i gave my life to a simple chord

domingo, fevereiro 24, 2002

Diários cor-de-rosa

Ok, então eu não dormi. Culpa de um livro. Eu e a Kamille e o Daniel, o menino mais bonito e macio e com a boca mais mordível e os olhos mais lindos do Rio de Janeiro hoje, saímos da festa e fomos nesta livraria-café. E eu vi o livro de longe. A capa era rosa e tinha uma coroa de strass (igual à minha) e um coturno (igual ao meu). Meg Cabot, O Diário da Princesa. Hm. Romance que deu origem à superprodução yadda yadda. Hm. Folheei, li duas frases e ele era meu, comprei sem pestanejar. A história não é grande coisa. Uma garota de catorze anos que secretamente quer se parecer com a Britney Spears (quem não quer?), ter peito e cobiça o menino mais popular do colégio (que namora a cheerleader loira, que persegue a heroína) fica sabendo que é a princesa herdeira de algum lugar. Então ela tem que lidar com o fato de ser uma princesa, e ela não quer de jeito nenhum ser uma princesa. Porque ela é legal e completamente vegetariana e greenpeacíca e inteligente e tem uma amiga legal e as duas são outsiders no colégio, mas assim que a coisa se espalha, os grupinhos que a segregavam começam a aceitá-la e ela fica meio desconfortável. Ou seja, é uma espécie de fábula, e fábulas nunca têm muita coerência, o que perdoa o deslize da personagem ser inteligente e culta e curiosa e nunca ter questionado o fato de passar as férias em um castelo e ter um pai rico pra caralho. Não faz o menor sentido, mas foda-se. Duplamente foda-se porque o livro é do caralho. Duzentas e oitenta e quatro páginas lidas em cinco horas sem intervalos. Eu simplesmente sentei no sofá e não consegui parar de ler e devorei a porra do livro e não dormi maaais uma vez. Porque o texto é foda. Todo em primeira pessoa, um diário mesmo. Um diário muito bom. Voz. Tem uma voz falando ali, e não tem como parar de ler. Você já sabe o que vai acontecer. Você sabe que ela vai se apaixonar pelo cara, você sabe que tudo vai acabar bem. Não é isso que interessa. É a voz, é o conflito dela. A voz que o Fante e o Hank têm. É engraçado e é irônico e tem tiradas muuuuito boas e é fodido porque ela é adolescente e não tem peito e é apaixonada por um cara que não dá bola pra ela. É a Coisa. Quando tem algo que eu não sei definir muito bem, é a Coisa. As pessoas nascem com a Coisa e ela exerce um poder além da compreensão. Claro que este livro não vai mudar a minha vida nem nada. Mas é bom. Eu acho que a autora devia virar uma boêmia e fazer um blog. Tenho certeza que seria muito bom.

Eu até ia copiar uns trechos aqui, mas agora eu tenho que ir ali comer um sushizinho bem baratinho.

.: Clara Averbuck :. 2:22 PM

Acesse os arquivos por aqui:

  • wanna find me?
  • miau?
  • me espalhe, sou uma peste
  • eu leio a bust