i gave my life to a simple chord

quarta-feira, janeiro 16, 2002

I gave my soul to a new religion

Resolvi levar a sério este negócio de ano novo. Sim, porque nunca levei muito a sério. Esse negócio de virada de ano é desculpa pra encher a cara e o saco, assim como todas as festas. O resto é secundário. Mas de qualquer forma, eu nunca entendi porque ninguém comemora, por exemplo, a virada do mês. Eu acho muito mais comemorável, afinal, você está mais perto do seu salário, ao contrário do fim de ano, que leva todo o seu dinheiro junto com as viagens e os presentes para sobrinhos. Se você não tiver um salário para receber, comemore a chance de ter seu currículo lido por algum fodão. Em último caso, comemore mais um mês de vida. Sei lá. O fim da semana também é algo comemorável, mas os fins de semana já são uma comemoração à parte, cheios de festas e bares e ressacas. E o fim do dia? O fim do dia tinha que ser comemorado com foguetes. Tem alguma coisa melhor do que sair do trabalho e ir pra casa? Difícil, néam? A não ser que você saia do trabalho e vá beber, ato também conhecido como Happy Hour. Hora feliz. Não precisa dizer mais nada.

Mas eu estava dizendo que resolvi levar a sério o ano novo e fiz coisas que estou jurando fazer há anos. A primeira delas é... você está sentado? Certo. Me matriculei numa academia aqui do lado de casa. Eu e a Cami vamos malhar e malhar e perder toda a banha acumulada pela vódega. Talvez isso me dê algum estímulo para beber menos. Não é legal beber tanto. Minha memória está se dissipando como um sonrisal na água e eu sou muito nova pra isso. Então é isso, vou perder quinze quilos para nunca mais ganhá-los.

A segunda coisa foi deixar um bilhetinho no apartamento dos moços aqui debaixo solicitando aulas de guitarra. Como eu disse, estou tocando mal demais e não dá. Vou tomar vergonha na cara e estudar bem direitinho. Por falar nisso, no fim de semana fui no show da Lustful, banda do meu amigo Bruno, e foi muito legal. E eu fiz minha estréia nos palcos (?) paulistanos, ignorando o fato de que não existia palco, e cantei Violet com eles. Acho que foi legal. Pensei ter ouvido palmas. É, acho que foi legal sim. Eu e o Bruno devíamos tomar vergonha nas nossas caras e fazer uma banda, mas a coisa parece que não anda. Vamos ver se as aulas de guitarra ajudam. Na boa, desse ano não passa. Eu vou ter uma banda legal. Fim.

A terceira vai ser trazer minhas coisas de Porto Alegre. Todos os meus livros, meus cds, meus quadros, minha guitarra e meu baixo, a Jazzie (a imagem de uma negra jazzista de longo com um microfone que representa a brazileira!preta que mora dentro de mim), meu sofá-cama, meu som, meu computador. Cara, tem muita coisa. Muita. Finalmente vou conseguir trazer o resto da minha vida pra cá. Vai ficar eternamente faltando a Mari, a Cherrie e a Desirée, mas tudo bem. Porque a quarta é me mandar do Brasil em algum momento. Minha garota me espera em semi-Londres. O mundo me espera, heh. Assim que der, eu vou. Espero que dê logo.

Agora vou parar de contar senão fica chato.

Este ano eu vou deixar meu cabelo crescer até o ombro e vou continuar loira. Não adianta reclamar. Um monte de gente reclama e fala que eu fico melhor de cabelo rosa, que a verdadeira Clarah tem cabelo rosa. Ora bolas, se a verdadeira Clarah depende de cor de cabelo, então fodeu, porque eu nunca fico muito tempo igual. A cor que mais durou mesmo foi rosa, mas já foi de todas as cores. Agora estou com vontade de ser loira e não adianta falar que ficou horroroso porque *eu* gosto.

Este ano, meu amigo, juro que vou começar a guardar dinheiro, coisa que nunca fiz. Preciso de reservas. Nunca mais quero passar fome. É, eu passei fome logo que mudei para São Paulo. Simplesmente não tinha o que comer. O que foi bom, porque fiquei bem magrinha. E o que foi uma merda, porque fiquei bem anemicazinha. Mas não pense você que eu vou usar para quando sofrer um acidente, não senhor: eu vou é gastar direito. Dinheiro é pra gastar, porra.

Com discos, por exemplo. Preciso de mais discos do Kinks. Preciso de mais discos dos Stooges. Preciso de mais discos dos Beatles e dos Ramones. Preciso de discos do New York Dolls, dos Dead Boys e de singles dos Strokes. Preciso de muitos discos. E livros. Preciso entupir minha casa de livros só pra não ter como levar pra Inglaterra depois. Preciso consumir coisas.

E preciso muiton gastar menos tempo. A música da virada foi Someday. E dizia "someday I ain't wasting no more time. E é isto que eu vou fazer, chega de perder tempo, chega de ficar na internet, chega, chega, chega. Vou fazer coisas, quero fazer coisas, preciso fazer coisas, muitas coisas. O mundo me espera de pernas abertas.

.: Clara Averbuck :. 8:33 PM

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