro, você escreve com o coração, depois, reescreve com a cabeça." E lá se vai a teoria do menino que cagava regras. Ou é arte ou exibicionismo? Não, peraí. Então isso se aplicaria também à música? Quer dizer que é exibicionismo aprimorar o que saiu tosco? Não. Don't tell me how to do what I do, a não ser que realmente tenha alguma coisa a dizer. Sem contar que cada um tem o seu processo. Quer escrever sem revisar? Vai lá. *tap tap tap*. Boa sorte. Mas não vem me dizer como devo tomar o meu café. Bem, voltando ao filme. Outro diálogo que tive que anotar:

- Sabe por que fazem aquelas merdas de leituras em cafés?
- Para vender livros?
- Porque eles querem comer pessoas!
- As mulheres vão querer dar se você escrever um livro?
- As mulheres vão querer dar até se você escrever um livro ruim.

Groupies. Estão por todos os lugares. Existem groupies de escritores, de advogados, de bandas. Existem groupies de jornalistas, de terroristas e de apresentadores insossos de tv. Uma coisa é admirar a pessoa e achar ela bonita e sexy e interessante e instigante. Outra é querer dar simplesmente porque a pessoa é famosa. E as groupies não perdoam. O cara pode ser manco, caolho, peludo, vesgo e burro, mas se ele for famoso, vai ter alguém querendo dar e ainda achando "linduuu". Arghhrrff. Sempre digo "as" groupies porque garotas prestam mais atenção em fama. Ou você já viu alguma celebridade-mulher correndo de um enxame de adolescentes do sexo masculino que gritam e tentam arrancar suas roupas? Na-não. Histeria é, quase sempre, uma característica feminina. Sim, existem homens histéricos, mas são mais raros. Todas as mulheres são histéricas em potencial. Claro que homens também tem lá suas musas, senão a playboy não vendia, mas eles não compram revistas querendo saber qual o prato predileto ou o nome completo ou qualquer informação pessoal sobre a garota. Eles querem ver peitos e bunda e buceta e pernas e barriga e cara de vadia. Na verdade, nem precisa chegar a tanto: eles só querem alguma espécie de estímulo. Não precisa ser necessariamente um corpo nu. Pode ser também um texto, uma música, alguma forma de expressão. Mas de qualquer maneira, a relação é completamente diferente. Sempre lembrando que é uma generalização, e como toda a generalização, tem exceções.

Tenho um trauma pessoal com groupies porque meu pai é alvo delas. Claro que elas nunca chegam muito perto, todas têm certeza que ele é louco e o temem, o que pode ser bem engraçado. Mas elas existem. Elas se cutucam e dão risadinhas. E isso sempre me irritou, desde que eu era muito, muito pequena. Se bem me lembro, já cheguei a xingar groupies. Yeah. A groupie killer sempre esteve viva em mim. Isso me irrita de uma forma que não consigo explicar. Me irrita tanto que chega a me dar mal estar físico. Ughhh.

Oh, ontem eu comprei cds. Tinha uma promoção absurda em uma loja chinela: cds bons por dez reais. Levei o Nevermind e o Bleach, do Nirvana, uma coletânea do Lou Reed e outras coisas, incluindo aí o primeiro disco do TNT, que ouvi o dia inteiro hoje. Eu tinha dez ou onze anos quando gostava desses caras. Eu me amarrava naquilo e nem me dava conta dos absurdos que cantava, coisas do tipo "eu fui comer no chinês e não tinha grana pra pagar, eu fui transar com você e não tinha cara pra chegar" ou "te controla, garota, meu problema é mental, você é muito quente e eu tou muito mal, e se tu pula fora agora, vai ser legal". Ah, o rock gaúcho.

Por falar em rock gaúcho, a banda vai bem, obrigada. E não, nós não soamos como o Weezer e nem temos influência da Jovem Guarda e muito menos letras engraçadinhas. Acredite, nem todas as bandas gaúchas são assim. Opa, isso não foi uma crítica, porque eu gosto de Videohits, Bidê ou Balde e acho o Frank Jorge um gênio. E sinceramente, não sei como esses caras conseguem sobreviver nesta cidade. Estou aqui há duas semanas exclusivamente por causa das minhas amigas, da minha família e da minha banda. Fim. Esta cidade é um tédio. Sim, você pode passear no parque ou no Gasômetro ou ver o pôr-do-sol e #&^^#*(&^#(^)@@@$ NÃO, saca? NÃO. Passei 21 anos da minha vida morando aqui. Chega, deu. Ao mesmo tempo que é reconfortamente ver que os lugares continuam exatamente iguais, daté porque cidades não são como primos, que crescem e vão fazer medicina e namorar com uma garota da odonto que pensa que o Nirvana é inglês. Seis meses fora parecem uma semana depois de dois dias aqui. É bizarro. Mas enfim, Porto Alegre me deixou com tanto tédio que resolvi mudar a configuração do Yahoo para o layout de Thanksgiving, onde alegres perus servem de fundo para as notícias do Yahoo. É ridículo. Cheguei ao cúmulo da falta do que fazer. Acontece que eu também não estou com a menor vontade de voltar para São Paulo. Sim, tenho saudades dos meus gatos e da minha casa. Mas não quero. Não quero ficar aqui nem quero ir. São Paulo me sufoca. Preciso me mandar pra algum lugar logo. Não sei pra onde tenho que ir, mas sei que tenho que ir. E logo, muito logo.

.: Clara Averbuck :. 5:07 AM

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