terça-feira, janeiro 22, 2002
Can't you see I'm trying? I don't even like it
Segundo dia de academia e dia do grande blecaute no país todo, do qual ainda não sei muita coisa porque minha única forma de contato com o mundo, o speedy, precisa de eletricidade e eu estou aqui usando a rebinha de bateria do notebuck pra escrever. Apesar da falta de ventiladores na sala de musculação transformar aquilo num verdadeiro inferno (a única coisa que faltava era ser quente), o blecaute trouxe uma grande vantagem: ausência total de música. Que alívio. Como hoje foi dia de fazer só musculação, eu não podia abstrair aquela gente fortinha lendo ou olhando para a tv ou para o teto ou para a parede ou para o pé. Hoje eu fui obrigada a encarar o meu corpão enorme e crumbiano no espelho e pensar "é por uma boa causa" 2.447 vezes enquanto contava as 3 séries de 20. Às vezes meu olhar desviava e acabava no rosto de algum fortinho e foi assim que descobri que A ÚLTIMA COISA QUE VOCÊ DEVE FAZER EM UMA ACADEMIA É OLHAR PARA A CARA DAS PESSOAS. Aliás, hoje me dei conta de várias coisas e resolvi dividir em itens para ajudar você, meu bom amigo que pretende encarar uma rotina de academia com o intuito de livrar-se de uma vez por todas da forma de pêra, a não sofrer tanto quanto a obesa que vos fala.
1. Jamais olhe diretamente para o rosto de um homem que esteja levantando pesos. Em algum momento ele vai fazer uma careta horrorosa, eventualmente acompanhada de um som que varia entre "ughhhmfff", "aghhhmfrrrggg" e "bfffmmmhhhrrr", o que, você há de concordar comigo, não é nada agradável.
2. Se você for de outro estado, evite usar expressões típicas ou falar alto. Mantenha o tom voz bem baixinho e só fale com o couch. Cuidado com o tom de voz baixinho que você usar, pois o couch pode achar que você está passando uma cantada sussurrante. Isto evitará gente muito chata que não tem absolutamente nada a dizer e usa o velho truque índio "você é de ______?" (preencha com sua terra natal), o que enche o saco da pessoa que está ali para perder banha, não para fazer amigos.
3. Se existir alguma maneira de esconder as suas tatuagens, esconda. Sempre vai ter alguém que vai achar "maneira as suas tatú" e vai querer saber onde foram feitas. Os pobres coitados como eu que são tão carimbados quanto passaporte de rockstar e não têm como esconder, sofrem. As respostas mais eficientes são "Eu que fiz. Com uma faca", "Quando morei com os índios eles me tatuaram com bambu, mas inflamou e eu quase morri. Saía pus, muito pus. Era nojento. Pus. Muito pus. Jorrava pus. Sabe pus?" ou simplesmente "Longe daqui. Muito longe. Nunca fiz tatuagem em São Paulo. *rrrr-cusp*". Acredite, funciona.
4. Carregue sempre consigo um livro e/ou fones de ouvido para o caso de alguém tentar puxar assunto. O livro permite que você responda com monossílabos ou grunhidos mal-humorados sem desviar os olhos da obra, o que vai fazer com que o tagarela sinta-se um idiota e cale-se, cheio de mágoa. Já o fone permite que você ignore totalmente qualquer ser que tente se aproximar e a não ser que ele comece a pular e abanar na sua frente, você poderá fingir que não viu nada. Use o recurso mesmo que seu walkman esteja sem pilhas. Aliás, use mesmo que você não tenha um walkman, porque além de tudo, ajuda a bloquear a música que vaza da aula de lambaeróbica condicionada universitária.
5. LEVE SEMPRE UMA TOALHA. O SUOR DOS OUTROS NESTA SITUAÇÃO É NOJENTO. NO-JEN-TO. UHGJHSS
Agora preciso dormir e me recuperar para suar e suar alegremente na esteira amanhã. Oh, como é bom ser uma garota saudável novamente! HA HA HA
.: Clara Averbuck :. 6:32 AM
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